Por Vasco Mendes de Almeida, Diretor de Business Development em Portugal, na Minsait

A combinação da utilização das plataformas low-code com a inteligência artificial (IA) generativa está a abrir novas fronteiras às empresas, permitindo-lhes desenvolver os seus sistemas em menos tempo, mantendo-as mais adaptáveis às necessidades dos utilizadores e melhorando a qualidade do código.
São várias as previsões e relatórios que têm vindo a demonstrar as potencialidades da IA generativa que, combinada com as plataformas low-code, pode impulsionar a transformação digital das empresas num âmbito completamente inovador. Dados da Gartner mostram que o mercado low-code tem apresentado um crescimento significativo nos últimos anos, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) projetada de 23%, até 2025. Um crescimento que é impulsionado pelo potencial de eficiência oferecido por estes sistemas: para quem está familiarizado com a utilização desta tecnologia, sabe que a aplicação de sistemas low-code tem a capacidade de originar uma redução de até 50% no tempo de desenvolvimento de software e nos custos de manutenção (time to market), com retornos sobre o investimento superiores a 500%.
Assim, imaginemos alguns cenários em que juntamos ambas as abordagens – low-code e inteligência artificial generativa – para elevar ainda mais a experiência de transformação digital das empresas. Posso afirmar que existem quatro grandes áreas onde a aplicação bem-sucedida destes dois elementos, e executados com a supervisão humana, venha a ter um impacto muito significativo.
Em primeiro lugar, na criação de ideias e prototipagem mais rápida, com a utilização da IA generativa para acelerar o processo de conceção inicial. A título de exemplo, olhando para uma empresa que está a desenvolver uma app móvel para a indústria do turismo, a utilização de IA generativa pode ajudar a criar propostas de design, ideias de funcionalidade e até código básico para os ecrãs iniciais. Desta forma, avançamos assim para um ponto de partida rápido e criativo para o projeto em questão.
Em segundo lugar, na automatização de tarefas repetitivas. O desenvolvimento de aplicações empresariais conta com muitos passos repetitivos, como a geração de código para administrar o interface de utilizador ou a gestão de dados. Com a aplicação de IA generativa, é possível que muitas destas tarefas possam ser automatizadas, permitindo que os developers se possam concentrar nas tarefas mais complexas e criativas. Além de aumentar consideravelmente a produtividade dos programadores, também contribui certamente para o seu bem-estar e índice de felicidade no trabalho.
Em terceiro lugar, a IA generativa pode ser utilizada para melhorar e rever a qualidade do código que é gerado pela tecnologia low-code. É algo que pode ajudar a garantir que o código seja eficiente, seguro e em conformidade com as normas de desenvolvimento, podendo ainda identificar e corrigir potenciais vulnerabilidades ou erros.
Por fim, mas não menos relevante, na adaptação contínua e aprendizagem automática. Isto permite que as aplicações se adaptem de forma constante às necessidades dos utilizadores. A IA generativa pode analisar os dados de utilização da aplicação e sugerir alterações ou melhorias em tempo real, tornando a aplicação mais reativa e adaptada às necessidades do utilizador.
Como disse, estes são apenas alguns exemplos de como a combinação de estes dois elementos pode efetivamente impulsionar a produtividade das empresas no que toca ao desenvolvimento de soluções aplicada ao negócio, sendo esta utilização efetivamente transversal a vários setores da nossa sociedade.
Imaginemos algo como o domínio jurídico ou de contabilidade, onde uma aplicação com pouco código pode ser utilizada para recolher dados e interagir com os utilizadores. Posteriormente, um modelo de IA generativa pode ser utilizado para gerar automaticamente documentos, contratos ou relatórios com base nesses dados.
A automatização do serviço de apoio ao cliente é também uma das áreas na qual prevejo enormes potencialidades na combinação ‘mágica’ destes dois elementos. Imaginemos, por exemplo, uma aplicação criada com tecnologia low-code que possa ajudar a tratar dos pedidos recebidos pelos clientes, enquanto um assistente virtual baseado em IA generativa pode responder automaticamente a perguntas comuns e até realizar conversas mais complexas com os utilizadores.
Indo um pouco mais longe nesta combinação, juntar low-code e IA generativa no desenvolvimento de sistemas de recomendação, pode ser bastante útil na recolha de dados sobre os utilizadores e as suas interações com uma aplicação ou website desenvolvido com low-code e utilizando modelos de IA generativa para analisar estes dados e gerar recomendações personalizadas para os utilizadores.
Estes são apenas alguns exemplos das possibilidades oferecidas pela combinação da criatividade da IA generativa com a eficiência da programação com as plataformas low-code, que será a chave para acelerar a inovação e criar soluções de software cada vez mais avançadas. Trata-se de uma fusão que pode representar um marco transformador para as organizações, abrindo portas para uma revolução na forma como desenvolvem e mantêm as suas aplicações empresariais.
Diria mesmo que é inegável que as empresas que abraçam essa ‘combinação mágica’ estarão na vanguarda da inovação, preparadas para enfrentar os desafios digitais em constante evolução e proporcionar experiências excecionais aos seus clientes e utilizadores. É uma convergência que redefine o futuro do desenvolvimento de software e, consequentemente, o potencial de crescimento e sucesso das organizações num mundo cada vez mais digital.