Chips em telemóvel Huawei alertam EUA

A descoberta de chips 5G de 7 nanómetros (nm) no mais recente telemóvel da Huawei deu origem a uma investigação por parte do Departamento do Comércio dos EUA sobre a forma como o país conseguiu adquirir a tecnologia, tendo em conta a proibição de exportações.

Por Charlotte Trueman

O governo dos EUA abriu uma investigação sobre os chips chineses utilizados no mais recente smartphone 5G da Huawei, o que levantou questões sobre a eficácia das recentes ordens executivas do Presidente Joe Biden, que deveriam ter reforçado o controlo das exportações deste tipo de tecnologia.

O Huawei Mate Pro 60 contém chips Kirin 9000 – chips de 7 nm que foram fabricados na China pela Semiconductor Manufacturing International Corp (SMIC), parcialmente estatal, de acordo com uma análise publicada pela TechInsights, uma organização de pesquisa e análise de semicondutores.

Os EUA têm procurado restringir a disponibilidade de chips de 7 nm na China, impondo restrições à exportação, mas a inclusão do chip no telemóvel sugere que os esforços de fabrico de chips domésticos da China podem estar mais avançados do que se pensava.

“A existência de SMIC 7nm representa um marco na conceção e fabrico na China”, escreveu a Tech Insights num blogue.

A SMIC foi impedida, pelos EUA, de obter as máquinas necessárias para a produção de chips de 7 nm, no final de 2020 e, até à data, o chip mais avançado que a SMIC tinha fabricado era um semicondutor de 14 nm de maior escala.

O Departamento de Comércio ainda não respondeu a um pedido de comentário, mas a Bloomberg informou que foi aberta uma investigação tendo em conta as informações obtidas.

A Tech Insights também apurou que a memória LPDDR5, do fabricante sul-coreano SK hynix, foi utilizada no Mate Pro 60, apesar de a empresa insistir que não vendeu nenhum dos seus produtos ao fabricante de telemóveis desde que as sanções dos EUA foram impostas pela primeira vez em 2020, segundo a Bloomberg.

“A SK hynix já não faz negócios com a Huawei desde a introdução das restrições dos EUA contra a empresa e, em relação a este assunto, iniciámos uma investigação para descobrir mais detalhes”, disse a empresa em declarações à Bloomberg.

A Huawei e a ZTE, ambas sediadas na China, foram proibidas de fornecer equipamento ao governo dos EUA na Lei de Autorização de Defesa de 2018, e uma proibição geral de importação seguiu-se pouco depois. Em março de 2020, o presidente Donald Trump assinou uma lei para impedir que as operadoras de telecomunicações rurais dos EUA usassem equipamentos de rede da Huawei, tendo o Departamento de Comércio reforçado ainda mais os controles de exportação da empresa chinesa em maio do mesmo ano.

Os chips de 7 nm mais avançados são fabricados através de um processo designado por litografia ultravioleta extrema (EUV), um método de produção dispendioso. A Micron Technologies, por exemplo, investiu 500 mil milhões de ienes (3,6 mil milhões de dólares) para trazer esta tecnologia para o Japão. A Micron planeia utilizar máquinas equipadas com esta tecnologia para fabricar a próxima geração de memória dinâmica de acesso aleatório (DRAM), também conhecida como chips 1-gama, na sua fábrica de Hiroshima.

As pastilhas DRAM são amplamente utilizadas na eletrónica digital, onde é necessária uma memória de baixo custo e de elevada capacidade.




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