A Transição Digital na Saúde em Portugal: uma perspetiva otimista

Os cuidados de saúde estão a digitalizar-se rapidamente. A pandemia implacável mostrou o caminho para a gestão e a necessidade de aplicar a tecnologia para melhorar os cuidados, a prevenção e a cura. Desafios como a mudança cultural, a desumanização e a cibersegurança devem ser abordados e o doente deve permanecer no centro.

Por João Miguel Mesquita

Como disse Sandra Cavaca, Presidente do Conselho de Administração dos SPMS, no último encontro sobre “Transição Digital na Saúde”, promovida pelo Ministério da Saúde com o apoio da SPMS”, em abril: “Importa refletir sobre o atual momento de transição digital no sistema de saúde em Portugal e os avanços que estamos a testemunhar”.

É um facto que a transição digital no setor da saúde não é uma novidade que surgiu apenas durante a pandemia. A primeira teleconsulta em Portugal ocorreu no final dos anos 90, no século passado. Mas sem dúvida que a pandemia acelerou significativamente a transição digital, apresentando desafios que foram superados com o uso da tecnologia.

Foi notória a capacidade de colocar de imediato, online, um conjunto de serviços ao utente no decorrer da pandemia, mostrando a capacidade dos serviços públicos em agir rapidamente e sem custos inflacionados. Mas esta rápida resposta mostrou também que um conjunto de projetos que estavam a ser trabalhados e testados para serem implementados permitiu que se colocasse de imediato os mesmos ao serviço do cidadão. Mostrando assim, que como quase em todos os projetos de transição digital, a pandemia veio acelerar a agenda e os planos das organizações não tendo apanhado as mesmas desprevenidas. Antes da pandemia, as organizações, os fabricantes e distribuidores de soluções TI, estavam preparados para com a racionalidade, e o tempo de que cada organização entendesse necessário, serem introduzidas melhorias tecnológicas nos serviços ao cliente, e simultaneamente ao serviço da gestão de dados, e serviços complementares que permitissem às organizações uma melhor gestão de recursos e capacidade de respostas mais céleres e habilitadas. Era preciso que a sociedade se adapta-se as mudanças e esse era o tempo que dependente do público-alvo determinava quando seria adequado executar os projetos. Mas a pandemia veio alterar os planos e em dois anos tudo mudou, e todos sabemos como aconteceu, foi mesmo sem nos termos apercebido.

A capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), às necessidades provocadas pelos confinamentos, foram um exemplo da capacidade de desenvolvimento e implementação tecnológica da administração pública. Durante esse período o SNS registou um número de solicitações sem precedentes não tendo deixado ninguém sem resposta. Emitindo declarações de isolamento profilático, prescrição de testes e atendimento automatizado por chatbots. Simultaneamente, outras plataformas, como a de Certificados de Vacinação, foram desenvolvidas, tornando mais fácil o agendamento da vacinação contra a COVID-19, a todos os cidadãos, que passaram a poder fazê-lo de modo autónomo.

Digitalização, a cura que vai tornar o setor da saúde eficiente e acessível

Os cuidados de saúde estão a digitalizar-se rapidamente. A pandemia implacável mostrou o caminho para a gestão e a necessidade de aplicar a tecnologia para melhorar os cuidados, a prevenção e a cura. Desafios como a mudança cultural, a desumanização e a cibersegurança devem ser abordados e o doente deve permanecer no centro.

Bastou uma pandemia brutal para acelerar a digitalização da sociedade em geral, e do sistema de saúde em particular, de uma forma que nunca poderia ter sido imaginada, mesmo há três anos. Apesar dos progressos alcançados no período pandémico, há ainda muito a fazer e, sobretudo, a fazer bem e a garantir que a digitalização dos cuidados de saúde, tanto na gestão como nos cuidados, no diagnóstico, no tratamento e na cura, são passos em frente e não prejudicam a qualidade, a segurança e o necessário contacto humano que qualquer processo relacionado com a saúde exige.

Objetivos da União Europeia e de todos nós

A União Europeia (UE) está a promover estes avanços na digitalização dos cuidados de saúde dos cidadãos através do seu Roteiro para uma Década Digital até 2030, que estabelece objetivos como, por exemplo, que 100% dos cidadãos da UE tenham acesso aos seus registos de saúde eletrónicos até 2030. O projeto europeu visa digitalizar os serviços de saúde pública em todos os países membros, com dois objetivos principais: proporcionar um acesso 100% em linha aos serviços públicos para que “os cidadãos possam interagir e aceder aos mesmos num ambiente fiável e seguro para todos”. O objetivo é beneficiar os grupos mais desfavorecidos (pessoas com deficiência, em zonas rurais e remotas), através da “prestação de serviços e ferramentas inclusivas, eficientes, interoperáveis e personalizadas”.

De acordo com a UE, a transição digital da saúde será também fundamental para processos complexos, como operações, rastreios, check-ups e controlos regulares dos cidadãos. Além disso, a incorporação de novas tecnologias conduzirá a enormes poupanças nos custos diários e poderá gerar, de acordo com os cálculos de Bruxelas, 120 mil milhões de euros de benefícios por ano até 2030.

A estratégia de transição digital do Ministério da Saúde coincide com estes objetivos, visa implementá-los de forma harmoniosa e coordenada e pretende que as tecnologias digitais avançadas, como o big data, a inteligência artificial (IA) ou a Internet das Coisas (IoT), transformem o sistema, a atividade diária dos profissionais de saúde e a sua relação com os doentes, antecipem os riscos, aumentem a precisão dos tratamentos médicos e o desenvolvimento da investigação, sem esquecer a gestão global do sistema e dos seus recursos. Por outras palavras, o que a Organização Mundial de Saúde (OMS) entende por saúde digital: “o domínio do conhecimento e da prática relacionada com o desenvolvimento e a utilização de tecnologias digitais para melhorar a saúde”.

O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) o antibiótico certo

Do PRR para a Transição Digital da Saúde são 300M€, que estão enquadrados em quatro pilares:

Pilar 1 – Infraestruturas – Reforma e Modernização da Rede de Dados da Saúde

Pilar 2 – Cidadão – Reforma dos Sistemas de Informação disponibilizados ao Cidadão

Pilar 3 – Profissionais – Reforma dos Sistemas de Informação disponibilizados aos Profissionais de Saúde

Pilar 4 – Dados – Reforma do Sistemas de Informação dos Registos Nacionais, Interoperabilidade e Circuito Digital do Medicamento, Dispositivos Médicos e Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica

Embora a tecnologia não seja a solução para todos os desafios enfrentados pelo Serviço Nacional de Saúde, para Sandra Cavaca, Presidente do SPMS, “é inegável que desempenha um papel fundamental na agilização dos processos, eliminação de barreiras burocráticas, melhoria do acesso aos serviços de saúde por meio da telemedicina e telemonitorização, e redução das desigualdades regionais.”

Estão programadas cerca de 120 iniciativas nas áreas de infraestruturas, cidadãos, profissionais e dados, e algumas já estão em marcha e a mostrar resultados. Como por exemplo a implementação do sistema de informação único integrado nos cuidados de saúde primários, abrangendo mais de 40% dos utentes. Esta medida beneficia diretamente os cidadãos, facilitando o agendamento de consultas e rastreios nos centros de saúde, mas cumpre também o objetivo de melhorar as condições de trabalho dos profissionais de saúde.

“Adicionalmente, estão a ser feitos investimentos significativos na renovação dos postos de trabalho nos cuidados de saúde primários, na modernização dos sistemas clínicos e administrativos nos hospitais, e no desenvolvimento de sistemas de informação para compras, finanças, recursos humanos e gestão do transporte de doentes.” Afirmou Sandra Cavaca, Presidente dos SPMS, em abril.

Os SPMS estão também a trabalhar na concentração de infraestruturas de redes e dados para criar um Data Lake da saúde. A ideia é permitir o uso primário e secundário de dados de saúde, impulsionando a pesquisa científica e clínica. Além disso, está a ser implementada uma especificação técnica de interoperabilidade, visando a harmonização dos sistemas de informação de saúde e promovendo um registo de saúde eletrónico.

Há ainda a telessaúde e a telemedicina que se têm desenvolvido rapidamente, permitindo a desmaterialização do ciclo de prescrição de medicamentos e exames médicos, com o compartilhamento de resultados entre médicos e utentes. Segundo Sandra Cavaca, “já foi ultrapassada a marca de 30 a 38 milhões de resultados de exames partilhados em menos de um ano.”

Hoje através da aplicação do SNS e do seu portal, os utentes podem agendar consultas, solicitar de medicação regular e consultar a sua agenda de saúde individual.

Olhando para os objetivos, e para a forma como os SPMS estão a trabalhar, e a encarar a missão da Transição Digital na Saúde, não existem razões para não estarmos otimistas no que respeita ao cumprimento de Portugal do Roteiro da União Europeia para uma Década Digital até 2030.

Decunify: potencializar a aproximação do ato médico ao cidadão

Com a revolução digital dos últimos anos, na área da saúde, temos vindo a assistir a um comportamento cada vez mais centrado no doente, onde conceitos como desmaterialização, automatização ou transformação digital estão na ordem do dia.

Este processo de transformação digital tem como principais objetivos potencializar a aproximação do ato médico ao cidadão, a desburocratização, a redução de recursos e uma maior segurança para todos os intervenientes.

São vários os exemplos que temos neste sentido, sendo que a Decunify destaca duas soluções que apostam na modernização das infraestruturas de suporte e otimizam a gestão dos seus processos:

Desmaterialização de Processos em Contexto Hospitalar

Implementação de um modelo de farmácias de proximidade que visa tornar mais acessíveis os medicamentos dispensados exclusivamente em âmbito de farmácia hospitalar e na terapêutica de doenças crónicas. Deste modo, consegue-se a dispensa controlada e segura de medicamentos, na farmácia mais próxima do utente, tendo por base princípios como:

•            Melhorar a acessibilidade ao medicamento com rastreabilidade, transparência e responsabilização de todos os intervenientes;

•            Aumentar a adesão à terapêutica e criar melhores condições ao plano terapêutico;

•            Melhorar a gestão integrada da cedência de medicamentos aos doentes em regime de ambulatório;

•            Responder a uma necessidade social;

•            Potenciar a execução dos objetivos das instituições.

Esta solução permitirá tornar esta funcionalidade numa ferramenta de uso diário, em contexto hospitalar, e traduzir-se-á em tempos mais rápidos de resposta e numa gestão mais eficiente, com intuito de promover o acolhimento e integração do utente, de forma ágil, simples e eficiente.

Automatização do atendimento ao utente

É uma solução com recurso a tecnologia IP e de VoiceBot, que permite disponibilizar um serviço de atendimento mais permanente e garantir a mesma qualidade de atendimento ao utente.

O VoiceBot utiliza tecnologias de Machine Learning e processamento de Linguagem Natural, que faz com que o assistente virtual tenha a capacidade de entender diferentes linguagens em tempo real, interpretar significados, ter conversas personalizadas e, desta forma, automatizar o atendimento telefónico. Assim, será possível efetuar uma eficaz filtragem e triagem de chamadas, sendo muitas delas encaminhadas para o respetivo serviço ou resolvidas, sem necessidade de intervenção humana.

Para um melhor atendimento, o sistema de inteligência artificial permite ainda, aos utentes, entrar em contacto com os serviços através de uma mensagem que é tratada pelo assistente virtual e ao deixar a sua mensagem será posteriormente contactado por um colaborador do estabelecimento de saúde.

Com esta solução, é possível disponibilizar um atendimento permanente, de 24 horas por dia, 7 dias por semana e evitar filas de espera e perda de chamadas, já que a tecnologia é capaz de atender um número ilimitado de chamadas simultaneamente. Consegue-se, então, economizar custos, otimizar o número de colaboradores necessários para operar a linha telefónica, gerir o tempo das equipas com mais eficiência, assim como, garantir sempre a mesma qualidade de atendimento ao utente.

Esta solução procura oferecer, aos utentes, um serviço totalmente personalizado, com rapidez e eficiência, procurando melhorar a satisfação e a confiança dos mesmos.

Na Decunify, implementamos tecnologia onde procuramos transformar o conhecimento em soluções de valor para as organizações. Dezenas de instituições de saúde nacionais utilizam hoje, as nossas soluções, que respondem na íntegra às exigências e desafios deste setor.

A Transição Digital nos Privados

O setor da saúde tornou-se altamente competitivo em todo o mundo nos últimos anos, e Portugal não é exceção. Os grupos privados têm a tecnologia como parceiro praticamente desde a sua génese com o objetivo de fornecer melhores serviços ao cliente e imprimir uma qualidade superior no atendimento, nos cuidados de saúde, no diagnóstico e no tratamento. Olhar a saúde como um negócio deixou de ser há muito um preconceito que estava presente na cultura portuguesa. Os portugueses perceberam rapidamente as vantagens de recorrer a um hospital privado.

Num ritmo mais intenso por razões culturais e económicas as administrações dos hospitais privados investem com maior foco nas soluções tecnológicas desenhadas para o setor da saúde, sendo mesmo em alguns casos impulsionadores de investigação em soluções que mais tarde adotam nas suas unidades, tanto no que respeita a Software como Hardware.  

No entanto tal como em outros setores também os serviços privados de saúde tiveram uma aceleração no desenvolvimento tecnológico provocado pela pandemia, e empreenderam nos três últimos anos grandes mudanças digitais.

No Grupo Lusíadas Saúde, por exemplo: “Impactada, mas não orientada pela Covid 19, a Lusíadas Saúde apostou numa transformação muito focada nos utilizadores. Com o objetivo de estarmos onde quem nos procura está, fomos fazendo uma autêntica cocriação com os nossos clientes de modo a entendermos melhor onde poderíamos ter mais impacto.

Sem dúvida que os pilares em desenvolvimento foram processos e pessoas e mudámos a noção de ecossistema e como este deve viver de conexões entre as diversas tecnologias e produtos. Fomos disruptivos no modo como vemos a introdução de inovação, abrimos portas a startups com muito valor que têm na sua essência um drive muito forte: o “compromisso” de quererem melhorar a vida e a saúde das Pessoas.” Disse-nos Sofia Couto da Rocha, Chief Transformation Officer no Lusíadas Saúde.

Segundo a executiva, as soluções escolhidas pelo Lusíadas Saúde para obter os resultados que pretendiam e como definiram prioridades, foram inúmeras, destacando apenas três iniciativas que trabalharam um tema core para o grupo: o acesso. “Temos o compromisso de estar próximos e acessíveis a quem nos procura.”

Assim, enumerou, Sofia Couto da Rocha:

A +Lusíadas, a nossa solução omnicanal que pretende ser um ponto de facilidade de contacto e um repositório de saúde dos nossos clientes, tem expandido com cada vez mais funcionalidades como questionários validados para avaliação da própria saúde, imagens passiveis de serem partilhadas de forma segura e gestão de todo o agregado familiar, são somente alguns exemplos.

A Lusi, a assistente digital, que mimetiza o comportamento humano, permitindo gerir o agendamento das consultas e exames, além de responder a questões úteis. É um best-of-breed na área e contará com mais desafios no futuro. A Lusi foi inclusivamente distinguida com o Prémio Inovação em Saúde nos Prémios Europeus de Hospitais Privados.

A Linha de Saúde Lusíadas, não pela tecnologia visto que algoritmos neste tema não é algo novo, mas pela capacidade de servir de agregador de várias soluções, dando a possibilidade de chegarmos a uma articulação completa com as equipas clínicas em projetos de follow up ambulatório usando IOT.

Sofia Couto da Rocha identificou os desafios estratégicos que o Grupo Lusíadas enfrenta, sendo que para a executiva, “um dos mais difíceis é o de replicar em saúde as tecnologias ou projetos de ponta, isto porque é um setor onde a segurança e a validação têm de estar presentes de forma primordial. Este facto implica uma atenção redobrada a toda a estratégia e projetos.”

Concretamente, a gestão dos dados é um desafio constante já que com o IOT, com a IA e com o mobile há uma muito maior partilha de dados e uma vontade cada vez maior de ter acesso à sua saúde em qualquer lugar e a qualquer momento.

Não nos esqueçamos que somente menos de 1% dos dados de saúde estão nas instituições de saúde, a restante informação circula em devices “não de saúde” que muito nos serviriam se tivéssemos acesso de forma agregada.

Sem dúvida que esta nova visão dos dados que se espera alterar e amplificar é um dos temas mais abordados, com aplicações de novas peças de arquitetura de sistemas, por exemplo, e que virá a registar elevadas mudanças estratégicas no futuro.

Nesta conversa era inevitável não perguntarmos se a Inteligência artificial é um tema em debate ou já em uso dentro da sua equipa?

Já em uso, mas continua a gerar debate, como qualquer novo instrumento que promete grandes mudanças ao sistema. Temos IA implementada em vários passos do patient journey e com graus de complexidade distintas. Desde suporte à robótica, como interface (em conjunto com NLP) para interação direta de voz com o doente, ferramentas de apoio à decisão clínica, suporte à linha de saúde entre outros. Temos ainda pilotos a decorrerem e a serem avaliados que juntam rastreios e acompanhamento de diversas áreas clínicas. Sem dúvida que a IA veio para ficar, inclusivamente nas áreas core da saúde. O maior desafio à nossa geração será usá-la com racionalidade e não aplicar “só porque sim”. Tal como aconteceu com outras tecnologias no passado, há que conhecer o percurso normal de implementação, como Gartner nos mostrou há muitos anos: há um momento de expectativas enfatizadas e somente depois podemos aspirar ao ponto de verdadeiro benefício tecnológico. Do qual ainda estamos longe, diria.

No que concerne a análise preditiva de dados e ao impacto nos resultados do Grupo Lusíadas Saúde, a executiva afirmou que colhem diversos dados de verticais: tanto clínicos como de gestão. “Encontramos muitas vezes significado e impacto quando aparecem os horizontais que os cruzam e nos conseguem antecipar decisões e ações. Usamos vários analíticos para nos ajudar a gerir tática e estrategicamente. Se podem expandir locais onde os aplicamos? Seguramente. Há toda uma panóplia de modelos preditivos que com certeza vão ser parte da maior transformação da história. Quando conseguirmos ter verdadeiramente smart cities, nas quais a ciência da decisão suplanta a ciência dos dados, onde podemos gerir saúde e não doença a cada cidadão no momento e local necessários, caminharemos para a tangencial da otimização máxima do uso dos dados. Até lá, vamos construindo presente para gerar este futuro.”

LAN ótica passiva de alto desempenho: a pedra angular da transformação digital nos hospitais

Os hospitais têm de se tornar mais digitais, eficientes e sustentáveis. A necessidade de elevada largura de banda e baixa latência para aplicações de imagiologia, videoconferência ou monitorização remota é assegurada pela fibra ótica.

Por Simone Pretti, diretor da Indústria de Cuidados de Saúde, Departamento de Negócios Empresariais da Europa, Huawei

A PET-CT (tomografia por emissão de positrões – tomografia computorizada) refere-se às tecnologias mais avançadas e eficazes atualmente disponíveis para diagnosticar doenças. Fornece aos especialistas uma imagem completa do doente, com imagens pormenorizadas do esqueleto ou dos tecidos, bem como de muitos outros processos metabólicos do corpo.

No diagnóstico, cerca de 85% dos dados provêm atualmente da imagiologia. A imagiologia é amplamente utilizada para o exame físico, o rastreio de doenças, o diagnóstico e a diferenciação, a avaliação dos efeitos curativos e o prognóstico. No entanto, há que ultrapassar vários obstáculos:

1. Grandes volumes de dados de imagem causam atrasos na rede e prejudicam a experiência do utilizador

A utilização de tecnologias avançadas de imagiologia continua a aumentar rapidamente. Por exemplo, uma imagem de radiografia digital ocupa cerca de 50 megabytes, enquanto um conjunto de imagens PET-CT pode ocupar cerca de 2,5 gigabytes de armazenamento. Em breve haverá imagens 3D e vídeos 8K com enormes quantidades de dados, o que exigirá ainda mais armazenamento. Embora este nível de pormenor conduza a resultados médicos de maior qualidade, é à custa da experiência do utilizador, uma vez que as imagens demoram até cinco minutos a aparecer no ecrã.

2. As imagens 2D abstratas colocam grandes exigências ao médico

As imagens 2D podem ser muito abstratas, exigindo um olhar atento e experiente para as avaliar e fazer um diagnóstico correto. É também mais difícil analisar planos cirúrgicos quando não estão disponíveis informações exatas sobre o estado do doente em todos os departamentos. Para além disso, as imagens 2D também dificultam a comunicação entre o médico e o doente, tornando difícil para os doentes compreenderem totalmente a sua condição e a forma como será tratada. Por outro lado, cada vez mais serviços médicos estão a ser oferecidos online. Com as consultas em linha, o sistema de imagiologia tradicional não consegue fornecer imagens rápidas e precisas, o que afeta a qualidade dos cuidados de saúde. No entanto, imagens 3D mais completas e exatas geram uma quantidade ainda maior de dados.

3. Má comunicação e interação entre o pessoal

Por exemplo, o departamento de ortopedia tem de estudar cuidadosamente muitas imagens médicas para planear um procedimento médico. Desde a troca de radiografias impressas e tomografias computorizadas até ao visionamento conjunto do mesmo ecrã, a apresentação de informações sobre imagens é limitada, o que prejudica a qualidade da comunicação e das interações entre as partes interessadas.

A solução: LAN ótica passiva: maior eficiência e sustentabilidade

O que é que estes desafios significam para os hospitais e para o pessoal? Os médicos precisam de uma forma eficiente, fácil de utilizar, segura e fiável de aceder, partilhar e armazenar dados médicos. Para isso, é necessária uma rede hospitalar de alto desempenho e alta velocidade: é aqui que a fibra ótica oferece as condições ideais em termos de largura de banda e latência.

A conetividade totalmente ótica reduz a latência, os custos e o consumo de energia

A Huawei desenvolveu a All-Optical Smart Hospital Solution especificamente para conetividade hospitalar de alto desempenho. Esta solução leva a fibra ótica aos blocos operatórios, quartos de doentes e salas de exames. A base é uma arquitetura LAN ótica passiva (POL) simplificada: em vez de três, existem apenas duas camadas de rede; os comutadores de agregação são substituídos por um repartidor ótico que encaminha os sinais através da fibra ótica para o ponto final. Esta arquitetura ponto-a-multiponto simplifica a implantação da rede e é adequada para hospitais com uma elevada densidade de pontos de acesso (AP). Os PC dos escritórios do hospital, os monitores de vídeo, o backhaul sem fios, a voz e os sistemas de troca de informações são todos servidos pela mesma fibra.

Graças à tecnologia Passive Optical LAN (POL), a solução All-Optical Smart Hospital tem várias vantagens: são necessários menos dispositivos, o que reduz os custos de aquisição e manutenção e o espaço na sala de TI. O consumo total de energia da rede é reduzido. A latência também diminui enquanto a largura de banda aumenta, garantindo uma rápida transmissão de dados. A fibra também põe fim às limitações de alcance da cablagem de cobre, uma vez que a cobertura da LAN ótica passiva (POL) pode atingir até 40 quilómetros.

Ligação em rede de alta velocidade para serviços e imagiologia médica mais eficientes

A robusta LAN ótica passiva (POL) permite atualizações contínuas da largura de banda sem necessidade de substituir a cablagem. As redes convencionais raramente atingem um gigabit por segundo, ao passo que, com a solução da Huawei, é possível atingir 50 Gbit/s. De facto, a Huawei introduziu recentemente os primeiros dispositivos 50G, que são compatíveis com a futura norma Wi-Fi 7, o que também garante a ligação de futuros sistemas médicos com elevadas larguras de banda. O carregamento de um diagrama de cluster PET-CT de 2,5 GB, por exemplo, demora agora apenas 2,5 segundos. Para além da LAN ótica passiva, a solução abrangente “All-Optical Medical Imaging” da Huawei oferece soluções rápidas de armazenamento all-flash, dispositivos Wi-Fi 6 e um ecrã tátil para colaboração inteligente com software para imagens 3D em resolução 4K.

Isto significa que uma rede rápida, eficiente, segura, fiável e, acima de tudo, preparada para o futuro pode ser estabelecida para todo o campus do hospital a partir de uma única fonte, facilitando o trabalho do pessoal do hospital e beneficiando os pacientes. A tecnologia LAN ótica passiva aumenta a eficiência dos serviços médicos, do diagnóstico de doenças e da comunicação médico-paciente, tornando os hospitais mais inteligentes, mais sustentáveis e preparados para os desafios futuros e para os crescentes volumes de dados.




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