O “Projetos Importantes de Interesse Comum Europeu” (IPCEI) financiará 68 projetos de 56 empresas, nenhuma destas é portuguesa.

Por João MIguel Mesquita com Francisca Domínguez Zubicoa
Enquanto a Comissão Europeia aguarda a conclusão da sua lei europeia sobre os chips, o organismo anunciou a aprovação de 8,1 mil milhões de euros para financiar um total de 68 projetos de investigação e desenvolvimento de semicondutores em 14 Estados-Membros.
O “Projetos Importantes de Interesse Comum Europeu” (IPCEI), concederá financiamento público a um total de 56 empresas na Áustria, República Checa, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Malta, Países Baixos, Polónia, Roménia, Eslováquia, Espanha e República Checa. Prevê-se que esta injeção de capital venha a mobilizar mais 13,7 mil milhões de euros de investimento privado.
Para Margrethe Vestager, Vice-Presidente Executiva e Comissária Europeia para a Concorrência da Comissão Europeia, “a microeletrónica e as tecnologias da comunicação são a espinha dorsal de qualquer dispositivo eletrónico moderno, desde os telemóveis aos equipamentos médicos. Este IPCEI é o maior alguma vez aprovado e o segundo sobre microeletrónica. A inovação é essencial para ajudar a economia europeia a tornar-se mais ecológica e mais resistente. Mas a inovação pode implicar riscos que o mercado, por si só, não está preparado para assumir. É por esta razão que devem ser concedidos auxílios estatais para colmatar esta lacuna”.
Entretanto, o Comissário responsável pelo Mercado Interno, Thierry Breton, afirmou: “Esta iniciativa é mais uma demonstração de que a Lei das pastilhas da UE já está a desencadear investimentos públicos e privados significativos em toda a cadeia de valor dos semicondutores europeus: dos materiais à conceção, do equipamento à embalagem avançada. Ao investir nas nossas empresas inovadoras, estamos a investir na liderança tecnológica e industrial da Europa no domínio dos semicondutores, bem como na nossa segurança de abastecimento e na nossa segurança económica”.
Inovação e sustentabilidade, as chaves do IPCEI
O IPCEI tem como objetivo promover projetos de investigação e desenvolvimento centrados na microeletrónica e nas tecnologias da comunicação ao longo de toda a cadeia de valor, desde os materiais até à conceção e fabrico. Nesta linha, pretende-se não só criar soluções inovadoras, mas também sistemas e métodos de fabrico eficientes em termos energéticos e de custos.
São 68 projetos altamente ambiciosos que 56 empresas europeias irão desenvolver em torno de tecnologias que vão além do que o mercado oferece atualmente. Entre estas empresas não se encontra nenhuma portuguesa, ao contrário da vizinha Espanha que conta com pelo menos quatro empresas, a Innova IRV Microelectronics, KDPOF, Openchip e a Semidynamics Technology Services. Esta iniciativa conta ainda com a participação de mais 30 associados do mercado espanhol (incluindo a Vodafone, a DAS Photonics, a Derivados del Flúor, a iPronics, a VLC-Photonics e a Wooptix) e mais de 600 parceiros indiretos, que são empresas colaboradoras das diretamente envolvidas.
A Comissão especificou que os primeiros produtos derivados deste investimento deverão chegar ao mercado entre 2025 e 2032, o que deverá criar 8 700 postos de trabalho diretos. Se alguns destes projetos se revelarem muito bem sucedidos e gerarem receitas líquidas adicionais, as empresas responsáveis terão de devolver parte do auxílio ao país a que pertencem. Além disso, os resultados da investigação e do desenvolvimento deverão ser partilhados com a comunidade científica e industrial europeia, com o objetivo de gerar um efeito de arrastamento positivo em toda a região.