Após a aquisição, a Broadcom planeia investir ainda mais na VMware. O objetivo é ajudar as empresas a implementar clouds privadas e expandir o ecossistema VMware.

Por Michael Cooney
O CEO da Broadcom, Hock Tan, anunciou que a sua empresa irá gastar 2 mil milhões de dólares por ano para acelerar a investigação e o desenvolvimento de produtos e serviços VMware. “Como parte da nossa estratégia multi-cloud, vamos investir na expansão da pilha de software da VMware para executar e gerir cargas de trabalho em clouds privadas e públicas”, afirmou Tan. O objetivo, segundo Tan, é que qualquer organização possa executar cargas de trabalho de aplicações de forma fácil, segura e sem problemas no local ou em qualquer plataforma de cloud.
Transição suave entre clouds privada e pública
Se as empresas podem executar o VMware no local como uma cloud privada, elas devem ser capazes de mover as mesmas cargas de trabalho de aplicações para a cloud pública sem ter que desenvolver novamente a aplicação ou preocupar-se em ficar preso ao fornecedor de cloud pública escolhido.
Com a combinação certa de computação, armazenamento e tecnologia de virtualização de rede, as empresas podem construir os seus próprios centros de dados definidos por software de próxima geração nas suas instalações ou em clouds privadas, em vez de dependerem em grande medida ou exclusivamente de um ambiente de cloud misto, explicou o diretor da Broadcom.
“A virtualização de todas estas capacidades dá às empresas a capacidade de gerir mais facilmente partes do centro de dados em ambientes de cloud privada e local, à semelhança da produtividade, eficiência, facilidade de utilização, resiliência e elasticidade de que as empresas usufruem com as clouds públicas”, afirmou Tan. A Broadcom fará investimentos adicionais para que essa tecnologia funcione de forma integrada e seja muito mais fácil de usar, disse ele. Também planeia fornecer recursos para ajudar mais clientes a adotar e utilizar esta excelente tecnologia, acrescentou.
Expandir o panorama dos parceiros
O CEO da Broadcom disse que parte do investimento adicional também irá para a expansão dos recursos e do ecossistema de serviços profissionais da VMware: “A VMware precisa de mais parceiros para crescer e ajudaremos a empresa a ter sucesso”.
“Como parte da Broadcom, a VMware terá mais recursos e escalabilidade para apoiar o número de clientes que demandam sua tecnologia e serviços”, acrescentou Tan. Também será capaz de ajudar os clientes com a implantação mais do que era capaz como uma empresa independente, acrescentou. “Junto com a Broadcom, a VMware poderá trabalhar com integradores de sistemas globais e dobrar seu investimento em serviços profissionais”, disse Tan.
Obstáculos regulamentares
Até que isso aconteça, no entanto, a fabricante de chips ainda tem alguns obstáculos regulatórios a superar. Desde que anunciou a aquisição da VMware há quase um ano, a Broadcom tem-se debatido com as entidades reguladoras, especialmente na Europa, sobre o impacto do negócio na concorrência. Recentemente, a Comissão Europeia informou a Broadcom das suas objeções à proposta de aquisição da VMware. “A Broadcom é o principal fornecedor de adaptadores de barramento de anfitrião de canal de fibra (FC-HBA) e de adaptadores de armazenamento”, afirmou a Comissão num comunicado. “Dada a elevada concentração destes mercados, impedir os concorrentes poderia resultar em preços mais elevados, menor qualidade e menos inovação para as empresas e, em última análise, para os consumidores”.
Após uma investigação aprofundada, a Comissão manifestou a sua preocupação “quanto ao facto de a Broadcom poder restringir a concorrência nos mercados mundiais de fornecimento de FC HBAs e adaptadores de armazenamento, ao excluir o hardware dos concorrentes, atrasando ou degradando o seu acesso ao software de virtualização de servidores da VMware”.
Num esforço para convencer as autoridades reguladoras de que o acordo é, pelo contrário, de facto pró-concorrencial, Tan compareceu numa audiência em Bruxelas, no final da semana passada, com altos funcionários da Comissão Europeia e os seus homólogos das autoridades nacionais da concorrência. De acordo com um relatório da Reuters, a Broadcom partiu do princípio de que as autoridades reguladoras considerariam a presença da Amazon, da Microsoft e da Google no mercado da computação em cloud como prova de uma forte concorrência.
Espera-se que a Broadcom faça concessões à Comissão Europeia após a audição. A UE tem até 21 de junho de 2023 para tomar uma decisão final sobre o acordo, podendo o prazo ser alargado se forem apresentadas propostas.