Para Cassie Kozyrkov, que esteve no Web Summit Rio, o que existe hoje não é muito diferente de há anos atrás. E revela os motivos.

Por Déborah Oliveira (Brasil)
Se pensa que a inteligência artificial (IA) está a roubar os empregos das pessoas e que estamos a viver uma verdadeira revolução, está enganado. Pelo menos, essa é a opinião de Cassie Kozyrkov, cientista-chefe do Google. Para ela, a inteligência artificial que existe hoje não é tão diferente do que era há alguns anos e o que mudou essencialmente foi a experiência do utilizador.
Cassie, que falou no encerramento do segundo dia do Web Summit Rio, disse que o responsável pela automação de empregos é, nada mais, nada menos, do que o engenheiro de software.
“Os engenheiros são as pessoas na nossa sociedade cujo trabalho é automatizar outros trabalhos: qualquer coisa que possamos fazer mais rápido ou melhor ou de maneira mais divertida, mais criativa e mais barata”, explicou.
A sua visão é a de que o desenvolvimento da IA mudou a relação entre homem e máquina. É por isso que, em vez de alimentar o computador com instruções, o engenheiro passou a fornecer exemplos que deveriam ser seguidos.
“A principal diferença entre aprendizado de máquina, IA e programação tradicional é de onde vem a receita de dados que pega as entradas e as transforma em saídas. Basicamente, esta é uma revolução na comunicação, uma maneira diferente de explicar o que queremos às máquinas com instruções versus exemplos”, pontuou, indicando que isso não é nada mágico.
Segundo a executiva da Google, o objetivo do sistema é fornecer a resposta certa. “É como quando se joga um videogame e ainda não se conhece as regras. Então, o que faz? Experimenta e a sua pontuação muda e vê como isso altera o seu comportamento. Também é assim que se aprende no trabalho”, indicou.
IA mais presente
Nos últimos meses, a inteligência artificial tomou conta das notícias e grandes executivos e empreendedores passaram a preocupar-se e a posicionar-se sobre o tema. Cassie lembrou que o ChatGPT chegou para reforçar a popularização da IA e o seu diferencial, na verdade, está marcado na experiência do utilizador.
Em vez de um apanhado de códigos, ou um sistema que só programadores entendem, é um recurso que qualquer pessoa pode usar, com um visual simples e conveniente. “Não foi a tecnologia que mudou, foi o design do produto”, completou.
Fazendo referência aos empregos que serão dizimados pela IA, a executiva amenizou o cenário apocalíptico e afirmou que a tecnologia ajuda os profissionais, não o contrário. Cassei deu o seu exemplo: a própria executiva utilizou sistemas de IA para ajudá-la a montar o roteiro e o visual da sua palestra no Web Summit.