Rebecca Parsons, CTO da Thoughtworks, e Thiago Ávila, cofundador do Movimento Bem Viver, participaram num painel no Web Summit Rio.

Por Laura Martins (Brasil)
Durante vários anos, as empresas foram capazes de buscar tecnologia, independentemente de qualquer tipo de restrição de recursos. Não era necessário preocuparem-se em otimizar a memória ou o disco. Esse talvez seja um dos principais problemas enfrentados quando se trata de sustentabilidade e tecnologia responsável.
Rebecca Parsons, CTO da Thoughtworks, convidada do painel ‘Responsible and sustainable tech: A rising – and collective – obligation’, no Web Summit Rio, afirma que atualmente há a restrição da sustentabilidade. “Temos que começar a pensar em como queremos desligar essas coisas. Isto que estou tentar resolver vale a quantidade de carbono que vai ser emitida? Nós realmente não tivemos que pensar sobre isso antes. E vai mudar a forma como pensamos sobre a tecnologia que implantamos e os problemas que procuramos.”
Além disso, há a missão de construir uma nova sociedade em que a exploração e a opressão, em conjunto com a destruição ambiental, não sejam prioridade. “Não é apenas sobre como podemos administrar o desastre, mas o quanto podemos transformar a sociedade em um novo nível de humanidade vivendo em harmonia com a natureza”, complementa Thiago Ávila, cofundador do Movimento Bem Viver.
Ainda que exista essa necessidade, falar sobre sustentabilidade ainda é uma palavra da moda ou slogan de marketing. Para realmente fazer a diferença, diz Rebecca, é preciso incorporá-la nos processos. É necessário começar a monitorar quais são os impactos das tecnologias. Rebeca partilha uma citação de Cathy O’Neil, que diz que é possível construir tecnologia responsável se acreditarmos que podemos e insistirmos em fazer, porque será uma mudança de comportamento.
Por outro lado, a especialista acredita que a tecnologia tem muito a oferecer para resolver os problemas de sustentabilidade de outras empresas. “Quando se olha para a cadeia de suprimentos, por exemplo, que é onde muitas organizações têm grande parte da sua pegada de carbono, existem todos os tipos de opções disponíveis para a sua otimização (…) Podemos usar a tecnologia para simular e visualizar cadeias de suprimentos e outros aspetos de como a nossa organização está a impactar o planeta.”
Thiago concorda ao dizer que embora a maioria dos setores pensem maioritariamente nos seus lucros, as empresas de tecnologia inspiram a acreditar em ser disruptivo e pensar além do lucro.
“Nós podemos lucrar não apenas como empresa ou acionista, mas como sociedade e humanidade, como seres que estão a deixar o planeamento e precisam lidar com isso para preservar a vida como conhecemos. Portanto, acho que a indústria de tecnologia pode contribuir muito mostrando que temos feito as coisas da maneira errada. Podemos fazer isto de uma maneira muito melhor inovando”