Milhares de pessoas em todo o mundo confiam nas novas tecnologias como o melhor método para tentar fazer algo em relação ao desafio de mudanças.

Por Sara Thorson, Head of Concept Development, Ericsson ConsumerLab
Estamos num momento chave para o futuro do nosso planeta. Centenas de estudos, milhares de dados e praticamente todos os especialistas mundiais confirmam que as alterações climáticas e o aquecimento global são uma realidade. Apesar disso, ainda há razões para ter esperança. Esta baseia-se em muitas evoluções na inovação e na tecnologia, que estão a revelar-se as melhores aliadas para lutar contra as alterações climáticas. De facto, milhares de pessoas em todo o mundo confiam nas novas tecnologias como o melhor método para tentar fazer algo em relação a este desafio de mudanças.
Esta é a principal conclusão do relatório Ericsson ConsumerLab “10 tendências dos consumidores: A vida num futuro afetado pelo clima”, que revelou que a grande maioria dos early adopters de tecnologia espera utilizar soluções e conectividade baseadas na Internet para enfrentar o impacto das alterações climáticas até 2030. E sublinha que 59% acredita que a inovação e a tecnologia serão cruciais para enfrentar os desafios diários causados por estas variações.
A segunda grande conclusão do relatório é a forte preocupação que a população mundial tem sobre as alterações que as mudanças irão gerar no nosso modo de vida. O estudo, realizado junto de mais de 15.000 early adopters de 30 cidades de todo o mundo (entre as quais, Lisboa), conclui que 83% dos inquiridos acha que o mundo terá atingido ou excedido o nível de aquecimento global de 1,5ºC até 2030 e que as mudanças comportamentais impulsionadas pelo impacto climático podem mudar radicalmente a forma como trabalhamos e nos relacionamos.
Assim, entre as principais preocupações dos inquiridos estão o custo de vida, o acesso à energia e aos recursos materiais, e a necessidade de uma conectividade segura e fiável nestes tempos de clima caótico. Além disso, 55% dos early adopters inquiridos considera que as alterações climáticas terão um impacto negativo nas suas vidas e esperam poder recorrer a soluções de conectividade como contramedidas.
Tendo em conta estes dados, destacamos dez tendências tecnológicas que, embora não sejam soluções de curto prazo, marcarão a luta contra as alterações climáticas: desde os esforços diários de adaptação ao clima, no nosso dia-a-dia, até novas formas de lidar com os eventos climáticos mais difíceis.
AS TENDÊNCIAS
1. Redução de custos
Mais de 60% dos early adopters de tecnologia mostram-se preocupados com o aumento do custo de vida no futuro. Espera-se, portanto, que os serviços digitais deem um grande salto nesse sentido e ajudem consumidores a controlar os custos de alimentação, energia e viagens, em situações climáticas instáveis.
2. Ligações ininterruptas
Uma ligação à Internet fiável e resiliente tornar-se-á mais importante à medida que os eventos climáticos extremos aumentam. Cerca de 80% dos early adopters inquiridos em todo o mundo acredita que até 2030 haverá localizadores de sinais inteligentes que mostram zonas de cobertura ideais durante desastres naturais.
3. Mobilidade sem pressa
Horários rigorosos podem tornar-se uma tendência do passado. As alterações climáticas e a necessidade de melhorar a eficiência energética mudarão a perceção de flexibilidade. De facto, cerca de 68% dos inquiridos acredita que até 2030 planearão as suas atividades através de programadores que destacam os custos energéticos e não a eficiência temporal.
4. Crentes da IA
Espera-se que a Inteligência Artificial impulsione serviços que protejam os consumidores em condições climáticas cada vez mais imprevisíveis e instáveis. Quase metade dos early adopters inquiridos diz que até 2030 espera poder utilizar sistemas de alerta meteorológico personalizados para a sua própria segurança.
5. Novo ambiente de trabalho
As limitações da pegada de carbono das empresas, o aumento dos custos e a digitalização acelerada, moldarão as rotinas de trabalho do futuro. Sete em cada dez inquiridos espera que os assistentes de IA nas empresas planeiem deslocações, tarefas e recursos que minimizem a pegada de carbono relacionada com o trabalho.
6. Água inteligente
Com a escassez de água doce até 2030, os consumidores estão a prever serviços de água mais inteligentes para a conservar e reutilizar. Quase metade dos inquiridos diz que as suas casas vão usar coletores de água inteligentes em telhados, varandas e janelas, que se abrem inteligentemente quando chove, para recolher e limpar a água da chuva.
7. Economia energética
Os serviços digitais de partilha de energia podem aliviar o peso do aumento dos custos energéticos nos anos 2030. De facto, a energia pode tornar-se apenas mais uma moeda de troca, com 65% dos early adopters a prever que os consumidores poderão pagar por bens e serviços em kWh, através da utilização de aplicações móveis.
8. Menos é mais digital
A compra de produtos digitais pode tornar-se numa demonstração de estatuto, uma vez que o consumo físico excessivo pode tornar-se muito caro e socialmente questionado. Desta forma, a desmaterialização dos hábitos de consumo poderá acelerar, uma vez que um terço dos inquiridos acredita que utilizará aplicações de compras que sugerem alternativas digitais aos produtos físicos.
9. Naturaverso
Dadas as constantes alterações climáticas e as possíveis limitações para viajar, sentir a natureza a partir das zonas urbanas, sem ter de viajar, poderá ser comum na década de 2030. Quatro em cada dez early adopters quer utilizar serviços de viagem virtual que lhes permita experimentar reservas naturais e trilhos de montanha em tempo real, como se estivessem lá.
10. Batoteiros climáticos
Os inquiridos dizem que os consumidores encontrarão formas de contornar as restrições ambientais mais apertadas, em resultado do aumento dos preços e do racionamento da energia e da água. Mais de metade dos early adopters prevê que as aplicações de hacking permitirão o acesso ilícito a fontes de água ou eletricidade de terceiros.
Em suma, podemos dizer que os consumidores estão cada vez mais preocupados com o impacto das alterações climáticas nas suas vidas, que esperam utilizar soluções tecnológicas para enfrentar os desafios que surgirão nos próximos anos, e que a conectividade e a inovação são vistas em todo o mundo como fundamentais para enfrentar os problemas que podem levar a alterações climáticas.