Em princípio, uma plataforma de integração agrupa sistemas e deixa-os falar uns com os outros. Mas serve também para quebrar silos, minimizar esforços administrativos e riscos de segurança e colocar o utilizador no centro.

Por Iris Lindner
A ideia de integração não é nova. A Arquitetura Orientada para os Serviços (SOA) já era falada há cerca de 20 anos. A grande diferença de então é que hoje em dia mais do que apenas os sistemas empresariais estão ligados entre si. Para além de dispositivos, aplicações e plataformas API (Application Programming Interface), as pessoas também estão integradas. A integração tornou-se assim muito mais diversificada e aberta, até porque a comunicação B2B também se está a tornar mais diversificada.
Mas porque é que é tão importante neste momento? A integração é mais ou menos o quinto fruto que surgiu no contexto do trabalho em rede e da digitalização: quanto mais o mundo está em rede e mais serviços tecnológicos são necessários para novos modelos de negócio, mais a integração se concentra, a fim de não perder através do trabalho em rede.
Tendência clara para a gestão de API
Outra diferença em relação ao passado: as ferramentas mudaram. Cada ferramenta hoje em dia tem um bom API e é largamente baseada em clouds, oferecendo possibilidades muito maiores e melhores. É por isso que a gestão de API é também uma tendência clara hoje em dia, em que o foco está nas possibilidades de integração para os departamentos individuais. Estes são beneficiários da tecnologia e devem, portanto, ser habilitados em conformidade para poderem utilizá-la. Por esta razão, os gestores de produto das empresas assumem agora um papel completamente diferente: devem assegurar-se de que os seus serviços estão também disponíveis como um API.
O novo significado das plataformas de integração não se deve apenas ao facto de serem capazes de reunir o panorama fragmentado das TI de uma empresa. Para além do aspeto tecnológico, há outra razão pela qual a sua importância tem aumentado: A cultura empresarial está a mudar. Muitas empresas estão a tornar-se mais orientadas para os dados. Isto não só criou silos de dados que agora têm de ser ligados de modo a gerar valor acrescentado a partir deles. A utilização de dados também cria dependências – de serviços, modelos, funções, competências, pessoas, prestadores de serviços ou fabricantes. Dissolver estas dependências com micro serviços a fim de obter uma solução flexível é uma tendência claramente reconhecível.
Vertical à centralização
A pressão de integração vem dos departamentos empresariais, uma vez que estes atingem os seus limites quando em algum momento é necessária mais do que uma ligação de 1 para 1. Depois é pedido ao departamento de TI que administre tudo isto. E, se possível, com uma plataforma que também facilite a autogestão dos departamentos.
Para que uma empresa possa realizar a integração e também utilizá-la, precisa acima de tudo de uma coisa: organização. Especialmente em empresas maiores, os departamentos tendem a desenvolver uma vida própria e a construir uma TI de sombra. Há muito a fazer em termos de integração das TI. Por conseguinte, a tendência em termos de organização é claramente no sentido da centralização, a fim de controlar as interfaces cada vez maiores e a crescente complexidade.
Algum tipo de Centro de Excelência (CdE) ou Centro de Competência (CdC) faz as especificações, define as orientações, toma decisões sobre qual a nova plataforma a introduzir e assegura que existem pessoas suficientes para a operar. A garantia de qualidade pertence assim a uma mão central, enquanto a responsabilidade pela integração é descentralizada para as várias organizações. Em suma, verticalização é a palavra-chave em integração.
Contudo, resolver a questão da integração através da governação é também uma grande mudança para as empresas que não deve ser subestimada. Uma e outra vez torna-se evidente que das três dimensões de pessoas/organizações, processos/estrutura e TI como parte da solução global, as organizações e processos são os mais importantes.
As pessoas assumem novos papéis através da integração. E esta mudança precisa de ser acompanhada, porque os silos de dados que se pretende decompor têm de ser decompostos organizacionalmente, ou seja, nas cabeças. Depois são necessários processos que sejam realmente habitáveis, a fim de se poder mapear tecnicamente a integração. Isto não é um problema para a tecnologia atual. Os processos, no entanto, não podem ser simplesmente conjurados a partir do nada. Devem ser claros e alinhados com a estratégia empresarial.
A integração necessita de um conceito de segurança
A digitalização deu origem a numerosos novos modelos de negócio. O facto de outras empresas também estarem envolvidas nestas tem consequências: O acesso externo torna tópicos como a segurança muito mais relevantes. A integração deve, portanto, estar ligada a um conceito de segurança, a fim de regular o acesso e a distribuição dos dados.
Para isso, é essencial conhecer todas as plataformas, interfaces e gateways que estão disponíveis. Por outro lado, faz parte da gestão do API torná-los visíveis e controláveis. Por exemplo, enviando informações sobre problemas de segurança diretamente através da plataforma de integração para os sistemas de alerta correspondentes.
À prova de futuro através de abertura e flexibilidade
Ao escolher uma plataforma de integração, há que considerar, por um lado, que as tentativas numa base de fonte puramente aberta quase sempre falham por causa do escalonamento. Por outro lado, não se pode evitar um “lock-in” de vendedor se se quiser uma solução pronta para a empresa. Mas se o fornecedor se enquadrar na estratégia da empresa, então também se enquadrará para os próximos cinco a 10 anos.
Por conseguinte, isto deve ser visto menos como um “lock-in” e mais como uma parceria. Existe também a possibilidade de utilizar várias plataformas de integração: Se outra plataforma entrar a bordo através de M&A, é aconselhável estabelecer uma gestão uniforme em ambas as plataformas que gere a visibilidade geral de todas as interfaces e de todas as API em conformidade.
Em qualquer caso, o planeamento deve ter uma visão a longo prazo. Quanto custará a solução em cinco anos e como pode ser dimensionada se, por exemplo, uma aplicação for ligada? Questões como estas precisam de ser esclarecidas antecipadamente, bem como o funcionamento real da plataforma de integração. As áreas regulamentadas ainda preferem soluções no local. Os dados de produção são também trocados relutantemente através de uma solução de cloud. Contudo, se os requisitos aumentarem ou o volume de dados mudar, as soluções no local muitas vezes não podem ser escaladas. Potenciais problemas de disponibilidade falam contra uma solução SaaS pura. Por esta razão, muitas empresas já confiam em soluções híbridas.
Outro critério de seleção é a flexibilidade: muitas soluções parecem algo rígidas porque contêm tudo o que poderia eventualmente ser utilizado em algum momento. No entanto, isto não significa que também oferecem módulos para diferentes casos e fins de utilização. E por último, mas não menos importante, cada plataforma deve ser suficientemente aberta para poder integrar diferentes tecnologias, bem como para ter em conta critérios individuais. As empresas são diferentes e o mundo empresarial muda tão rapidamente que a abertura deve ser um dos principais critérios.