Preencher lacunas de competências é fundamental para o potencial digital massivo do setor público

Pesquisas recentes demonstram que 40% das organizações do setor público não possuem as competências necessárias para se adaptar à transformação digital e que cerca de 41% se depara com a falta de competências internas, quando pretende migrar para uma solução na cloud.

Por Ricardo Gomes, Public Sector Account Executive, Dell Technologies Portugal

De forma a antecipar o futuro, diversas organizações mundiais do setor público investem em estratégias de transformação digital como recurso de apoio a serviços, soluções e infraestruturas. 

Após dois anos conturbados, não têm dúvidas de que o setor tecnológico é fundamental, quer para a sua própria resiliência, quer para a economia, em geral. A realidade é que o setor público se encontra aquém do privado, tanto no uso da tecnologia, como nas competências – com pessoas e serviços ainda não capacitados para aproveitar o potencial massivo do setor digital. 

Pesquisas recentes demonstram que 40% das organizações do setor público não possuem as competências necessárias para se adaptar à transformação digital e que cerca de 41% se depara com a falta de competências internas, quando pretende migrar para uma solução na cloud. 

Ao preencher a lacuna de competências, adotando, em simultâneo, medidas para uma economia de futuro, o setor público pode potenciar a ligação entre a transformação digital e a vertente de desenvolvimento humano.

Recentemente, e integrando a iniciativa REPowerEU, a Comissão Europeia propôs um aumento da meta de 2030 para as energias renováveis, passando de 40 para 45%, o que estimula uma abordagem mais ecológica da energia, bem como uma maior perceção de autonomia sobre os recursos. Mais notável, ainda, é a ênfase colocada na liderança de competências, no setor tecnológico, que foi classificada como chave na implementação de programas transformadores. No mundo atual, quer seja na transição energética, na remodelação do sistema de saúde ou numa atualização de infraestrutura em departamentos governamentais, o investimento em tecnologia é apenas o primeiro passo. 

Sem as competências necessárias para implementar, sustentar e inovar – principalmente em áreas como as de análise de dados, automação de processos em negócios e marketing digital – essas iniciativas perdem muito do seu valor.

É na execução dessas ideias que corremos o maior risco: a reabilitação social é fortemente baseada na tecnologia e na nossa capacidade de dominá-la. Embora, por todo o mundo, as empresas do setor privado continuem a priorizar a adoção de soluções digitais, existem preocupações de que, apesar de todos os seus esforços e objetivos ambiciosos, o setor público corra o risco de ficar para trás.

Preencher lacunas por meio da colaboração 

Para abordar essa crescente lacuna, no âmbito da adoção tecnológica, e perceber, realmente, todo o potencial da transformação digital, é imperativo que seja assumida uma abordagem sincera, colaborativa e intersetorial. Empresas do setor privado e governos devem trabalhar juntos, de forma a garantir que a tecnologia e as competências sejam maximizadas no setor público, permitindo que as organizações as adotem rapidamente.

Mas a adoção tecnológica é apenas a ponta do iceberg. Assim que a mesma estiver instalada, o setor público precisará, ainda, de garantir as competências necessárias ao seu domínio, sendo que, atualmente, é difícil encontrar esse nível de especialização. 

De facto, estima-se que, até 2030, um impressionante número de 85 milhões de empregos ficará por preencher devido à escassez de competências, com apenas 28 por cento dos trabalhadores atualmente matriculados em programas de formação. 

Torna-se, pois, imperativo que os atuais colaboradores do setor público obtenham formação orientada para o uso da tecnologia. As empresas do setor privado, que possuem mais tempo e experiência no setor, podem partilhar os seus conhecimentos, de forma a agilizar esse processo.

Embora a transferência de competências deva ser uma solução a curto e longo prazo, é importante que o setor público cultive uma cultura de aprendizagem. 

Acompanhar o ritmo das mudanças, requer programas contínuos de aprendizagem e de aperfeiçoamento, que se concentram no nivelamento da força de trabalho e na partilha dos recursos já disponíveis.

A questão é: onde encontramos tempo para a aprendizagem contínua? A solução passa por capacitar os colaboradores a aprender com o fluxo de trabalho e as plataformas de aprendizagem intuitivas deverão ser disponibilizadas, assim que os mesmos tenham recebido formação sobre como usar a tecnologia. Depois de adquiridos os conhecimentos básicos, devem ter permissão para fazer perguntas à medida que realizam tarefas e obtêm respostas rápidas. 

Essas plataformas já existem, cabendo às organizações do setor público incorporá-las na sua cultura de trabalho, permitindo a facilidade do seu uso por parte dos colaboradores. 

Na Dell Technologies, oferecemos várias soluções para o desenvolvimento de competências digitais, incluindo o curso de transformação de TI, que ajuda os profissionais a desenvolver aptidões para transformar o seu conhecimento de TI e adquirir capacidades de data center para a era digital.

A aprendizagem contínua é uma estratégia para os colaboradores atuais e de futuro, à medida que o ritmo da inovação vai aumentando. 

O recente lançamento do «Espaço Europeu de Dados de Saúde» veio demonstrar como o setor público pode inovar e liderar, quer na esfera de dados, quer na digital, ao trabalhar em estreita colaboração com o setor privado. 

Assim, devemos continuar nessa tendência, partilhando conhecimentos credíveis ​​e promovendo economias, sociedades e futuros digitais mais resilientes. 

Já temos a tecnologia. Agora podemos desenvolver o aperfeiçoamento das sociedades.




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