AMD anunciou nesta quinta-feira (10) a disponibilidade dos processadores de data center Epyc ‘Genoa’.
Por *Rafael Romer

A AMD anunciou nesta quinta-feira (10) a disponibilidade geral da quarta geração dos processadores de data center Epyc a partir de hoje. Baseados em núcleos ‘Zen 4’, os processadores prometem ganhos expressivos de performance, eficiência energética e capacidade de processamento e serão voltados para suporte de estruturas de cloud, computação enterprise e computação de alta performance (HPC). O anúncio foi realizado durante o evento ‘together we advance_data centers‘, em São Francisco.
Um dos pilares da estratégia da AMD para a sua quarta geração de chips de data center é a o lançamento de uma linha ampla de processadores Epyc, com quatro famílias diferentes e otimizadas para cargas de trabalho específicas. Os Epyc ‘Genoa’ serão para propósito geral; ‘Bergamo’ para computação nativa em cloud; ‘Genoa-X’ para computação técnica; e ‘Siena’ para telecomunicações e Edge. As otimizações consistem em uma maior ou menor densidade de threads, diferentes índices de performance por Watt e/ou de performance por dólar.
Os Epyc ‘Genoa’ chegam através de parceiros como Hawlett-Packard Enterprise, Dell, Lenovo, SuperMicro, Oracle e VMware, entre outros. Os próximos a serem lançados são os Epyc ‘Bergamo’ e ‘Genoa-X’, que têm lançamento previsto para o primeiro semestre de 2023. Epyc ‘Siena’ é previsto para a segunda metade do próximo ano. O lançamento dos chips Epyc em múltiplas famílias especializadas é uma estratégia que foi adotada pela primeira vez pela AMD em 2021, com Epyc de terceira geração. Os produtos foram agrupados então em duas famílias: os de propósito geral ‘Milan’ e os componentes otimizados para computação técnica, ‘Milan-X‘.
Os novos processadores Epyc embarcam até 96 núcleos ‘Zen 4’, em uma litografia de 5 nm. A nova geração também conta com memória DDR5 – o que habilita, segundo a AMD, uma banda de memória 2,3 vezes superior aos chips Epyc de terceira geração. Há ainda os I/O de nova geração com conectividade PCIe 5.0 – alavancando o dobro da banda da geração anterior – e suporte ao padrão Compute Express Link (CXL) 1.1 para expansão de memória. Os componentes embarcam também novos recursos de segurança voltados para a computação confidencial, como criptografia de memória.
De acordo com a AMD, quando comparada aos antigos Epyc ‘Milan’, a família Epyc de quarta geração entrega performance, em média, duas vezes superior. Em cargas de trabalho de cloud, a performance é, em média, 107% maior – comparando um Epyc 9654 (Gen 4) contra um Epyc 7763 (Gen 3) em aplicações de IaaS/PaaS, Busca, Social e de SaaS. Em computação de alta performance (HPC), a quarta geração desbanca os antigos ‘Milan’ com performance 123% maior em Design & Simulação, machine learning, super computação e pesquisa académica. Por fim, em enterprise, para cargas de trabalho como virtualização, SDS/HCI ou Hadoop, a nova geração traz performance 94% superior.
A empresa destacou também os novos níveis de eficiência energética e o potencial de redução de pegada de carbono que os novos chips Epyc podem trazer para data centers. Para efeito de comparação, a empresa simulou e comparou a estrutura necessária para atingir um resultado de 8,5 mil no benchmark SPECrate 2017 em duas situações: com servidores Epyc 9654 de 96 núcleos e com servidores Platinum 8380 de 40 núcleos, da Intel.
No cenário simulado, a estrutura precisaria de 5 servidores Epyc contra 15 Platinum. Com isso, a nova geração da AMD consumiria 54% menos energia (47 mil kWh por ano contra 103 mil kWh), e geraria um ‘sequestro de carbono’ anual equivalente a 30 acres de floresta. “Se pensarmos na quantidade de servidores que estão estabelecidos em data centers em redor do mundo, há um potencial enorme de economia de energia na adoção da geração quatro dos processadores Epyc”, disse Ram Peddibhotla, vice-presidente corporativo da divisão Epyc.

AMD na dianteira
Os processadores Epyc de quarta geração chegam num momento crítico para a divisão de data centers da AMD. Nos seus resultados fiscais mais recentes, relativos ao terceiro trimestre deste ano, a empresa registou uma receita de 1,6 mil milhões de dólares na divisão de ‘Data Centers’ – um crescimento recorde de 45% ao ano, que foi alavancado pela linha de processadores Epyc.
“Os Data center representam a nossa maior oportunidade de crescimento e é prioridade estratégica número um para a empresa”, disse Lisa Su, CEO da AMD, durante a apresentação desta quinta. “Em enterprise, vemos uma adoção significativa do Epyc. Neste ano, aumentamos as nossas implementações on premisses em enterprise em mais de 50%. Estamos a ampliar significativamente o número de soluções baseadas em Epyc através de todo o ecossistema, e deveremos dobrar o número destas soluções até 2023″, completou.
O bom desempenho da divisão ajudou a AMD a mitigar os resultados fracos do seu segmento ‘Client’, que responde por PC. A fabricante de chips registou uma receita de mil milhões de dólares no trimestre, redução de 40% em relação ao mesmo período do ano passado. Esta queda é reflexo da tendência global da baixa de vendas do mercado de PC, que registou 68 milhões de unidades nas remessas mundiais no terceiro trimestre de 2022 – uma queda de 19,5% em relação ao terceiro trimestre de 2021, de acordo com resultados preliminares do Gartner.
Com os novos processadores Epyc no mercado, a AMD toma a dianteira frente a uma das suas principais concorrentes, a Intel, e abre o caminho para um novo crescimento da sua divisão de ‘Data Centers’. Na última divulgação financeira, a AMD já antecipou que espera um salto de 14% nas receitas do quarto trimestre, alavancada mais uma vez por vendas de data centers.
A Intel, é claro, prepara-se para fazer frente à oferta da AMD com os novos Xeon de quarta geração, de codinome Sapphire Rapids. Os componentes estavam previstos para serem originalmente lançados no ano passado, mas foram adiados múltiplas vezes e ainda não têm um lançamento previsto. Por ora, os processadores só estão acessíveis para um grupo reduzido de clientes através do Developer Cloud da Intel.
*O jornalista viajou a São Francisco à convite da AMD