Pandemia impulsiona Europa digital, que falha em competências tecnológicas e implantação 5G

O índice DESI adverte que apesar da transformação digital acelerada das empresas e administrações públicas, ainda há muito trabalho a fazer em termos de talento e de cobertura de ligações de alta velocidade.

O Índice anual de Economia e Sociedade Digital da Comissão Europeia analisa os progressos que os estados-membros têm feito na digitalização. O índice de 2022 não é apenas uma análise da situação, mas também um apelo à ação: a facilidade de 127 mil milhões de euros para ajudar a curar a ferida da pandemia e acelerar a digitalização da sociedade europeia é uma oportunidade que os países não devem perder.

Tal como a nível mundial, a pandemia impulsionou a digitalização, embora desajeitada e insuficientemente; o documento concluiu que ainda existe uma lacuna de competências digitais, uma lacuna na transformação das pequenas e médias empresas (PME) e uma lacuna na implantação de redes 5G. Este último ponto é especialmente relevante para a implementação de tecnologias de ponta, tais como inteligência artificial ou big data, adverte o documento.

O índice tem em conta quatro variáveis para pontuar os países: capital humano proficiente em competências digitais, conectividade, integração de tecnologias digitais e serviços públicos digitais.

“A transição digital está a acelerar. A maioria dos estados-membros está a fazer progressos na construção de sociedades e economias resilientes”, disse Margrethe Vestager, Comissária Europeia para a Concorrência e Vice-Presidente da estratégia da Comissão para a Europa Digital.

Por país, Finlândia, Dinamarca, Países Baixos e Suécia são os mais avançados, embora estejam longe dos objetivos que Bruxelas estabeleceu no seu plano para 2030. Especificamente, estes países estão abaixo dos 30% na sua adoção de tecnologias como a IA ou big data, longe dos 75% estipulados no prazo de oito anos.

A Espanha ocupa a sétima posição numa lista que totaliza 28. Por categoria, a Espanha mantém-se na média europeia de digitalização de serviços públicos e conectividade, embora esteja abaixo nas áreas de integração da tecnologia digital e digitalização do capital humano.

Lacuna de competências digitais e implementação incompleta de 5G

O fosso de competências digitais continua a ser um grande problema. Pouco mais de metade dos europeus (54%) com idades compreendidas entre os 16-74 anos possuem competências digitais básicas e o objetivo das autoridades é expandir a percentagem para 80% até 2030.

Este não é apenas um objetivo político, mas também um objetivo económico. Entre 2020 e 2021, um total de meio milhão de especialistas de TI entrou no mercado de trabalho, um número muito baixo comparado com as previsões de uma necessidade de 20 milhões de profissionais de TI até 2030. Estes números representam “um obstáculo à recuperação e à competitividade das empresas europeias”, adverte o relatório.

No entanto, a Europa passa em termos de conectividade. Em 2022, a cobertura de conectividade de alta capacidade aumentou para 70% (o objetivo para 2030 é de 100% de cobertura). A cobertura de 5G também aumentou para 66% em áreas com muita gente, como revela o relatório. Contudo, o leilão do espectro, crítico para a implantação da conectividade da próxima geração, ainda está incompleto; apenas 56% do espectro foi atribuído.


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