Recrutamento “à prova” de fracasso: quais os erros que uma recrutadora em TI não deve cometer

Não há dúvida para ninguém (ou pelo menos assim espero) que as pessoas são o bem mais valioso de qualquer empres.

Por Nádia Nunes, People & Culture Manager na Think Attitude

Recrutamento e Seleção (R&S) é a área dos Recursos Humanos que tem como principal objetivo atrair, escolher e contratar a pessoa certa para uma vaga de emprego. E não há dúvida para ninguém (ou pelo menos assim espero) que as pessoas são o bem mais valioso de qualquer empresa, pelo que os processos de recrutamento têm hoje, e cada vez mais, um papel essencial na vida destas. Se forem pouco eficazes, podem resultar em perdas de produtividade, turnovers, prejuízos na experiência dos clientes e, sem dúvida, transformar-se num aumento de custos a médio e a longo prazo. Por isso, um recrutamento “à prova de fracasso” é essencial em todas as áreas mas nas Tecnologias de Informação (Ti’s) mais ainda.  A necessidade de talentos cada vez mais especializados e o facto de continuar a existir mais oferta que candidatos eleva a fasquia neste setor. E por isso mesmo irei partilhar convosco as “malpractices” que, na minha opinião, uma empresa de recrutamento, na área de Ti’s, deve evitar (e, claro, que podem e devem ser transversais a todos os outros setores):

  • Ter recrutadores pouco “transparentes” no decorrer das entrevistas. E com isto quero dizer elementos que não passam claramente a informação acerca das oportunidades que estão a apresentar aos candidatos, como por exemplo: quais as funções que irá desempenhar no projeto do cliente, em que consiste o projeto, será desenvolvimento, manutenção? E, levanto esta questão pois temos vindo a verificar em entrevista, e de forma mais habitual do que aquela que gostaríamos, pessoas cada vez mais insatisfeitas com o que estão a fazer. E porquê? Porque lhes foi “vendido” um projeto ou uma função, em entrevista, que depois não corresponde ao que estão de facto a fazer. E o mesmo se passa com a apresentação de valores, benefícios, etc. É essencial sermos muito claros na informação que passamos ao entrevistado sob prejuízo de, se não o fizermos, a pessoa sair do seu novo local de trabalho, deixando a consultora em falta para com o cliente e ficando este com uma péssima imagem da mesma;
  • A falta de conhecimento por parte dos recrutadores. Acontece muitas vezes estes não estarem devidamente preparados para entrevistar candidatos nesta área. É óbvio que a base será sempre teórica mas é crucial o estudar e o atualizar, dada a constante atualização deste setor (tecnologias, linguagens, versões, etc);
  • Não partilhar feedback durante o processo de recrutamento e após apreciação por parte do cliente. Maioria dos candidatos tem vindo a revelar que, na maior parte das vezes ou quase nunca, recebe feedback por parte das empresas onde esteve em processo de recrutamento;
  • Não partilhar informações inerentes ao processo, como sejam as fases de entrevista e/ou testes que poderá vir a ter. Não podemos assumir que o candidato, ao entrar num processo de recrutamento, terá toda a disponibilidade/tempo para participar nas diversas etapas. Há uma percentagem muito elevada de pessoas que não quer fazer parte de processos que são morosos;
  • Encarar as pessoas como um número. falta de cuidado no lidar com o outro, a falta de acompanhamento durante o processo de recrutamento e após a integração é um erro sério – estar em outsourcing é por si só um desafio para ambas as partes, uma vez que não há um contacto direto diário. No entanto, a consultora é sempre a responsável pela contratação de cada recurso, pelo que é importante que cada colaborador saiba a quem se deve dirigir em momentos de crise, para esclarecimentos de dúvida, entre outros. O objetivo não pode e não deve passar apenas por contratar mas sim por reter.

Creio que posso assumir que contratar a pessoa certa para o lugar certo tem muito que se lhe diga e a área das TI’s não foge à regra. Contratar para este segmento de mercado, pela sua especificidade e pela falta de mão de obra é cada vez mais complicado, pois a globalização aumenta a necessidade de que um bom profissional não o seja apenas tecnicamente, mas também ao nível das aptidões comportamentais (soft skils). Aconselharia, por isso, que as empresas de TI’s delegassem, sempre que possível, os processos de recrutamento a consultoras especializadas uma vez que reúnem toda a expertise, podendo dedicar-se assim àquela que é a sua àrea de atuação e fazer o seu negócio crescer sem ter preocupações acrescidas e que para as quais não tem que ter o know-how no que a R&S diz respeito.




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