Inovação e transformação digital: está na hora de “por as mãos na massa”

Sabemos da resistência com que nos deparamos ao implementar mudanças nas organizações, e, por isso, é essencial que o cliente esteja recetivo à alteração de processos.

Por Álvaro Primitivo, Consulting Coordinator da Anturio

Inovar é sempre um grande desafio, principalmente porque o conceito envolve “mudança”. Sabemos da resistência com que nos deparamos ao implementar mudanças nas organizações, e, por isso, é essencial que o cliente esteja recetivo à alteração de processos. Só desta forma poderemos atingir o patamar Win-Win a que nos propomos nos nossos negócios.

A inovação consiste na conjugação de 3 fatores: criatividade, atitude e resultado. É minha convicção que a principal alteração é uma questão de mentalidade. Se queremos inovar, é porque os processos existentes não estão a surtir o efeito desejado e precisam ser evoluídos. E ter vontade de mudar pode não ser suficiente, é preciso assimilar essa vontade. Só assim estaremos em condições de abraçar a inovação.

Importa assumir que a inovação será um work-in-progress, uma vez que a implementação de soluções inovadoras não termina com o arranque do projeto: é aí que tudo começa.  Após a fase de arranque e já em utilização dos novos processos, é necessário continuar a experimentar de forma constante, criar e testar hipóteses, ajustar em conformidade com a informação que pode e deve ser coletada a partir desse momento.

Tudo isto Implica o compromisso entre parceiros de negócio e estabelecer laços de confiança essenciais para ajudar a identificar eventuais ajustes necessários.

A verdade é que já há algum tempo que falamos da transformação digital, no entanto, a falta de coragem das organizações em assumir e dar esse salto adiava constantemente essa decisão. A “nova realidade” veio forçar esta mudança e acelerou a transformação, porque as empresas não tiveram outra hipótese que não evoluir, embora em grande parte pelos mínimos necessários para garantir a execução de algumas tarefas remotamente.

Não podemos ficar por aqui e temos de aproveitar este impulso. A velocidade vertiginosa com que vivemos os negócios atualmente obriga a repensar e otimizar processos e infraestrutura. Para elevar o patamar competitivo é essencial conhecer o “nosso” negócio, ter a capacidade de, a qualquer hora e em qualquer lugar, conseguir tomar decisões, conseguir analisar a informação sem ter de ligar a um colega que está no escritório e esperar por determinados inputs. 

Outro ponto frequentemente referenciado no nosso tecido empresarial é a baixa produtividade, a velocidade (ou falta dela) na tomada de decisão e nos próprios processos. A segurança dos dados não é menos importante. Estudos recentes apontam para um aumento de ataques informáticos impulsionados pelo início da pandemia e exponenciados recentemente com o início do conflito na Ucrânia. Temos exemplos recentes de organizações importantes da nossa economia que, por descurarem esta área, viram a sua operação afetada durante vários dias.

A digitalização irá contribuir para aumentar a rentabilidade, a produtividade e a disponibilidade da informação, três pontos essências da nossa economia que serão certamente impulsionados pelo processo.

Temos de acelerar a implementação de medidas com o objetivo de atingir a neutralidade carbónica. As estimativas atuais preveem que as emissões globais de carbono devem ser reduzidas para metade até 2030, numa tentativa de limitar o aquecimento global a 1,5°C e reduzir o impacto das alterações climáticas. 

No que respeita às empresas, existem 3 grandes áreas a considerar:  as associadas às operações da empresa, as associadas às atividades a montante (cadeias de fornecimento/upstream) e as associadas às atividades a jusante (cadeia de consumo/downstream).

Desde a implementação de estratégias para redução nos consumos de refrigeração dos servidores, investimento na utilização de energias renováveis ou implementação de medidas de economia circular relativamente aos recursos, como forma de estender o mais possível a vida útil do hardware utilizado são exemplos que podem ser aplicados no nosso setor.

As recentes estratégias das Big 3 da Cloud são exemplos disto, Google, Microsoft Azure e Amazon Web Services já estão com medidas em curso, assumindo a linha da frente e o exemplo a seguir. 

Otimizar as cargas de trabalho dos aplicativos e infraestrutura é uma das medidas que devemos considerar, analisar a infraestrutura dos clientes e identificar as tarefas que obrigam a utilização noturna de elevadas cargas de processamento e consumo de energia.

Repensar esses processos no sentido de diminuir os consumos de energia e, no limite, utilizar essa oportunidade também para inovar e melhorar a experiência do cliente tem de fazer parte da missão. 

Eliminar o desperdício de recursos na infraestrutura sem sacrificar a eficiência e o desempenho faz parte do desafio. Qualquer pequeno passo conta, sendo que pequenas decisões como diminuir a utilização do papel e impressões utilizadas já são uma forma de começar.

Colocar a transformação digital em prática é mais fácil do que parece, não obstante existir algum receio por parte das organizações, especialmente as que operam em setores tradicionais, com processos inalterados há vários anos.

É preciso continuar a divulgar e trabalhar a área, definir uma boa estratégia e envolver todas as partes no processo. Traçar objetivos concretos e iniciar as implementações de forma evolutiva, mantendo uma dinâmica de progressividade. Um passo de cada vez.

Trabalhar as ferramentas de análise e indicadores para demonstrar o impacto nos modelos de negócio é essencial, apresentar case studies reais, “provas provadas” dos benefícios da melhoria deste tipo de operações. Mostrar os ganhos de eficiência na gestão e na satisfação dos clientes, comunicar de forma simples e transparente para o cliente entender as vantagens e confiar no processo.

Por outro lado, e de forma mais autónoma, a própria evolução geracional do mercado de trabalho aliada a uma maior preparação dos recursos humanos também está a contribuir para uma mudança do mindset das empresas.

Como complemento, relembro que estamos em plena fase de implementação de um quadro comunitário de apoio destinado especificamente a esta causa, com enquadramentos distintos que podem e devem ser aproveitados pelas empresas. Estamos em pleno ciclo de ação, let’s do this!




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