Escassez de semicondutores na indústria automóvel pode normalizar no segundo semestre de 2022

De acordo com um estudo da consultora, norte -americana Bain, a capacidade de produção global de veículos ligeiros deverá ser reduzida em 4 milhões de unidades até 2021.

A escassez da cadeia global de semicondutores que afeta a indústria automóvel deverá começar a normalizar a partir do segundo semestre de 2022. A estimativa foi divulgada pela empresa de consultoria Bain & Company, que realizou um estudo sobre o cenário global de componentes.

Segundo Carlos Libera, sócio da empresa, dado o futuro cenário de aumento da capacidade na produção de semicondutores, a situação para os automobilistas deverá voltar a um ritmo normal a partir da segunda metade do próximo ano.

“A indústria automóvel representa uma quota menor da procura de semicondutores, representando apenas 10% das receitas dos fabricantes de chips. Portanto, prevê-se que a atribuição de capacidades normalize mais rapidamente do que outros setores”, diz o executivo.

Este é o “cenário base” visto pela empresa, onde a procura de chips continua a ser elevada por indústrias não automóveis. Isto, diz a consultora, deverá atrasar a transição da capacidade de abastecimento de semicondutores para a indústria automóvel até ao segundo trimestre de 2022.

A empresa, no entanto, destaca os problemas estruturais que existem no fabrico de semicondutores e aponta para estrangulamentos sensíveis em toda a sua cadeia. Por causa disso, novos efeitos de escassez podem ocorrer no futuro.

“É importante que a indústria automóvel preveja possíveis perturbações no futuro, especialmente na forma como o planeamento ocorre na sua cadeia de fornecimento – seja do ponto de vista do armazenamento de inventário ou mais próximo dos fornecedores”, afirma Carlos Libera.

Pressão da indústria de consumo

Ainda de acordo com o inquérito, o setor automóvel deverá sofrer perdas de receitas de 60 mil milhões de dólares até ao final deste ano, devido à falta de componentes no processo produtivo.

O mercado global de semicondutores movimentava mais de 450 mil milhões de dólares em 2020, diz a consultora, com 70% desse valor da indústria eletrónica a produzir dispositivos como computadores e smartphones. A indústria automóvel, por sua vez, representava apenas 10%.

As cadeias pessoais de fornecimento de computadores (PC) têm encontrado dificuldades em satisfazer a procura gerada pela crise Covid-19. A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC), uma empresa de fabrico de semicondutores, e a Intel estão a operar com a máxima capacidade. Já fabricantes como AMD e Nvidia, estão a notar uma falta substancial de componentes. A procura de computadores para uso pessoal devido ao trabalho remoto, o crescimento da computação em nuvem e os dispositivos móveis de quinta geração (5G) são motores que aceleram a procura.

Além disso, existem riscos geopolíticos que dificultam a equação, de acordo com a consultora. Os semicondutores são os principais impulsionadores dos excedentes comerciais e dos défices, além de serem fundamentais para a segurança nacional dos países. Isto aumenta o risco de novas intervenções nos mercados ocidental e oriental e nas cadeias de abastecimento.

Exemplos, segundo a Bain, são o apoio do governo chinês às indústrias locais; ameaças comerciais com países como a Coreia e o Japão; risco de metais terrestres raros na China; e regulação da utilização de policlorados bifenilos (PCB) pelo Governo dos Estados Unidos.


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