Comércio digital de arroz melhora a segurança alimentar mundial

A nova plataforma Rice Exchange (RiceX), criada pela Fujitsu, traz novos níveis de eficiência e transparência a este mercado. É a primeira plataforma digital mundial criada para comprar e vender arroz, e está agora funcional e operacional.

Por Susana Soares, Directora de Marketing & Innovation Board na Fujitsu

A segurança alimentar é uma questão importantíssima em todo o mundo. Até agora, o aumento da produção conseguiu acompanhar o crescimento extraordinário da população nos últimos 50 anos, mas adivinham-se desafios significativos pela frente. A ONU prevê que a população humana atinja um pico de pouco menos de 11 mil milhões em 2100, face aos 7,8 mil milhões da actualidade – ou seja, um aumento de quase 40% em apenas 80 anos. Ao mesmo tempo, a quantidade de terra disponível para a produção de alimentos está a diminuir. Estas pressões exigem que façamos tudo de modo a evitar grandes disrupções no abastecimento alimentar. Felizmente, a digitalização das cadeias de abastecimento, que inclui a utilização de novas tecnologias blockchain, está a evoluir rapidamente de modo a contribuir para o fim das ineficiências. Vou abordar duas melhorias específicas que resultam da recente digitalização do comércio de arroz. A primeira está a tornar o comércio global de arroz mais simples, mais rápido e mais acessível aos fornecedores. A segunda está a reduzir os impactos negativos da orizicultura no nosso planeta, para termos colheitas no futuro. 

Facilitar a entrada do arroz no mercado global

Apesar da dimensão e da importância do comércio global de arroz – é um mercado que move anualmente 350 mil milhões de dólares –, o método tradicional de comercializar arroz é muito ineficiente. É assente em papel, extremamente lento – uma única transacção pode demorar meses a concluir – e cria custos desnecessários. Estima-se que as transacções baseadas em papel acrescentem 90% ao preço comercial – um custo que, em última análise, é pago pelo consumidor. Também é um mercado opaco, em que o contacto cara-a-cara tem sido considerado necessário para criar confiança – o que tornou a negociação ainda mais difícil e mais lenta durante a pandemia. 

A nova plataforma Rice Exchange (RiceX), criada pela Fujitsu, traz novos níveis de eficiência e transparência a este mercado. É a primeira plataforma digital mundial criada para comprar e vender arroz, e está agora funcional e operacional.

A RiceX irá transformar o acesso a este alimento crucial, do qual metade da população mundial depende enquanto fonte principal de obtenção de calorias. A plataforma digitaliza o comércio de arroz usando tecnologia blockchain (DLT). Através dela, compradores, vendedores e prestadores de serviços podem encontrar-se facilmente num ambiente digital, conduzir transacções de forma eficaz e contratar seguros, transportes, inspecções e acordos com a garantia de que todos os dados são verificáveis e se integram sem problemas. A transparência fornecida pelo registo de auditoria blockchain imutável da plataforma permite que compradores e vendedores construam relações de confiança. Com a criação de transparência total e certificações de confiança, os compradores já não precisam de voar pelo mundo para conhecer pessoalmente os fornecedores. A RiceX e os seus parceiros nos sectores dos transportes, seguros e inspecção digitalizaram o processo de ponta-a-ponta e removeram múltiplas fontes de fricção para agilizar toda a cadeia de abastecimento.

Assegurar o futuro da produção de arroz

Como qualquer produção agrícola, o cultivo de arroz tem impactos ambientais. Ele é o segundo maior contribuidor individual para as emissões de gases com efeito de estufa no sector agrícola, atrás da pecuária, uma vez que os arrozais inundados emitem grandes quantidades de metano.

Compradores na plataforma Rice Exchange podem agora ligar-se a fornecedores aprovados que estão em conformidade com o Padrão para um Cultivo Sustentável de Arroz da Sustainable Rice Platform (SRP). Este benchmark destina-se a pequenos produtores de arroz e foi desenvolvido pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente, o International Rice Research Institute e parceiros dos sectores público e privado. Os orizicultores que seguem o Padrão SRP podem reduzir as emissões entre 25% e 50% e reduzir o seu consumo de água em até 25%. Igualmente importante, sobretudo no que toca a encorajar uma adopção alargada, a transição para o Padrão SRP pode ainda aumentar o rendimento dos pequenos produtores entre 10% e 20%, através de maiores produções e poupanças nos custos de produção. Sabe-se que os consumidores estão dispostos a pagar entre 9% e 33% mais por arroz produzido de forma sustentável. Com mais de mil milhões de pessoas economicamente dependentes da orizicultura, isto tem o potencial de elevar os rendimentos de muitas famílias.

Os desafios de alimentar a população humana ao longo do resto deste século são consideráveis. Mas as vantagens da blockchain no que toca a maior eficiência e transparência não estão limitados ao arroz, como é óbvio. Podem ser aplicadas a qualquer cadeia de abastecimento. Com novas tecnologias como a blockchain, a Fujitsu acredita que é possível criar aquilo a que chamamos “inovação centrada no ser humano” e garantir que a sociedade está à altura das exigências do futuro. 




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