É fundamental investirmos na inovação de forma pensada e planeada, sobretudo no que toca a tecnologias avançadas como a Inteligência Artificial, que devem ser usadas para o bem de todos.

Por Fernando Reino da Costa, CEO da Unipartner
A liderança para a sustentabilidade e responsabilidade social é um tema que tem ganho, ao longo dos anos, cada vez mais importância nas empresas. No setor tecnológico, a componente da inovação é um forte aliado em várias vertentes no que diz respeito a estas duas temáticas. Ao nível do ambiente e das alterações climáticas, a tecnologia é, hoje, uma nova forma de implementar soluções mais verdes, mobilizar pessoas e incentivar a mudança de comportamentos.
Na área da aprendizagem contínua ou formação, permite a pessoas de todas as idades e profissões investir na sua requalificação através de métodos digitais, fazendo com que seja possível acompanharem avanços tecnológicos e da sociedade, bem como novas necessidades do mercado de trabalho. Por outro lado, a nível social, a tecnologia ajuda a criar melhores condições de trabalho para as equipas, sobretudo no que diz respeito ao trabalho remoto e horários flexíveis. Ainda na dimensão social, a inovação pode contribuir também para criar impacto na comunidade que nos rodeia, enquanto organizações, por exemplo através de soluções tecnológicas que nos permitem contribuir para causas sociais. Por último, temos o governance: o mundo evoluí de mãos dadas com a tecnologia a um ritmo cada vez mais acelerado, pelo que é necessário certificarmo-nos de que ao produzirmos serviços e soluções cada vez mais automatizados, não descuramos princípios e valores éticos que asseguram o respeito pelas pessoas. Ou seja, é fundamental investirmos na inovação de forma pensada e planeada, sobretudo no que toca a tecnologias avançadas como a Inteligência Artificial, que devem ser usadas para o bem de todos.
Para liderar empresas com sustentabilidade, sejam elas tecnológicas ou não, é preciso definir metas e estabelecer prioridades, tal como fazemos ao nível do negócio. Contudo, no setor tecnológico, as diferentes organizações têm a vantagem e responsabilidade de promover discussões sobre como usar a tecnologia para melhorar verdadeiramente a vida das populações. É essencial pensar nas pessoas, no seu bem-estar, e educar as gerações com menos know-how tecnológico para entenderem a importância da tecnologia no futuro.
Curiosamente, penso que a pandemia veio despertar a sensibilidade para estas questões, mais concretamente quando começou a ser notório o impacto (positivo) do teletrabalho ao nível da redução das emissões de CO2, bem como ao nível do consumo de energia.
Na Unipartner, a preocupação para com a sustentabilidade acompanha-nos desde o início. O nosso propósito enquanto organização prende-se com criar impacto positivo na vida das pessoas através da inovação digital, enquanto promovemos a sustentabilidade, responsabilidade social e o bem-estar. A nossa ação foca-se em 3 vetores oficialmente designados ESGs, que consistem nos domínios ambiental, social (ao nível do bem-estar, qualidade de vida e requalificação das pessoas) e de governance – crescendo legal e eticamente, assegurando a transparência e melhores práticas a todos os stakeholders. Através de iniciativas internas e externas, pretendemos impulsionar o poder das tecnologias digitais para reformular a forma como produzimos e crescemos hoje em dia, contribuindo de forma significativa e positiva para a sociedade e para a saúde do planeta. Esta é uma visão que temos incorporado no nosso ethos e na nossa cultura enquanto organização.
Por outro lado, já existem também iniciativas, como o “Digital with Purpose Movement”, da qual a Unipartner faz parte, em que empresas tecnológicas se estão a comprometer com metas para ajudar no combate às alterações climáticas, direitos humanos e responsabilidade digital, entre outros. O movimento vai ao encontro do cumprimento do Acordo de Paris e dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para 2030. Fomos uma das primeiras empresas em Portugal a aderir a este movimento, de carácter internacional, que une a tecnologia e sustentabilidade e pretende capacitar os setores económicos da energia, transportes, agricultura, educação, saúde e administração pública. Juntos pretendem atuar em 5 áreas prioritárias de impacto digital: Ação Climática, Economia Circular, Cadeia de Fornecedores, Inclusão Digital e Confiança Digital.
Este tipo de iniciativas organizacionais e com propósito é crucial e, para isso, é urgente a mudança nas lideranças empresariais. É preciso assumir que o digital tem um impacto positivo na vida das pessoas e que influencia, de certo modo, a forma como se relacionam, comunicam, vivem ou trabalham. Mas que, por outro lado, existem aspetos negativos que são necessários controlar e corrigir, como é o caso da produção de emissões de CO2. Podemos contrabalançar a quantidade de emissões poluentes que produzimos ao investirmos, por exemplo, em energias renováveis e mais amigas do ambiente, através da mudança para serviços na Cloud, usufruindo assim de datacenters mais eficientes e amigos do ambiente.
A adoção de práticas de sustentabilidade nas empresas e organizações pressupõe a incorporação de aspetos ambientais e sociais, pelo que a sua implementação tem de partir da liderança. Um modelo de gestão baseado na sustentabilidade implica investir em pesquisa e desenvolvimento, de forma a ser possível estimular o surgimento de novos produtos e serviços. É, por isso, imprescindível que os líderes das empresas envolvam os seus colaboradores na estratégia para a sustentabilidade, promovam debates e estimulem a partilha de novas ideias.
Só assim poderão rumar no caminho da liderança para a sustentabilidade.