Web Summit e a ética digital

A digitalização da Sociedade é uma realidade que encerra em si uma nova velocidade de evolução civilizacional, melhorando respostas, otimizando e promovendo uma aproximação entre todos.

Por Luís Newton

O setor privado vê na digitalização um enorme potencial na redução de desperdícios. O setor público olha para esta oportunidade como um investimento importante para a transformação digital.

Um País digital é um sinal de modernidade e um marco civilizacional que destaca qualquer sociedade das demais, mostrando competitividade e promovendo atratividade empresarial, capacidade de captação de investimento e segurança na estabilidade da previsibilidade de retorno desse mesmo investimento.

É por isso importante que se invista em eventos de escala mundial, que elevem a reputação de um país, constituindo verdadeiras âncoras reputacionais.

O governo de Pedro Passos Coelho trouxe para Portugal a Web Summit, uma organização para lá de um mero evento, que coloca o nosso País como o verdadeiro centro de modernidade, onde a transformação digital é muito mais que um objetivo, é o quotidiano.

Lisboa passou a ser a capital mundial da inovação, com um investimento anual de cerca de 11 milhões de euros e que, nas palavras do primeiro ministro, “A Web Summit é muito mais do que os 30 milhões de receita fiscal” direta em cada ano.

Esse investimento representava um pagamento, não só pelos custos de desenvolvimento do evento, mas também custos de infraestruturas (aluguer e/ou montagem), custos inerentes à deslocação de convidados especiais, eventos paralelos, etc.

Parece particularmente evidente que parte significativa destes custos não vão existir, sobretudo a partir do momento em que o evento não vai existir num espaço físico na nossa cidade. Não terão de ser alugadas e/ou montadas infraestruturas, não terão de se deslocar convidados, não existirão eventos paralelos em espaços físicos, etc.

Os termos do contrato (infelizmente) não são totalmente conhecidos do público, pelo que se adivinha nas recentes declarações de responsáveis políticos, de que não vai existir uma negociação da despesa este ano.

Fica no ar um certo sentimento de espoliação do erário público, já que desses 11 milhões nada vai ser reinvestido em Lisboa, e certamente não serão gerados 30 milhões de euros de receita fiscal direta.

Por isso, se o governo não procurou negociar com a entidade promotora do evento, uma redução do custo do evento para os contribuintes portugueses, então deveria ser a própria Web Summit a pegar numa verba das inscrições e fazendo-a reverter para o apoio direto ao desenvolvimento de start-ups nacionais.

O Futuro não deve ser apenas mais transparente, deve também ser muito ético.




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