A tecnologia é uma excelente forma de promover transparência, além de evitar erros e eliminar a necessidade de conciliação bancária.

Por Carlos Henrique Duarte da Silva | IBM América Latina
Nos últimos anos estamos a acompanhar uma verdadeira revolução no uso do Blockchain, tecnologia de processos de negócio que cada vez mais vem sendo utilizada por diferentes segmentos, como cadeias de suprimentos, comércio exterior, alimentos, saúde e, sobretudo, financeiro. Prova disso é que, de acordo com um recente estudo da Deloitte, em 2019, 53% das empresas entrevistadas afirmam que o Blockchain tornou-se uma prioridade para as organizações financeiras – 10% a mais que no ano anterior.
Particularmente na indústria financeira, que conforme o estudo lidera a utilização da tecnologia, o Blockchain tem melhorado (e muito) processos legados e está a promover a economia em processos muitas vezes burocráticos em com alta fricção entre partes interessadas.
Quando falamos de Blockchain no setor bancário, pensamos logo em criptomoedas e seu impacto de transformação na economia – e isso é bem natural. Entretanto, quero trazer hoje aqui uma reflexão sobre esta tecnologia, que vai muito além das criptos e que tem auxiliado instituições financeiras em aplicações para otimizar transferências de valores, manutenção de registos, conciliação de informações, resolução de disputas, melhorias em processos de crédito entre outras funções de impacto. Pois é, a transformação é grande – isso se levarmos em consideração que este é um setor conhecido pelos seus sistemas legados históricos, com alguns chegando a ter mais de 30 anos.
Como o principal atributo do Blockchain é tornar qualquer dado gravado imutável, outra vantagem da tecnologia é rastrear em tempo real qualquer informação já registada, o que consequentemente produz uma detalhada trilha de auditoria. Essa é uma excelente forma de promover transparência nos processos bancários e financeiros, além de evitar erros e eliminar a necessidade de conciliação bancária – controle usado para avaliar se há inconsistência de dados. A tecnologia ainda permite que normas como GDPR sejam atendidas.
Com o Blockchain, também é possível a adoção de contratos inteligentes, que são uma evolução automatizada dos contratos tradicionais. Isto permite a execução confiável e digital das regras preexistentes em acordos pré-estabelecidos, eliminando a necessidade de documentos em papel, além de possibilitar melhoria na aplicação de termos contratuais multilaterais, uma vez que estes são executados automaticamente assim que determinadas condições pré-definidas pelas partes são atendidas. Essa é uma facilidade que pode beneficiar qualquer acordo efetuado pelas instituições financeiras, principalmente envolvendo transações de ativos financeiros complexos, desde que tudo esteja em conformidade com as leis e normativas existentes.
O uso do Blockchain vai ser a chave para que nosso dinheiro e suas transações estejam em ambientes cada vez mais blindados e seguros, mitigando frequentes preocupações com abusos e fraudes. Se aliarmos o Blockchain a tecnologias adjacentes como internet das coisas (IoT), 5G, inteligência artificial (IA) e Edge Computing, aumentaremos exponencialmente os casos e processos a serem transformados. Podem apostar!