Durante o Sapphire Now, evento anual da SAP, este ano online, o novo CEO, Christian Klein, destacou a sustentabilidade e a ambição de disponibilizar mais soluções verticais

O Sapphire Now não começou da melhor maneira. Os clientes tiveram a oportunidade de testemunhar em directo um exemplo dos cuidados que são necessários na selecção de parceiros para transferir processos críticos para a cloud (nuvem). O aviso foi deixado por Christian Klein, CEO da SAP, durante o keynote de abertura.
A SAP não tomou as devidas precauções ao subcontratar a plataforma para transmissão online do evento. Quando Klein se preparava para subir ao palco virtual, plataforma caiu. A empresa teve de batalhar para redireccionar os 150 mil clientes que estavam a visualizar o evento para feeds de streaming no Linked In ou no Twitter.
Klein disse, no dia seguinte, aos jornalistas que tinham ocorrido “alguns problemas técnicos” nas sessões virtuais ao longo da conferência, que continuou inacessível por alguns dias.
“Há claramente uma decisão de que me arrependo desde já: subcontratar a nossa plataforma a terceiros”, disse. “Temos de ter a certeza que as plataformas tecnológicas funcionam”.
Os sistemas da SAP continuaram interrompidos, disse Klein, mas o incidente permitiu sublinhar a importância da plataforma sobre as quais as aplicações são construídas. Essa foi igualmente uma das mensagens da apresentação de Klein, único CEO da empresa desde Abril, para aqueles que puderam assistir no evento que se prolongou por uma semana.
Plataforma comum, mas sem código base comum
A SAP reuniu quatro partes do portfólio de produtos da empresa – analítica, gestão de dados, desenvolvimento de aplicações e tecnologia de inteligência – sob o nome Business Technology Platform. Esta apresenta um modelo de dados comuns e um único acesso para várias aplicações da SAP, mas não tem um código base comum.
Não é relevante se as aplicações na nuvem são escritas na mesma linguagem de programação, disse Klein aos jornalistas. “O importante é que utilizem o mesmo modelo de dados, os mesmos business services ou a mesma experiência de utilizador”.
Com todas as aplicações core a correr em base de dados in-memory HANA, a SAP está agora focada na integração de processos de negócio que servem. A empresa já disponibilizou 50% das suas propostas de integração e irá atingir os 90% até ao final do ano, disse Klein na sua keynote.
Contabilizar a pegada de carbono
Um dos maiores desafios que enfrentamos são as alterações climáticas, Segundo Klein.
Seja o que se pense a ciência do clima, governos por todo o mundo estão a aplicar taxas sobre emissões de carbono e as empresas capazes de minimizar a sua pegada de carbono em todas as fases da cadeia de abastecimento terão uma vantagem competitiva. A SAP está a trabalhar sobre o tema internamente, tendo prometido, em 2017, que atingiria a neutralidade das emissões de carbono até 2025. Agora, introduziu uma ferramenta que outros negócios podem utilizar para gerir as emissões de carbono nas suas próprias cadeias de abastecimento.
O SAP Product Carbon Footprint Analytics assenta em informação que os sistemas SAP já detêm, como utilização de energia, facturas de matérias-primas e outros dados de procurement, bem como fontes de dados de terceiros. A Doehler, um fornecedor de ingredientes para a indústria de alimentação e bebidas, é o primeiro cliente da SAP com a ferramenta em funcionamento.
Soluções cloud para a indústria
Klein apresentou novidades sobre a as soluções cloud para a indústria, um conjunto de soluções construído para mercados verticais específicos – por exemplo, produtos de consumo e automóvel – que utilizam a plataforma cloud da SAP. Estas ligam-se a outros elementos da Business Tecnhology Platform da SAP através de API e correm quer na infra-estrutura SAP quer na infra-estrutura de outras empresas como Amazon Web Services, Microsoft Azure ou Google Cloud Platform.
Foi em 2014 que a empresa revelou pela primeira vez alguma informação sobre as cloud verticais, quando definiu o objectivo de alargar a sua cloud a todas as 25 indústrias que serve. Agora, Klein acrescenta que a SAP não o irá fazer sozinha, trabalhando em vez disso com parceiros que fornecem soluções em algumas indústrias.