CEO da IBM foca discurso na IA e na cloud híbrida

Durante a conferência virtual Think 2020, Arvind Krishna, CEO da IBM desde o início do ano, descreveu os imperativos da cloud híbrida

IBM executive Arvind Krishna. 5/30/19 Photo by John O’Boyle

O CEO da IBM, Arvind Krishna, aproveitou a sua primeira participação na conferência Think para reafirmar que “a cloud híbrida e a Inteligência Artificial são, actualmente, as duas forças dominantes no percurso da transformação digital, actualmente”.

O recentemente nomeado CEO foi, nas suas palavras, muito além das soluções e serviços da empresa. Para Krishna, “a pandemia Covid-19 representa um ponto de viragem para muitas empresas, uma vez que a disrupção e incerteza causadas pela crise tem vindo a acelerar a transformação digital que muitos já tinham em curso”.

E prosseguiu “Não há dúvida de que esta pandemia é uma força poderosa de disrupção e uma tragédia sem precedentes. Mas, é também um ponto de viragem crítico e uma oportunidade para desenvolver novas soluções, novas formas de trabalhar e novas parcerias que vão beneficiar a vossa empresa e os vossos clientes não apenas hoje, mas nos próximos anos”.

Exemplo do impacto da pandemia foi a realização da conferência anual da IBM por via digital quando estava originalmente agendada para ter lugar em São Francisco, EUA. Segundo fonte oficial da empresa contou com mais de 90 mil registos. 

Novidades na cloud híbrida

Sem surpresas, muitos dos anúncios feitos ao longo da conferência, assentam na cloud híbrida, potenciada, em grande parte, pela aquisição da Red Hat pela IBM, por 34 mil milhões de dólares, em 2018.

É o caso, do preview técnico do IBM Cloud Satellite. Este produto “leva os serviços cloud a qualquer lugar que um cliente precise, as-a-service, on-premises ou edge”, disse Krishna no seu discurso de abertura. Por outras palavras, o Cloud Satellite, assente em kubernetes, permite aos clientes da IBM correr e gerir workloads a partir de um único painel na nuvem pública da IBM, nos seus próprios centros de dados ou em locais de computação edge.

O pacote de cloud completo inclui o Red Hat Enterprise Linux e outros serviços associados Istio. Serviços como o Red Hat OpenShift, a base de dados na cloud da IBM, e as ferramentas IBM Cloud Continuous Delivery podem operar em localizações “satélite”, geridas através de um dashboard central para políticas, gestão de configuração e controlo de tráfego na rede.

O presidente da IBM e antigo CEO da Red Hat, Jim Whitehurst, destacou na sua apresentação que “precisamos de uma arquitectura comum que corra em todos os ambientes, não apenas um painel de gestão que permita observar o caos, mas um que nos permita correr em qualquer lado”.

A Red Hat tinha anunciado anteriormente a preview técnica da virtualização OpenShift, que facilita aos clientes a migração dos workloads assentes em VM para kubernetes, correndo-os em paralelo com contentores geridos como objectos kunernetes nativos na OpenShift.

Esta é uma reminiscência da abordagem feita pela Google Cloud com a sua plataforma Anthos, que usa de forma semelhante uma base de kubernetes e contentores para permitir uma maior portabilidade de workloads num mesmo painel de controlo, com identidade, gestão de acessos e capacidade de observação integrada.

Nova liderança, nova visão

A liderança da IBM sofreu alterações no início deste ano, na sequência da saída da CEO Virginia Rometty. Para CEO foi nomeado Arvind Krishna, anterior vice-presidente sénior de software cloud e cognitivo. Para presidente foi nomeado o antigo CEO da Red Hat, Jim Whitehurst. O veterano Paul Cormier, há 12 anos na Red Hat, passou a CEO desta empresa com a reorganização.

Krishna apresentou a sua visão numa publicação no LinkedIn, no seu primeiro dia de trabalho no mês passado. “Existe uma janela de oportunidade única para a IBM e para a Red Hat sedimentarem o Linux, os contentores e os kubernetes como novo standard. Podemos tornar o Red Hat OpenShift na opção padrão para a cloud híbrida do mesmo modo que o Red Hat Enterprise Linux é a opção padrão para sistema operativo”, escreveu.

Aprofundando este tema na sessão da abertura da Think, Krishna tomou de empréstimo as palavras de Pat Gelsinger, CEO da VMWare, quando falou sobre “os quatro imperativos rumo à adopção do híbrido”. A saber: História, Escolha, Física e Direito.

História diz respeito aos sistemas legacy que a maioria das empresas acaba por ter e que cria a necessidade de uma estratégia multi-cloud híbrida. Escolha refere-se ao desejo que as organizações têm de evitar ficar presos à “inovação de uma só empresa”, como explicou Krishna, e de ter a flexibilidade para mover workloads de fornecedor para fornecedor conforme julguem fazer sentido.

A Física está relacionada com as limitações físicas dos sistemas actuais no que diz respeito a organizações com necessidades de latência únicas. Isto cria a necessidade de desenvolvimentos híbridos para casos de uso como veículos autónomos ou robots de assemblagem em chão de fábrica. Finalmente, existe o direito, (necessidades regulatórias e de conformidade) que obrigam os negócios a manter determinadas aplicações e dados nas suas instalações.

AI e 5G têm o seu espaço

Outros anúncios incluíram o Watson AIOps e um novo conjunto de opções edge e 5G. Relativamente ao Watson AIOps, a IBM está a procurar o Cálice Sagrado para muitos líderes de IT: automatizar tarefas básicas de IT e dar resposta aos problemas antes que estes ocorram. Ao combinar métricas e alertas com dados não estruturados como logs e tickets, os algoritmos de aprendizagem automática e a compreensão da linguagem natural do Watson podem “criar e sintetizar um relatório de problema holístico para identificar e dar resposta à situação”, disse a vice-presidente para o desenvolvimento do Watson AIOps, Jessica Rockwood, numa publicação na Internet.

Os anúncios vocacionados para as Telecom centraram-se no IBM Telco Network Cloud Manager, um pacote de tecnologia vagamente referida a par do novo braço IBM Services e rede de parceiros para ajudar as empresas de telecomunicações a lançar novos produtos 5G e habilitados para o edge.

A IBM apresentou ainda um Edge Application Manager, que promete insights e gestão remota de até 10 mil pontos edge, por um único administrador, assentes em inteligência artificial.

“A nova versão do Edge Application Manager e a introdução do Telco Cloud Manager fazem parte da estratégia de cloud híbrida da IBM que está agora a expandir-se através das Telecom para a edge”, disse Nick McQuire, vice-presidente sénior e responsável pela investigação empresarial na CCS Insight.

“Este movimento surge após outros movimentos importantes feitos pela AWS, Microsoft, e Google Cloud no espaço das Telecom nos últimos 12 meses”, acrescentou McQuire. “O que estamos a ver agora é a convergência da cloud, da rede edge e do 5G a acontecer em tempo real e as grandes empresas de tecnologia estão a colocar-se nas melhores posições para fazer face à próxima grande mudança no mercado cloud”.

Computerworld Portugal, com Scott Carey, Editor da IDGNS no Reino Unido.

[A Computerworld está em regime de teletrabalho com a ajuda da tp-link]




Deixe um comentário

O seu email não será publicado