Intel acaba com Kaby Lake G

A improvável parceria entre a Intel e a AMD anunciada em 2018 terminou discretamente. A Intel continuará a disponibilizar drivers para os processadores

A improvável parceria entre a Intel e a AMD anunciada em 2018 terminou discretamente. A Intel continuará a disponibilizar drivers para os processadores

A Intel revelou discretamente o fim dos processadores Kaby Lake G, baseados em gráficos da AMD. O produto tinha sido anunciado durante a CES 2018, resultado de uma parceria inesperada entre os dois fabricantes de processadores, que combinava, num único pacote, a sétima geração do CPU Kaby Lake, da Intel, e o GPU Radeon RX Vega, da AMD.

O fim da parceira foi revelado discretamente, na segunda-feira. A alteração foi detectada por Paul Alcorn da Tom’s Hardware. A Notificação de Alteração do Produto publicada na segunda-feira confirmou que praticamente todos os Kaby Lake G, incluindo o Core i7-8706G, o Core i7-8705G, e o Core i5-8305G, seriam descontinuados. As últimas encomendas podem ser feitas até 17 de Janeiro e as últimas entregas estão agendadas para 31 de Julho de 2020.

Embora o final do ciclo de vida de um processador não seja habitualmente uma grande questão para os consumidores que os utilizam, um dos pontos complicados neste caso poderá ter sido o suporte de drivers. Especialmente, os drivers Kaby Lake G para o AMD Radeon RX Vega M que vinham da Intel. Habitualmente com GPU discretos, o consumidor teria de descarregar os drivers a partir da empresa original, tal com da Nvidia ou da AMD.

As últimas encomendas podem ser feitas até 17 de Janeiro e as derradeiras entregas estão previstas para 31 de Julho de 2020.

Com o final do Kaby Lake G como ficariam os detentores de processadores? A Intel disse que a empresa vai seguir a sua política standard e que irá disponibilizar o suporte para os Kaby Lake G durante cinco anos, a partir do lançamento do produto. Dito isto, tal significa mais três anos e meio de actualizações dos drivers.

O Kaby Lake G surgiu inesperadamente, mas a análise do Computerworld sobre o mesmo antecipava-o com promissor. Parecia uma ameaça legitima para a hegemonia da Nvidia em gráficos para portáteis.

“Por melhor que seja, o Kaby Lake G não vai abalar o espaço do CPU+GeForce, actualmente”, escrevemos na altura. Mas, um dia, se existir um Cannon Lake G ou um Whiskey Lake G com mais núcleos  e gráficos melhorados, a AMD e a Nvidia deverão preocupar-se”.

A Nvidia, totalmente excluída da parceria, era quem tinha mais a perder. “O que é mau para a Nvidia”, escrevemos, “é como o desenho integrado da CPU e GPU concentra o poder na Intel. Se a Intel compra os processador gráfico e o adiciona, o fabricante de portáteis deixa de fazer a sua escolha, congelando potencialmente a Nvidia”.

Apesar de a AMD fazer parte do jogo, também enfrentava riscos. “O cenário para a AMD também não é bonito”, escrevemos. “Actualmente, a Intel está a comprar gráficos Radeon, mas a empresa anunciou recentemente a intenção de fazer os seus próprios gráficos discretos. É totalmente possível que um futuro processador “G” possa incluir gráficos discretos da Intel e não da AMD.

A Nvidia não parecia estar com receio de nada relacionado com o processador G, actualmente. De facto, ainda esta semana, cinco novos produtos de que tivemos conhecimento utilizam o processador, sendo um deles fabricado pela Intel. Em contraste, surgiram várias dezenas de produtos surgiram com o GeForce+CPU.

Intel está a reorientar portefólio

Enquanto a Dell, a HP e a Acer construíram computadores portáteis com o processador de baixo desempenho de 65 watt, nenhum fabricante fez um baseado no muito mais rápido processador de 100 watt. Porquê? Provavelmente nunca saberemos. Terão sido questões técnicas, questões de disponibilidade? Terá a Nvidia encontrado uma forma de frustrar as intenções da Intel? Terá a AMD decidido não fornecer mais processadores Radeon ao seu principal concorrente? Ou terá a Intel decidido que os esforços despendidos nos seus próprios gráficos teriam precedentes?

A resposta da Intel às nossas questões sobre a morte do Kaby Lake G parecem indicar que apenas deixou de precisar dos gráficos da AMD.

“A Intel está a reorientar o seu portefólio de produtos”, disse um porta-voz da Intel à PC World. “A nossa 10 geração de processadores Intel Core com gráficos Iris Plus estão integrados na nova geração de arquitectura de gráficos (Gen11) que praticamente duplica o desempenho dos gráficos. Temos também mais recursos disponíveis no nosso motor gráfico que irá trazer melhorias aos PC no futuro”.

O mais importante legado do Kaby Lake G será provavelmente a utilização de tecnologia EMIB da Intel para reunir núcleos Kaby Lake de sétima geração com processadores Radeon RX Vega M. Ao utilizar EMIB, a Intel reduz acentuadamente o tamanho do pacote tipicamente utilizado no design de GPU e CPU discretos. O Kaby Lake G também lhe deu a possibilidade de monitorizar e controlar o consumo de energia e a produção de calor.

Em última instância, o impacto real do Kaby Lake G foi provar que era possível para a Intel e para a AMD trabalhar em conjunto num produto, algo que poderemos não voltar a ver.

Com Gordon Mah Ung, PCWorld




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