O Futuro do Blockchain passa pelos Smart Contracts

A tecnologia Blockchain é considerada como uma das maiores inovações deste século apesar de muitas entidades e sectores estão reticentes à sua existência e ao seu potencial. Começou a ganhar atenção graças à popularidade da Bitcoin. Quando esta se tornou progressivamente mais relevante, diversas aplicações surgiram com interesse de aproveitar as capacidades e os princípios que esta tecnologia digital oferece.

Por Bruno Pires, Blockchain Developer 

Com base no seu conhecimento e interesse na Bitcoin, o jovem Vitalik Buterin lançou um documento sobre um Blockchain mais maleável que podia ser programado para realizar inúmeras funções arbitrárias, surgindo a famosa blockchain Ethereum. Esta diferencia-se da Bitcoin ao permitir que os utilizadores registem outros ativos nomeadamente contratos. A nova característica tornou o Ethereum não só uma cripto-moeda, mas também uma plataforma para desenvolver aplicações descentralizadas. Através do Ethereum nasceu a ideia de DAOs, na qual promove corporações descentralizadas a correr inteiramente através de smart contracts. Uma organização autónoma descentralizada (DAO) é uma organização representada por regras codificadas como um programa de computador transparente, controlado por acionistas e não influenciado por um governo central.

Um smart contract é um protocolo computacional destinado a facilitar, verificar e impor digitalmente a execução de um contrato. Estes “contratos inteligentes” permitem a execução de transações confiáveis sem terceiros. Os verdadeiros motivos pelos quais os smart contracts devem ser vistos como uma boa alternativa para o solucionamento de diversas tarefas nos diferentes sectores, na minha opinião, é a sua imutabilidade e segurança. O facto do código definido não puder ser alterado pode prevenir erros e complicações que possam surgir através de alterações e fraudes. Se formos pensar em exemplos, os smart contracts providenciam segurança no que toca a questões legais e/ou a registos médicos, nomeadamente quando um profissional de saúde quer providenciar informação sobre um paciente em tratamento periodicamente ao longo de um determinado tempo definido por código num “contrato inteligente”. Todas as medidas seriam automaticamente impostas, mas dificilmente quebradas.

A questão é, se esta tecnologia é assim tão prática e segura como é que ainda não foi adotada nos principais sectores financeiros e de saúde? Apesar das plataformas de smart contracts estarem direcionadas para serem autossuficientes, descentralizadas, precisas e transparentes, esta tecnologia encontra-se em crescimento e vai levar tempo até ser aceite pelas principais entidades. Mesmo assim, deve-se ter em atenção que a prevenção de fraude, reduções de custo de transação e imutabilidade desta tecnologia são inquestionáveis, por isso devia ser reconhecida como uma alternativa válida aos contratos tradicionais.

Ainda no início deste ano, Vitalik Buterin fez uma declaração controvérsia no que toca às aplicações possíveis de um smart contract, ele afirmou que: “Mais pessoas deviam pensar em usar smart contracts para pagamentos recorrentes por segundo para serviços de subscrição, doações, dividendos, etc.”, no qual ainda acrescenta que “não há necessidade de existir o conceito de salários bissemanais ou mensais”. Na minha opinião, esta ideia poderia ser muito bem aceite pelos trabalhadores no qual iam conseguir estabelecer um melhor nível de dinheiro por tempo investido, porém os bancos e a nossa sociedade financeira apresentam uma mentalidade muito “fechada” em relação a este assunto, aliás seria colocada a questão que isto poderia ser impossível devido aos aumentos nos custos das transações que a nossa economia podia influenciar.

Nos últimos anos, vários projetos aumentaram as capacidades da tecnologia Blockchain. Em 2017, a EOS.IO surgiu como mais uma plataforma de smart contracts com o objetivo de incentivar a implementação de aplicações descentralizadas por meio de uma DAO. Uma dessas aplicações pode ser a implementação de sidechains. Uma sidechain é um Blockchain interoperável que é produzida a partir do código de uma corrente (chain) principal, mas que permite operações únicas e independentes. Esta adição ao ecossistema de Blockchain torna-se bastante inovadora dado que oferece aos “developers” a possibilidade de criar redes de blockchains todas elas com diferentes propósitos, mas a partilharem informação para benefício mútuo.

Com base em todas as questões colocadas e que no futuro poderão surgir, podemos considerar que estamos num período de evolução da tecnologia Blockchain devido à influência das implementações inovadoras através de smart contracts. A mudança para a adoção desta tecnologia não será brusca, mas sim periódica.




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