O mercados das nacional de TIC vai atingir 8,24 mil milhões de euros durante o corrente ano, o que representa um crescimento de 2,2% face ao ano anterior. Gabriel Coimbra, da IDC fala sobre o efeito da cloud.

Gabriel Coimbra, director-geral para Portugal da IDC
À margem da conferência “Cloud Leadership Forum” realizada recentemente, em Lisboa, Gabriel Coimbra respondeu a algumas questões colocadas pelo Computerworld sobre o mercado da cloud em Portugal.
Na ocasião, foram apresentadas as Predictions da IDC para a cloud a nível mundial. O director-geral da IDC para Portugal levantou um pouco o véu sobre o mercado nacional.
Computerworld – Quais são as principais conclusões das “Predictions” para a cloud a nível mundial? Já há dados que possam ser localizados para Portugal?
Gabriel Coimbra – A cloud está a revolucionar todas as indústrias e espera-se que, em 2022, aproximadamente 40% dos gastos base em tecnologias de informação seja relacionado com a cloud, estimando-se que cresça até aos 80% em 2028.
A exemplo das tendências globais, também na Europa se prevê com a concentração das workloads nas quatro principais plataformas de cloud, que deverá atingir os 80% do total. Adicionalmente, a transição inexorável para o desenvolvimento de aplicações empresariais nativas na cloud, e integrando “edge computing” em mais de 40% dos casos. Este crescimento irá levar a uma opção por serviços de cloud geridos, para optimizar o retorno do investimento, reduzir orçamentos e lidar com a escassez de especialistas nestas tecnologias. Esta opção irá igualmente levar a que, em 2023, mais de 40% dos orçamentos de operações de TI empresariais sejam despendidos com base no consumo, permitindo um melhor alinhamento entre o custo e o negócio.
Em Portugal, temos vindo também a assistir a um crescimento deste mercado. A adesão ao evento, com mais de 220 participantes, é uma clara demonstração deste interesse e entusiasmo. Ficou também patente que o mercado português já está a avançar em força para a adopção de uma estratégia cloud, o que coloca novos desafios relacionados com a estratégia para um ambiente híbrido, onde as questões de governance, gestão financeira, segurança e não “lock-in” são críticos.
CW – A questão “lock in” na cloud, que até agora só ouvia falar nos bastidores, parece ter chegado aos painéis das conferências. Pode comentar? Porquê agora?
GC – Acreditamos que esta questão tem muito a ver com a evolução e maturidade da cloud, que é um pilar incontornável de qualquer estratégia tecnológica e de negócio.
A relevância da cloud torna ainda mais premente o tema do Lock-in na Cloud, que as organizações têm vindo a evitar através da adoção de estratégias multicloud e cloud-native, bom base numa arquitetura hyperagile.
CW – Quais os objectivos da conferência e quais os resultados alcançados?
GC – O Cloud Leadership Forum ambiciona ser um espaço amplo de debate e partilha de informações e melhores práticas para todas as organizações que estão a considerar avançar com uma estratégia cloud.
É igualmente um espaço privilegiado no qual os diferentes players do sector apresentam as mais recentes tendências nesta área. A cloud é uma realidade incontornável e os resultados que conseguimos são uma demonstração clara da relevância atribuída por parte das empresas.
TIC crescem 2,2% para 8,24 mil milhões de euros
Durante o corrente ano, o mercado das tecnologias de informação e comunicações em Portugal deverá crescer 2,2% para cerca de 8,24 mil milhões de euros, revelou a IDC, após o evento “Cloud Leadership Forum“. A contribuir para este crescimento, está o investimento em projectos de transformação digital, uma intenção apontada por 71% dos decisores nacionais que revelam uma “clara aposta na inovação e competitividade”, refere a IDC em comunicado.
Os dados agora revelados estão em linha com a tendência que se vem registando nos últimos anos, com as tecnologias de terceira plataforma e aceleradores de inovação a apresentar um forte crescimento. Agora, as perspectiva de crescimento prosseguem até 2022. Neste ano, o investimento em TIC devera representar uma oportunidade de mais de cinco mil milhões de euros. De assinalar que o “negócio” está a ganhar terreno face aos departamentos de tecnologias de informação enquanto fonte de responsabilidade pelo investimento realizado.
As tecnologias destacadas pelo estudo da IDC são a cloud, a Internet das Coisas, Big Data e cibersegurança. Estas deverão apresentar crescimentos superiores a 7% ao ano. Os maiores investidores serão o retalho, saúde, seguros, banca, indústria e serviços profissionais.