Dados: o nosso melhor aliado para vencer batalhas na saúde

Dados, saúde e privacidade dos dados. Daniel Cruz, director da NetApp Portugal, escreve, em opinião, sobre a necessidade que os utilizadores de aplicações de saúde têm de confiar nas aplicações e na forma como os seus dados são tratados.

Daniel Cruz, director da NetApp Portugal

O sector da saúde evoluiu até ao ponto em que a maior ameaça à nossa saúde está ao alcance das nossas mãos: os alimentos que consumimos. Estes, aliados a vidas sedentárias e a uma saúde mental deteriorada, implicam que a sociedade tem de enfrentar agora os seus próprios comportamentos na sua batalha contra as enfermidades crónicas. A ludificação do exercício físico mediante diversas aplicações de treino e fitness que monitorizam o nosso bem-estar demonstrou ter um enorme potencial. À medida que se asseguram a inovação e a transformação tecnológica no sector da saúde, a certeza do nosso avanço recai numa fusão criativa das tecnologias da saúde e a confiança na privacidade e segurança dos dados que estas geram.

Compreender o motivo pelo qual é tão importante garantir a evolução e a democratização contínua da saúde, dotando os pacientes do futuro das ferramentas tecnológicas de que necessitam para combater as enfermidades crónicas, é simples: basta descobrir um punhado de estatísticas-chave. O relatório “Health at a Glance”, elaborado pela OCDE, estima que a morte prematura de 550 mil pessoas em idade laboral que ocorre anualmente na União Europeia devido a doenças crónicas, custa 115 mil milhões de euros anualmente às economias da região, o equivalente a 0,8% do seu PIB. Este estudo conclui que políticas de saúde pública e prevenção mais acertadas, aliadas a uma saúde mais eficaz, poderiam salvar centenas de milhares de vidas e poupar milhares de milhões de euros todos os anos.

É aqui que entra a inovação explosiva: quando os mundos dos negócios e da saúde começam a comunicar, a tecnologia converte-se em solução. 

À medida que os serviços de saúde vão dando mais liberdade ao paciente para avaliar o bem-estar geral do público, os pacientes estão a adoptar um papel mais activo na mudança. Esta mudança de mentalidade representa uma grande oportunidade para alterar os nossos hábitos e colaborar entre todos em prol do objectivo comum de uma saúde de ferro.

É aqui que entra a inovação explosiva: quando os mundos dos negócios e da saúde começam a comunicar, a tecnologia converte-se em solução. Assim, estamos a assistir a uma explosão de dispositivos wearable que monitorizam e registam dados dos pacientes, em conjunto com aplicações de saúde para smartphones, que podem ajudar a prevenir enfermidades crónicas fomentando a actividade física, estimular alterações nos hábitos e educar o utilizador acerca da sua saúde.

A Internet das Coisas também se vale das novas expectativas dos pacientes e pode contribuir para fomentar certos hábitos positivos. Segundo diversas estimativas, o mercado mundial das tecnologias da Internet das Coisas em torno da saúde crescerá até atingir um volume de 400 mil milhões de dólares em 2020, levando a saúde ao lar e oferecendo cuidados mais personalizados. Estes investimentos contribuem para dar mais autonomia e tranquilidade aos pacientes, colocando-os ao comando dos seus cuidados: os próprios pacientes podem monitorizar a sua situação cardíaca ou o avanço das suas enfermidades e infecções, com a ajuda de aplicações, sensores e wearables.

Num mundo que continua a tentar controlar a crescente inundação de dados fruto do crescimento da Internet das Coisas e no qual a App Store alcançará cinco milhões de aplicações em 2020, a gestão dos dados está submetida a um escrutínio cada vez maior.

Na Europa, o Regulamento Geral de Protecção de Dados (RGPD), que entrou em vigor em Maio de 2018, representa uma grande oportunidade para que empresas e prestadores de serviços de saúde regulem e consolidem os seus protocolos de gestão de dados, em benefício da privacidade dos pacientes.

O RGPD forçará prestadores de serviços de saúde e programadores de aplicações a analisar minuciosamente as suas operações digitais, incluindo os seus protocolos de armazenamento, segurança e identificação de pacientes. 

O RGPD, que exige que qualquer empresa que use dados pessoais demonstre um consentimento válido para o seu uso por parte do utilizador, comunicando claramente como vai utilizar a dita informação, forçará prestadores de serviços de saúde e programadores de aplicações a analisar minuciosamente as suas operações digitais, incluindo os seus protocolos de armazenamento, segurança e identificação de pacientes.

A inovação está a ajudar os pacientes a vencer batalhas na saúde no futuro, mas para tal, os utilizadores terão de poder confiar nas suas aplicações e na privacidade dos seus dados.




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