O objectivo da integração da bengala, do smartphone e de um sistema de visão artificial é ajudar cegos e amblíopes no seu dia-a-dia.
Um grupo de investigadores do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) vai realizar testes com invisuais na próxima segunda-feira, no edifício da Escola de Ciência e Tecnologia (Polo I) da UTAD.
Os investigadores combinaram uma bengala, um smartphone e um sistema de visão artificial com o objectivo de “aumentar a autonomia dos cegos ou de pessoas com visão reduzida, permitindo a sua inclusão num maior conjunto de atividades e melhorando a sua qualidade de vida”.
Os investigadores pretendem criar “um sistema composto por vários módulos de informação geográfica, visão artificial e uma bengala eletrónica capaz de dar informações de contexto e de suporte à navegação dos invisuais”. No dia 19, a solução será testada por invisuais, para procurar aferir “detalhes que, enquanto visuais, não conseguimos perceber”, João Barroso, investigador do INESC TEC e docente da UTAD.
Para o efeito os investigadores contaram com a colaboração da Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO) para organizar as demonstrações.
A bengala electrónica estende a funcionalidade da bengala branca tradicional, adicionando-lhe a eletrónica necessária para que o utilizador interaja com uma aplicação móvel (a aplicação de navegação) ao mesmo tempo que ajuda a aplicação a localizar o utilizador.
A nova bengala vem equipada com um punho (impressão 3D) que incorpora toda a eletrónica, um leitor de etiquetas de radiofrequência (RFID) e uma antena na ponta (componente que ajuda a estimar a localização do utilizador), um joystick de cinco direções (cima, baixo, esquerda, direita e centro) para fazer o interface com a aplicação móvel, um emissor de sinais sonoros (beep), um atuador háptico (emissão de vibrações com várias durações e frequências), um transmissor Bluetooth (para comunicação com o smartphone) e uma bateria.
Para funcionar, a bengala tem de interagir com a aplicação móvel de navegação que obtém a localização do utilizador (através de GPS, Wifi, Visão por computador, entre outras), o armazenamento da informação geográfica necessária ao seu funcionamento (mapas desenvolvidos pelos investigadores numa plataforma web também desenvolvida por eles), o cálculo de rotas para pontos de interesse, o alerta sobre a existência de pontos de interesse na vizinhança do utilizador e o interface com o utilizador via áudio (texto to speech) e via háptica (bengala).
O projecto foi reconhecido pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) com o Prémio Inclusão e Literacia Digital 2015, no valor de 29 mil euros. As demonstrações que agora estão a ser feitas surgem na sequência deste reconhecimento.