Acções contra criptomoedas deverão influenciar evolução da blockchain

A China, outros países e “ecossistemas” procuram controlar cada vez mais as divisas digitais.

Enquanto a vaga mediática em torno da bitcoin e outras criptomoedas elevam as cotações das mesmas rapidamente, alguns governos e empresas procuram restringir processos possíveis com as divisas. Por exemplo, o Banco Santander está a impedir que clientes “convertam” as criptomoedas para euros, mediante transferências de bolsas relacionadas.

Um dos objectivos declarados de países e entidades é evitar potenciais operações de lavagem de dinheiro, além de proteger os consumidores de uma crise de crédito. As organizações gestoras de bolsas de criptomoedas começaram a sair da China para países mais permissivos e organizações em geral começam a impor restrições sobre como ‒ ou mesmo se ‒ as criptomoedas podem ser usadas.

As blockchain abertas, como a da bitcoin, são apenas as primeiras a serem afectadas pelo aumento da supervisão regulatória. Dependendo de como são usadas, mais ou menos controladas, administradas de forma centralizada e utilizadas ​para transacções gerais, também podem ser afectadas pelo impulso de reinar no meio da tecnologia de criptomoedas.

Ao ter electricidade barata, a China já foi um refúgio para vastos complexos de servidores, grandes consumidores de energia, que realizam o processamento algorítmico para descobrir bitcoins. Também albergava plataformas de redes de moeda digital em blockchain.

A medida chinesa “pode muito bem impulsionar o desenvolvimento de outras criptomoedas, especialmente aquelas com menor pegada de carbono no processamento de transacções e mais aplicações comerciais e de TI como a Ethereum”, considera Paul Brody (EY).

Mas durante os últimos anos, no entanto, a China começou gradualmente a reprimir esse tipo de iniciativa. No ano passado, a China proibiu totalmente as ofertas iniciais de moeda (ICO, sigla em inglês), uma forma de crowdfunding com criptomoedas, e depois colocou bloqueios na negociação em moedas digitais.

Mais recentemente, o governo chinês começou a fechar a torneira de facilidades em consumo de energia para grandes unidades de extracção de bitcoin. “O mercado é muito empreendedor e veremos o processamento de transacções de bitcoin sedear-se noutro lugar bastante rapidamente”, considera Paul Brody, líder para inovação global e blockchain na EY.

A medida chinesa “pode muito bem impulsionar o desenvolvimento de outras criptomoedas, especialmente aquelas com menor pegada de carbono no processamento de transacções e mais aplicações comerciais e de TI como a Ethereum”. A Bitmaine, empresa que administra duas das maiores unidades de extracção de bitcoin na China, e a BTC.Top, o terceiro maior grupo, criaram operações nos EUA e no Canadá.

Existem várias razões “boas” para China e outros países adotarem uma abordagem regulatória mais prática para criptomoeda, de acordo com Martha Bennett, analista da Forrester Research.
Há uma preocupação crescente de que as criptomoedas podem ser uma ameaça para o sistema financeiro actual. Isso acontecerá sobretudo por via de especulações desenfreadas e empréstimos sem garantias feitos por consumidores que procuram comprar o dinheiro digital.

“Nós vimos evidências crescentes de que as pessoas estão a pedir empréstimos para investir nas criptomoedas, e em alguns casos, usam cartões de crédito”, diz Bennett. “Isso poderia levar a um colapso do crédito”.

“Quando se tem uma situação como essa, [de grande volatilidade] mesmo com uma rede controlada, se houver um token associado a um incremento de valor drástico, isso poderia ter implicações”, nota Martha Bennett (Forrester Research).

O preço da criptomoeda líder, a bitcoin, subiu rapidamente para quase 20 mil dólares nas últimas semanas. Mas o seu valor mergulhou para menos de 13 mil pouco depois, antes de recuperar para 14.500. A segunda criptomoeda mais popular, a Ether, da Ethereum, também teve o seu preço a subir rapidamente no mês passado, 481 para mais de 1300 dólares.

A Ripple, que tem um sistema de liquidação financeira e de câmbio baseado blockchain, também possui sua própria forma de criptomoeda: a XRP, que os bancos da rede podem usar como intermediária. Devido ao recente fervor de investimento em torno de moedas digitais, o preço de mercado da XRP também aumentou drasticamente.

“Quando se tem uma situação como essa, mesmo com uma rede controlada, se houver um token associado a um incremento de valor drástico, isso poderia ter implicações”, disse Bennett. Ao contrário da bitcoin, a tecnologia de blockchain da Ethereum foi desenvolvida para uso de empresas no suporte a redes de transacções de ponto a ponto.

E está a ser implantada em projectos-piloto para tudo, desde pagamentos transfronteiriços até a monitorização de envio e trânsito de encomendas. O token da Ether foi desenvolvido como forma de financiar o seu desenvolvimento, mas foi “sequestrado” pelos investidores, disse Bennett.

 

Meios financeiros pressionam

À medida que o uso de criptomoeda se expande, reguladores por todo o mundo estão a considerar medidas de maior supervisão. No entanto o assunto “não é apenas sobre a China e os reguladores”, diz Bennett. Um “ecossistema” mais amplo está a exercer pressão.

Esta semana, Israel declarou que a bitcoin não era uma moeda real. E na semana passada, a Visa terminou de repente o seu relacionamento com a WaveCrest, uma empresa que converte criptomoedas noutras divisas usadas nos cartões de débito Visa pré-pagos.




Deixe um comentário

O seu email não será publicado