Sim, a matriz não serve só para as grandes organizações e uma pequena startup com cinco a seis trabalhadores pode utilizá-la, assinala Ilídio Faria, consultor da Winning Scientific Management.

Ilídio Faria, consultor da Winning
Scrum é uma framework para desenvolver e manter produtos complexos, usualmente associado a processos de desenvolvimento de software. Mas o Scrum é muito mais do que isso, é uma ferramenta de organização do trabalho aplicável a qualquer tipo de organização, em qualquer sector de actividade e gerindo produtos ou serviços mais ou menos complexos.
No entanto, seja qual for o tipo de organizações que pretenda implementar Scrum na sua gestão diária, existe um conjunto de regras que não devem alteradas. De forma muito simples explicamos as mesmas aqui. O sistema é constituído por Papéis, Fluxos, Artefactos e Eventos.
Existem três papéis e somente três no Scrum, o de Product Owner, pessoa responsável por garantir os requisitos base do produto, alterações/melhorias, e a entrega final ao cliente, o Scrum Master, que é o principal responsável pela implementação e gestão do Scrum, um facilitador, um servo-líder, alguém responsável pelo funcionamento correcto da framework, e por último uma Dev Time ou equipa de produção ou desenvolvimento.
Por outro lado, temos os Fluxos, e estes não são mais do que Sprints. No Scrum o grande objectivo é em cada Sprint entregar uma parte do produto funcionável ao cliente final, e que esta tenha grande valor acrescentado para o cliente.
Normalmente um sprint varia entre uma semana a um mês, ou seja, por exemplo, num sprint de um mês o cliente pode ter quatro incrementos no produto que está a adquirir, na realidade, o cliente está a assistir à construção do produto/serviço.
Ainda no Scrum temos Artefactos, o nome pode assustar, mas trata-se somente do trabalho ou do valor para o fornecimento de transparência e oportunidades para inspecção e adaptação, antes, no meio e final de um sprint. Os principais artefactos são o Product Backlog, Sprint Backlog e Product Increment.
Por último e não menos importante temos os eventos, que são acontecimentos que ocorrem durante e no final do sprint. Estamos a falar essencialmente de reuniões com tempos e objectivos muito bem definidos.
Daqui destacamos o Sprint Planning Meeting, ou seja, a reunião de kick-off de cada sprint, o Daily Scrum, uma fantástica reunião diária de 15 minutos, em pé, onde é discutido o que se faz no dia anterior, o que se vai fazer nesse dia, e principais obstáculos encontrados, e ainda o sprint review e o sprint retrospective.
Mas afinal em que é que o Scrum pode ser útil à sua organização? O Scrum é constituído por três valores: transparência, inspecção e adaptação, que de modo frio podem não dizer nada, mas que em organizações que aplicam o Scrum correctamente, significa: redução dos prazos de realização dos projectos/produtos/serviços, redução dos custos pois evitam-se as derrapagens, uma vez que o cliente acompanha o processo de desenvolvimento do projecto/produto/serviço, e acima de tudo cria um sentimento de união entre toda a equipa Scrum e também desta com os principais stakeholders.
Um dos principais mitos que rodeia o Scrum é o facto de se pensar que o mesmo só se aplica a grandes organizações que desenvolvem software. Errado! Uma pequena startup com cinco a seis colaboradores pode perfeitamente utilizar Scrum.
Vou dar um pequeno exemplo de uma empresa de consultoria financeira onde implementei Scrum. O quadro de pessoal era muito reduzido, com um director, um gestor de clientes, três consultores e uma pessoa de apoio administrativo.
O primeiro passo foi atribuir papéis, o director acumulou também a responsabilidade de Scrum Master, o gestor de clientes mudou o nome para Product Owner mudando um pouco a forma como se relacionava com os clientes, e a Dev Team, passou a funcionar como uma equipa produtiva, deixando cada consultor de trabalhar um projecto do início ao fim, e passando todos a desenvolver uma parte do projecto como equipa multi-
disciplinar que eram.
Os resultados foram fantásticos, a empresa aumentou no primeiro período fiscal a sua facturação em cerca de 25%, e os timings de entrega dos projectos nas datas acordadas passou para 99%!