Decunify absorve Papti e ATM SIS

Durante o ano passado, a empresa facturou 11,4 milhões de euros e procura em 2017 aproveitar novos argumentos, inclusive decorrentes de uma reorganização de recursos.

jose-manuel-oliveira_ceo-da-decunifyEm 2016, a aposta da Decunify na consultoria teve de esperar melhor maior disponibilidade de recursos. A empresa do grupo Decsis esteve envolvida num processo de reestruturação do mesmo e ganhou argumentos.

Cresceu 14% em facturação mas também capacidade com incorporação da ATM SIS, e mais recentemente da Papti. Respectivamente, duas operações para sustentar as expectativas de negócio da organização na Administração Pública e centros de contacto.

Reforçado fica também o “músculo” para a oferta de cloud e serviços geridos. Atingir os 15,5 milhões de euros de volume de negócios em 2017 é plausível, diz o CEO da empresa, José Manuel Oliveira.

Computerworld ‒ O negócio de infra-estruturas de Wi-Fi valia perto de 75% do vosso negócio em 2015. Qual foi a evolução em 2016?

José Manuel Oliveira ‒ Manteve-se mas houve também uma nova área de negócio que passou a existir e ganhou expressão. Houve dois factores para a facturação. A parte de infra-estrutura mas também a parte de serviços que aumentou dentro das expectativas.

CW ‒ Também os de consultoria?

JMO ‒ Também, mas com pouca expressão. Mas sobretudo a parte de serviços tradicionais de implementação e contratos de manutenção de contas com fabricantes, uma área que queremos desenvolver.

CW ‒ Então o objectivo de desenvolver os serviços de consultoria ficou para outro calendário?

JMO ‒ Sim, porque a dispersão com o ritmo de crescimento e novas áreas não permitiu disponibilidade de recursos. Se há uma área em forte crescimento como a da infra-estrutura temos de nos focar nela. Mas queremos acrescentar novas peças para podermos crescer.

CW ‒ Quando diz “vídeo analytics” isso envolve mesmo analítica.

JMO ‒ Tivemos alguns erros de comunicação sobre isso. O que queremos fazer é usar o vídeo para recolha de elementos de informação.

Há muitos que o suporte pode dar e sustentar desde a contagem de pessoas em determinado espaço, a monitorização do comportamento das pessoas em loja, a análise transaccional de facturação, entre outros. Mas é preciso que se crie um motor para isso. Foi isso que fizemos.

CW ‒ Com que parceiros?

jose-manuel-oliveira_ceo-da-decunify_iiJMO ‒ Estamos a fazer isto internamente em parceria muito forte com a Axis. E depois desenvolvemos competências de desenvolvimento para motores de análise e disponibilização de reportes. Fizemos a recolha tratamos e disponibilizamos relatórios.

Nós desenvolvemos a aplicação capaz de fazer tratamento desses dados.

CW ‒ Usam dados de video-vigilância?

JMO ‒ Não são dados de video-vigilância. Um exemplo: se quisermos saber o comportamento das pessoas, se param mais homens ou mulheres em frente a uma montra, muitos ou poucos minutos, conseguimos perceber.

CW ‒ Isso envolve notificar a CNPD?

JMO ‒ Não gravamos dados. O vídeo é tratado logo sem recurso a gravação.

CW ‒ Que expressão tem esse negócio?

JMO ‒ Entre 5% a 7%, mas começámos mais efectivamente no segundo trimestre de 2016, depois de muitas provas de conceito e trabalho desde 2015.

CW ‒ E tende a evoluir para quanto em 2017?

JMO ‒ É expectável que evolua para um quota na ordem dos dois dígítos. A linha de encomendas permite-nos prever isso.

CW ‒ Que estratégia têm para essa área?

JMO ‒ Para esta tecnologia o retalho é o principal mercado-alvo. Há variações que terão aplicação noutras áreas mas não estão preparadas para eu poder avançar.

CW ‒ Quanto representa o vosso negócio de serviços?

JMO ‒ Enquanto integradores, vendemos soluções. Têm componentes de projecto, implementação, produtos e serviço. Contando só com os serviços tradicionais e implementação anda à volta dos 35%.

CW ‒ No grupo Decsis, qual é o enquadramento da Decunify depois da reestruturação de em 2016?

JMO ‒ Não foi bem uma reestruturação. Nós quisemos, sobretudo, rentabilizar as nossas competências e as da Decsis SI e Decsis II Ibéria: o grupo tem escritório em Espanha, onde queremos vender toda a parte de serviços de integração que temos em Portugal.

O que fizemos foi juntar competências em serviços, muitos da Decsis, para darem suporte na Decunify. A Decsis foi sempre uma empresa alinhada com serviços, junto de fabricantes no mercado nacional.

E nós recorríamos nos nossos projectos a esta capacidade. Agora temos uma estrutura horizontal, que engloba a Decsis e a Decunify e é gerida de uma maneira homogénea, como repositório de recursos.
Aumentamos a capacidade de resposta.

Também re-organizamos a nossa área comercial, que estava dividida entre Norte e Sul. Agora olhamos para o mercado à escala nacional.

O país não é tão grande para termos duas operações comerciais. Criamos a figura do líder de negócio, Paulo Ferreira, responsável por toda a actividade da Decunify. E depois três áreas fundamentais, direcção comercial, de pré-venda e gestão de projectos e uma área de serviços de consultoria, transversal, que funciona como interface. Tem um responsável consultor para desenho de serviços, a partir das necessidades do cliente. Em 2017 queremos inovar nos serviços.

CW ‒ Inovar como?

jose-manuel-oliveira_ceo-da-decunify_iiivJMO ‒ Com o centro de dados do grupos Decisis em Évora temos capacidade de disponibilizar serviços de IaaS, que vamos impulsionar. Vamos ter serviços costumizados para os nossos clientes, de gestão de TI à distância e monitorização.

CW ‒ Quantas máquinas tem o centro de dados?

JMO ‒ Tem uma área de 700 metros quadrados. Não gostamos de falar de número de máquinas devido aos acordos com os clientes.

CW ‒ Servem quantos clientes?

JMO ‒ Temos 15 a 20, nacionais e internacionais muitos de serviços de disaster recovery.

CW ‒ Então qual é a vossa estratégia para serviços em 2017?

JMO ‒ É diversificar e crescer incorporando as capacidades do grupos Decsis, entre outras

CW ‒ Quais serão detrminantes?

JMO ‒
A capacidade de resposta, de implementação na oferta de datacenter e de costumização. Havia recursos no grupo com competências que não estavam rentabilizadas, sobretudo de monitorização e gestão remota.

CW ‒ Com é que a ATM SIS entra para o grupo?

JMO ‒ Nós tínhamos como objectivo continuar a crescer de várias formas incluindo incorporar outras empresas. Nós tínhamos uma boa relação com o administrador da ATM SIS, apesar de sermos concorrentes e houve a oportunidade de incorporar a operação dentro da Decunify.
Não existiu compra, nem cedência de quotas.
Há anos a empresa de origem, ATM Informática, passou por algumas dificuldades, o grupo re-organizou-se mas precisava de ganhar maior dimensão tendo em conta o mercado.

CW ‒ Quantas pessoas foram incorporadas?

JMO ‒ Mais de 20 recursos humanos, englobando operações de gestão de conta pré-venda e serviços. O administrador, Rodrigues Coelho entrou para o conselho executivo do grupo.

CW ‒ Que vantagens pretendem agora explorar?

JMO ‒ ATM sempre teve muito foco na Administração Pública em que nós não estávamos muito. A aquisição permite-nos assim maior penetração.

E as suas competências estavam mais ligadas às TI e isso traz-nos mais recursos para o armazenamento, integração e servidores.

CW ‒ Na AP , a ATM traz clientes de que áreas?

JMO ‒ Da Saúde e administração local, para gestão de infra-estruturas, virtualização e comunicações

CW ‒ Que peso deverá passar a ter o negócio referente ao sector público, na Decunify?

JMO ‒ Não sei ainda avaliar mas na nossa representava 10%.

CW ‒ Quantas pessoas é que a Decunify passa a ter?

JMO ‒ Estamos muito perto das 90, porque também incorporamos a outra empresa, desde Abril: a jose-manuel-oliveira_ceo-da-decunify_iiiPapti. É uma empresa muito focada nos centros de contacto e na tecnologia da Avaya, em processo de protecção face a credores nos EUA (“Chapter 11”) e cujo negócio tende a focar-se mais nas comunicações unificadas, depois da prevista injecção de capital.

Nós já tínhamos muita competência interna nos centros de contacto, mas vimos uma oprtunidade de reforçar.

CW ‒ Que investimento houve da Decunify? Assumiu dívidas?

JMO ‒ Houve uma compra simbólica da operação e o compromisso de cumprir os contratos com os clientes. Ganhámos capacidade de ir para o mercado com maiores referências em centros de contacto e comunicações unificadas.

CW ‒ E vão para o mercado com tecnologia Avaya?


JMO ‒
Não temos exclusividade com essa fabricante, mas temos competências em tecnologia de outros: Cisco e IP Brick.

CW ‒ A Pabti tinha quantas pessoas?

JMO ‒ 8 profissionais.

CW ‒ A entrada do negócio da empresa envolve um acréscimo de quanto na vossa facturação?

JMO ‒ Cerca de 15% da facturação de 2016. A Decunify já teve o seu objectivo de crescimento definido, mas com estas entradas está ainda em aberto.

CW ‒ Quantas pessoas é que a Decunify deverá contratar em 2017?

JMO ‒ Já contratamos algumas pessoas mas por ora é mais importante estabilizar-mos do que ir à procura de mais.

CW ‒ Como evoluiu o negócio internacional?

JMO ‒ Tivemos um projecto de internacionalização para Angola associado outro da Sonae. O projecto desta com a empresa de Isabel dos Santos falhou e nós também saímos. Era um projecto de três milhões de dólares mas também teríamos de investir muito sem saber quando íamos ter retorno.

Temos uma empresa registada em Angola que poderá ser activada quando necessário. Agora a internacionalização passa por replicar em Espanha a oferta de integração que temos em Portugal. Um objectivo de curto a médio prazo.




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