Governo quer fazer do novo programa para a inovação na economia, um factor de união entre o meio empresarial e o ensino, e até entre as próprias empresas.

João Vasconcelos, secretário de Estado da Indústria
Há 20 anos que não havia uma estratégia política concertada para resolver os velhos problemas de diálogo entre o ensino e as empresas, importante para a criação de inovação em produtos e serviços na economia portuguesa, considera João Vasconcelos, secretário de Estado da Industria. Referindo-se ao Programa Interface, em declarações para o Computerworld, o governante defendeu que falta “participação” mais do que dinheiro. “Temos bons empresários e bons investigadores”, assinala.
Falta juntar quem já sabe do negócio às pessoas com conhecimento científico e de investigação no mesmo desígnio. João Vasconcelos e o Governo alimenta a expectativa de que a “conjugação das políticas de desenvolvimento em clusters e dos centros de interface” sejam suficientes para resolver os problemas mais essenciais. Sem esquecer os vários instrumentos financeiros.
O secretário de Estado acredita que as universidades e outras instituições de ensino já perceberam as dificuldades de evoluírem sozinhas. E as empresas também, entendendo que é preciso haver maior “união”.
Mas o ímpeto e o programa do Governo serão suficientes? A falta de sensibilidade e vontade para as empresas criarem parcerias entre si para ganharem massa crítica e avançarem mais fortes, até no mercado internacional, é ainda forte. No passado preferiram, muitas vezes preferem concorrer individualmente.
Durante a sessão de apresentação oficial do Programa Interface, o Primeiro-Ministro, António Costa, elogiou particularmente a concertação entre o ministério da Economia e o do Ensino
Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, na elaboração do plano.
Apesar disso, João Vasconcelos acredita que não serão problemas de partilha de propriedade intelectual, por exemplo, a atrapalhar a evolução pretendida. Se no segmento do digital o assunto é menos relevante, noutros sectores a resolução de quaisquer questões está salvaguarda, sugere.
Mais importante para Vasconcelos, será a capacidade de o programa conseguir promover uma maior “estabilidade” laboral dos investigadores, ao facilitar a sua integração nas empresas, com contratos-programa pluri-anuais.
Durante a sessão de apresentação oficial do Programa Interface, o Primeiro-Ministro, António Costa, elogiou particularmente a concertação entre o ministério da Economia e o do Ensino
Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, na elaboração do plano. Mas são cada vez mais fortes as vozes que alertam sobre a necessidade de preparar os recursos humanos, para uma época na qual estão a emergir sistemas robotizados e modelos de negócio, alimentados por tecnologias de inteligência artificial.
Será importante monitorizar em que medida o trabalho conjunto referido promoverá soluções, relevantes não só para os profissionais, mas também para a competitividade das empresas.