A iniciativa do Governo para reforçar a interligação de empresas e instituições de ensino na inovação da economia vai ter disponíveis 1,4 mil milhões de euros, até o final de 2022.

Manuel Caldeira Cabral. ministro da Economia
O Governo marca esta quinta-feira, durante a tarde, o lançamento oficial do programa Interface, destinado ao reforço da rede de cooperação entre empresas, universidades, politécnicos e centros tecnológicos, para a inovação da economia. Já durante 2017, o executivo conta disponibilizar através de vários canais, 200 milhões de euros em financiamento.
E até final de 2022 prevê canalizar um total de 1400 milhões de euros, em iniciativas conjuntas dos ministérios da Economia, da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, do Planeamento e Infra-estruturas, do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, e ainda do Ambiente. Esta quinta-feira, o ministério da Economia lança três linhas de apoio enquadradas no Portugal 2020.
Em conjunto com um concurso lançado já em 2016, o valor das ajudas supera 63 milhões de euros e destinados “a projetos inovadores e demonstradores de tecnologia nos Centros de Interface, nas empresas e em instituições de Ensino Superior”, detalha um comunicado. Como propósito geral do programa é assumido objectivo de promover a transferência de tecnologia e de conhecimento para as empresas e o desenvolvimento de novas áreas, para valorização de produtos e serviços.
Mas engloba também melhorar inserção das organizações nas cadeias de valor internacionais. Segundo o ministério da Economia, a estratégia do programa está estruturada em torno de três linhas de acção:
‒ certificação de “clusters” ou agrupamentos organizacionais, capazes de promover a mobilização sectorial para a partilha de conhecimento e acções de internacionalização;
‒ reforço da acção das estruturas de interface tecnológico, os Centros de Interface, “alargando o seu contributo para melhorar processos, a qualidade dos produtos e a inovação das empresas”. Parte do esforço passa por levar os Centros de Interface a trabalharem com mais de 40 mil empresas, quando hoje estão interligados com 25 mil;
‒ promoção da cooperação na investigação aplicada ao negócio, entre instituições de ensino superior e empresas em projectos de laboratórios colaborativos. O programa prevê apoios ao reforço dos recursos humanos, incluindo incentivos à contratação de doutorados e técnicos especializados.
FITEC terá 40 milhões disponíveis e será reforçado
O ministério pretende também que o programa aumente a “exigência de avaliação de resultados” e alargue a transferência de tecnologia e em novas áreas, como a economia circular, a eficiência energética e a digitalização da indústria. O Interface congrega ainda novos instrumentos de financiamento específicos para cada um dos eixos de acção e inclui o Fundo de Inovação, Tecnologia e Economia Circular (FITEC), o qual tem para 2017, 44 milhões euros.
O Governo prevê reforçá-lo anualmente através de dotações provenientes do Fundo Português do Carbono, do IAPMEI, do Fundo do Ambiente e do Fundo para a Sustentabilidade Sistémica do Setor Energético (FSSSE). Até 2022, serão canalizados 200 milhões para o FITEC, segundo o ministério.
Além disso, o Interface conta ainda com a mobilização de Fundos Europeus Estruturais e de Investimento, incluindo os Sistemas de Incentivos a Ações Coletivas (SIAC), ou acções transversais nos restantes Sistemas de Incentivos que possam envolver um ou mais Centros Interface, para o apoio à aquisição de equipamento e para o desenvolvimento de projectos em áreas de promoção do desenvolvimento de novas competências, nomeadamente nas áreas da eficiência energética, economia circular e digitalização. Até 2022, serão canalizados 700 milhões de euros em incentivos à inovação, por este meio.
O executivo português conta ainda lançar linhas de crédito específicas para financiar a implementação de projectos nas empresas, com montante total previsto de 500 milhões de euros.
Os Centros de Interface Tecnológico (CIT) são instituições de transferência de tecnologia com papel focado no desenvolvimento de produtos, no controlo de qualidade e de apoio à inovação nos processos produtivos. Alguns estão vocacionados para sectores de actividade específicos (como o têxtil, calçado, produtos metálicos, etc), outros são transversais e desenvolvem tecnologias aplicáveis em diversos sectores (por exemplo software, ferramentas de gestão, novos materiais, que são aplicáveis em vários sectores). As linhas de acção do Programa Interface – “Capacitar a indústria portuguesa” – incluem-se no Programa Nacional de Reformas (PNR).