O professor recusa pedir fundos e coloca o financiamento por um conjunto de organizações no plano dos compromissos civis para com o país.

José Tribolet, coordenador da “Leadership Graduate Academy” do IST
No quadro de um refrescamento do posicionamento do Instituto Superior Técnico (IST), a escola está a renovar a sua oferta de formação em cenário de transformação digital generalizada. Um dos novos cursos da instituição, em perspectiva, foi montado incidindo no tema da cibersegurança e o professor José Tribolet desafia um conjunto de empresas a viabilizá-lo financeiramente.
O coordenador da Leadership Graduate Academy e responsável pelas pós-graduações do Departamento de Engenharia Informática do IST, avança, no seu estilo habitual, que a escola montou o curso para formar 30 especialistas por semestre. “Queremos ver se conseguimos reunir um conjunto de empresas capazes de se comprometerem com o IST, a comprar a ‘produção’ durante três anos”, revela.
E no seu entendimento cada uma delas devia comprometer-se a colocar e dois alunos no curso para cada semestre e a pagar-lhes a formação. Com turmas de 30 alunos, a “propina” de cada formando ficaria em cinco mil euros, estima o professor.
Mas se o número de alunos for menor, o valor terá de aumentar. A iniciativa não recorre ao Orçamento de Estado para o IST e precisa de se fundar “na relação com a sociedade”, considera.
Trata-se de reconhecer um “imperativo nacional para a sobrevivência das empresas”, e nem as organizações, nem o país, podem esperar mais. O curso tem data de arranque prevista para Setembro próximo.
Na primeira linha para um compromisso e obrigação para com o país, o docente coloca as empresas com concessões de exploração dadas pelo Estado e sujeitas a regulação.
Isso inclui entidades das telecomunicações, da energia, transportes, água, banca e seguros, entre outras. Para conseguirem recursos, Tribolet sugere que as empresas se candidatem fundos destinados a fomentar a transformação digital.
O programa do curso visa formação de profissionais que nas organizações “estarão a vigiar e a contra-atacar tentativas de intrusão” entre outras ofensivas. Não incide sobre direito ou certificações. “Está desenhado para formar ‘tropas de combate’!” enfatiza.
O nível de competências para entrada é o equivalente ao de engenheiro de redes e engenheiro de informático. Se as empresas cooperarem o professor acredita ser possível acabar com a escassez de especialistas em cibersegurança no país.
Apoio necessário para outro curso
Mas o IST quer preparar também uma rede de apoio de organizações e empresas para outro curso, o SISe. A academia está a tentar iniciar o curso a 18 de Fevereiro. “Precisamos de empresas que contratem os alunos, paguem um salário e ajudem a pagar o curso”, explica.
O curso é intensivo e de seis meses. Segundo o docente, está concebido para “habilitar pessoas com mestrados em engenharia em qualquer domínio da informática ou formação superior de base em analítica, matemáticas ou outras ciências, a capacitar organizar, pensar e fazer software e engenharia de sistemas empresariais”.
Em Abril, está previsto o início de nova edição do POSI, que foi reformulado de acordo com o docente. A pós-graduação de um ano surge com quatro disciplinas por trimestre.
Destina-se a profissionais de quase todas as áreas interessadas em “ compreender melhor a realidade dos processos, sistemas de informação num quadro de transformação digital”.
Trata da utilização da engenharia empresarial no sentido de habilitar as organizações para a transformação digital.
Reposicionamento do IST
José Tribolet considera que o novo posicionamento do IST passa por reconhecer a responsabilidade e capacidade da instituição desenvolver de uma forma sistemática, uma actividade de capacitação dos quadros profissionais com as competências que vão precisando para se manterem actualizados.
O reposicionamento tem em consideração ciclos de renovação no domínio tecnológico, com o máximo de cincos anos. Assim o IST procura disponibilizar formação avançada profissional em modelos já utilizados em engenharia de TI e agora alargados a múltiplas ofertas. Para complementar as suas iniciativas e promover o diálogo com o meio empresarial pretende formar uma rede de parceiros a será anunciada em Maio.
“A transformação das empresas e a quarta revolução industrial , obrigam a reformular como os seres humanos interagem nas suas organizações, com os novos ambientes e tecnologias, para a captação de valor”, defende.
Na sua perspectiva a organizações mais novas já tem atributos muito diferentes das anteriores, embora a sua anatomia seja parecida.” Há mais de tudo e tudo interage mais rapidamente e muda a natureza do ser humano e da organização”. O volume de informação trocada ficou mais denso e “a ubiquidade temporal espacial e contextual de tudo, afecta os seres humanos o espaço em que vivem”.
O IST posiciona-se assim para preparar os profissionais para criar riqueza na sociedade que está a emergir da transformação digital e Industria 4.0.
*Actualizado com informação sobre o preço do curso, por aluno, no terceiro e quarto parágrafo.