HAITool visa ajudar a tomar decisões na Saúde

As infecções associadas aos cuidados de saúde roubam milhares de vidas todos os anos. O Instituto de Higiene e Medicina Tropical e os seus parceiros desenvolveram uma solução com o objectivo de ajudar os médicos a tomar decisões em tempo real mitigando o risco daquelas infecções.

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Investigadores do projecto HAITool, com Luís Lapão ao centro

A HAITool é um conjunto de ferramentas desenhado para prevenir, gerir e controlar infecções associadas aos cuidados de saúde (IACS) em Portugal. A iniciativa de desenvolvimento da plataforma é do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, da Universidade Nova de Lisboa, e está a ser realizada em conjunto com o Hospital Universitário do Norte da Noruega e  várias unidades de saúde nacionais: o Hospital São Francisco Xavier, Hospital do Espírito Santo (Évora) e Hospital Distrital da Figueira da Foz.

Conta para o efeito com um financiamento de 230 mil euros, disse Luís Lapão, investigador do Instituto de Medicina Tropical, em conferência de imprensa.

O apoio financeiro é proveniente da EEA Grants e da Fundação para a Ciência e Tecnologia. O projecto conta ainda com a parceria tecnológica da Qlik e a Adminsaúde. Os responsável explicou que esta solução surge porque as infecções associadas aos cuidados de saúde são um “problema muito sério”.

Como consequência destas estima-se o registo de 16 milhões de dias adicionais de internamento, bem como 37 mil mortes anuais, resultando num impacto financeiro superior a sete mil milhões de euros, avançou o responsável.

Em causa está, por exemplo, a crescente resistência a antibióticos que deverá ser responsável pela morte de cerca de 10 milhões de pessoas em 2050. A “prescrição inapropriada”, leva à geração de “micro-organismos resistentes aos antibióticos” e, consequentemente ao “aumento da morbilidade, mortalidade e custos”, explicou o responsável.

“Os médicos perdem muito tempo no computador”, constatou Luís Lapão, ao descrever o dia-a-dia de um médico num hospital ou centro de saúde.

A HAITool surge como “resposta fora da caixa” para procurar resolver o problema, conjugando as competências do sector da saúde/Administração Pública, da indústria e da academia. Foi o caso do Hospital Distrital da Figueira da Foz que celebrou um protocolo com o Instituto de Medicina Tropical para combater as infecções hospitalares.

“Os médicos perdem muito tempo no computador” constatou Luís Lapão, ao descrever o dia-a-dia de um médico num hospital ou centro de saúde, em lugar de estarem a desenvolver o seu trabalho principal: olhar pelos doentes.

Com a nova solução, pensada há cerca de três anos e em desenvolvimento há três, os profissionais de saúde podem visualmente verificar qual o efeito de determinado antibiótico. A partir daí conseguem decidir de imediato se devem ou não continuar a administra-lo àquele paciente ou se será mais lógico mudar para outro medicamento ou até suspender a toma.

A ferramenta resulta de uma investigação colaborativa entre investigadores e profissionais de saúde que combina as competências das unidades de saúde (profissionais, processos, trabalho, gestão) com a investigação e intervenção, resultando em inovação para apoiar os profissionais de saúde, detalha o responsável.

Luís Lapão revela que já existe um hospital interessado na solução em Cabo Verde, além dos hospitais nacionais e norueguês envolvidos no projecto.

A arquitectura do sistema de informação do HAILTool inclui a aplicação baseada na web, Qlik Sense. Através do HAILTool os médicos podem ver gráficos e vistas, a partir de extensões à aplicação que permite a fácil leitura e rápido acesso à informação, facilitando a tomada de decisão por parte do pessoal hospitalar.

Este projecto é inovador na Europa, afirma Luís Lapão, assinalando que para além dos hospitais nacionais e do hospital norueguês envolvidos na investigação já existe um hospital interessado na solução em Cabo Verde.

O sistema recolhe dados de múltiplas bases de dados (microbiologia, farmácia, dados clínicos) que são extraídos para uma área de preparação de dados, em que se inclui a ferramenta Qlik Sense, resultando em dados agregados na base de dados HAITool que permite aos médicos tomar decisões em tempo real.

A HAITool foi desenhada para permitir a “visualização gráfica e simples dos padrões locais de susceptibilidade aos antibióticos”, dar informação “por isolado, por microorganismo e por serviço”, é “fundamental na prescrição empírica” e agilizar a “comunicação com o laboratório de microbiologia”.

É ainda possível monitorizar o consumo de antibióticos à escala hospitalar e por serviço. A ferramenta deverá ainda emitir alertas quando, por exemplo, se detectem casos de micro-organismos epidemologicamente importantes.

A ferramenta recorre a algoritmos capazes de relacionar os dados do doente com as normas e directrizes da Direcção Geral de Saúde.

10 tendências para o BI em 2017

O projecto da HAITool foi apresentado no âmbito de uma conferência da Qlik, na qual Carlos Jerónimo, responsável máximo da Qlik em Portugal, apresentou as dez tendências na área de Business Intelligence para 2017.

A poluição da informação tornar-se-á um assunto crítico: torna-se cada vez mais importante perceber qual a informação correcta. Procurar, criticar, certificar e argumentar com dados de forma governada será o pilar da literacia de dados.

O Big Data será menos sobre tamanho e mais sobre combinações: olhar para conjuntos de dados singulares sem contexto diminui o valor. Será necessário ter a capacidade para combinar rapidamente big data com small data para casos específicos.

A visualização “self-service” tornar-se-á uma comodidade, acessível a todos: 2017 será o ano o ano em que as barreiras para aceder a grandes ferramentas analíticas serão virtualmente removidas.

O BI moderno irá ultrapassar o tradicional como a nova arquitectura de referência: o BI moderno tornar-se-á o “novo normal” nas organizações. Será necessário alterar os requisitos para as estruturas de back-end no que diz respeito à escala, performance, governação e segurança.

A Cloud híbrida e multi-plataformas irão emergir como modelos primários: uma só Cloud não é suficiente porque os dados e fluxos de informação não vão estar numa única plataforma. Os fluxos vão ser possíveis na cloud e nas aplicações de software locais.

O foco vai mudar de “análises avançadas” para “análises em evolução”: a inteligência artificial será importante, mas servirá melhor enquanto acréscimo do que como um substituto da análise humana, pois é tão importante fazer as perguntas certas como dar as respostas certas.

Vamos aprender o outro lado das “análises pessoais”: ao compreenderem as preferências dos consumidores e os padrões de comportamento, as organizações podem utilizar este tipo de informação para personalizar produtos, serviços e mensagens. Por seu lado, os consumidores vão ficar mais alertas para o valor da sua informação pessoal.

Os mundos digital e físico vão conhecer a analítica: o Pokémon Go é um indicador das próximas mudanças depois da mobilidade, e o mundo empresarial notará. A analítica vai começar a surgir no contexto da realidade geo-espacial, toque, voz, realidade virtual e “gamificação”, continuando no trajecto de ligar-se a dispositivos.

O foco vai mudar para aplicações de análise personalizadas e análises nas aplicações: a literacia de dados irá beneficiar criadores e consumidores através de aplicações de análise personalizadas e contextualizadas.

As capacidades de  visualização vão passar a abranger toda a informação da cadeia de abastecimento: a visualização tornar-se-á uma forte componente nos “hubs” unificados que têm uma abordagem visual à gestão de activos de informação, assim como preparação de dados visuais em autos-serviço, sustentando a verdadeira análise visual.




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