O rastreio de e-mails recebidos por todos os utilizadores do serviço de email da empresa vai muito além do que é aceitável, considerou um responsável
As autoridades de privacidade da União Europeia estão preocupadas com informações de que a Yahoo tem secretamente feito rastreios de e-mails dos seus utilizadores, a pedido dos serviços de inteligência dos EUA. “Isso vai muito além do que é aceitável”, disse Johannes Caspar, comissário para a protecção de dados e liberdade de informação, de Hamburgo (Alemanha).
A Reuters avançou na última terça-feira que a Yahoo desenvolveu um sistema para as agências governamentais do país norte-americano para fazer pesquisas em todos os e-mails recebidos pelos utilizadores do serviço e email da empresa. Outras empresas de tecnologia foram rápidas a distanciar-se, dizendo que teriam desafiado qualquer pedido de tribunal, para fazer o mesmo.
A Yahoo reagiu, afirmando que as informações avançadas eram enganosas, sem explicar exatamente o que aconteceu. Na última quarta-feira, o New York Times tentou esclarecer o assunto e adiantou que a Yahoo modificou um sistema existente, destinado a identificar spam, malware e pornografia infantil, de modo a também procurar código, com interesse para o FBI. A modificação foi feita a pedido do Departamento de Justiça dos EUA, assegura o jornal.
A empresa não quis comentar. Caspar ressalvou que graças a revelações de Edward Snowden, já se sabe há algum tempo que as grandes empresas de Internet dos EUA foram obrigadas a ceder dados de utilizador as serviços de segurança do país.
A autoridade competente para investigar a empresa na UE é a autoridade de protecção de dados da Irlanda
“A suspeita de que a Yahoo tem ajudado activamente no rastreio de emails de como se fosse agente contratado pela NSA não é realmente surpreendente tendo em conta as informações sobre o programa PRISM. Por outro lado, vai muito além do que é aceitável”, acentuou Gaspar.
Ele quer saber o que realmente aconteceu na organização. “Tem de haver um exame claro e rápido sobre estas alegações por parte da autoridade competente de protecção de dados”, defendeu.
A autoridade competente para investigar a empresa na UE é a autoridade de protecção de dados da Irlanda. Isso porque a lei de privacidade da UE permite às multinacionais designar um país como sede das suas operações na Europa. A Yahoo escolheu ficar sob a alçada dos serviços da UE na Irlanda.