Forrester aprofunda dúvidas sobre modelo bimodal

Os responsáveis que apostem naquela perspectiva estão a cometer um erro estratégico, diz a consultora

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John McCarthy, analista de Forrester

O modelo de departamento de TI bimodal está a obter o respeito de várias organizações mas a Forrester Research acha que a perspectiva está errada, num momento em que as preferências do cliente pelas tecnologias digitais obriga as empresas a ser rápidas, mas de maneira unificada.

Os CIO que apostem na referida arquitectura de departamento de TI estão acometer um erro estratégico, defende a consultora baseada no estudo “A falsa promessa da TI bimodal”, que realizou. Criam um sistema de duas faces, avisa, que aos poucos vai ter como resultado a acumulação de duas infra-estruturas.

Ao mesmo tempo coloca em risco os sistemas de back-office, reduz espaço para o desenvolvimento de produtos digitais e impede a transformação de negócios, processos e estruturas organizativas necessárias para a melhoria da experiência do cliente, neste momento, sublinha a Forrester.

À partida, ter duas infra-estruturas pode parecer uma boa aposta para atenuar o estado de hibernação em que mergulharam algumas plataformas. Mas também pode criar uma crise complicada onde existem dois grupos de TI em competição interna por obter financiamento, recursos e competências para alcançar os seus próprios propósitos.

Para a elaboração do trabalho “A falsa promessa da TI Bimodal”, John McCarthy, analista de Forrester, realizou entrevistas a executivos de grandes corporações, como a General Electric, a HPE ou a UBS. No fim, chegou à conclusão de que o modelo isola as funções de negócio ao concentrar a responsabilidade de gestão de mudança exclusivamente na sua área.

Bill Ruh,  responsável da GE Digital, diz que o problema das organizações bimodais reside na estigmatização do grupo de operações de back-office, considerado mais lento do que o grupo de tecnologias digitais, o que leva a que os funcionários não queiram trabalhar com o primeiro.

Pelo contrário, os grupos de desenvolvimento de produto, comércio electrónico e experiência do cliente estão a aumentar as suas competências e metodologias de gestão de produtos na era digital. “Sem investimento em competências de negócio, os departamentos de TI bimodais apenas vão aumentar a separação entre o CIO e o negócio”, sustenta McCarthy.

Há até algumas empresas que já reconheceram o problema e por isso realizaram re-estruturações para enfrentar a era digital. Por exemplo, no ano passado, a General Electric desfez-se da sua própria organização bimodal e unificou o departamento de TI e grupos de desenvolvimento digital sob a estrutura da GE Digital.

Bill Ruh, o seu responsável, reconheceu que o problema das organizações bimodais reside na estigmatização do grupo de operações de back-office, considerado mais lento do que o grupo de tecnologias digitais, o que leva a que os funcionários não queiram trabalhar com o primeiro, pela percepção de falta de inovação. “Cria um precedente perigoso e uma cultura que poderia ter como resultado a rivalidade entre arquitecturas”, conclui.

Unificar constitui transformação fundamental 

Para McCarthy “tem que existir um momento em que por fim se comece a modificar o precedente e a cultura de TI, seja através da criação de um grupo digital ou de um departamento de comércio electrónico”. Mas a verdadeira questão é: “até quando vai ser possível manter os grupos separados?”.

É algo que parece difícil, de acordo com a Forrester, por ultrapassar a simples criação de um grupo de TI. Constitui uma transformação fundamental com implicações para a empresa.




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