A empresa continua à espera de poder vender ao sector público mas o seu ano fiscal ainda acabou com boas notícias, considera Miguel Coelho, gestor do negócio empresarial do fabricante em Portugal.
Devido a impugnações ao acordo quadro de compras para o Estado, a Lenovo continua sem poder vender hardware para o sector público, confirma Miguel Coelho gestor do negócio empresarial do fabricante em Portugal. Mas o responsável acredita que o assunto será resolvido em breve e evidencia entusiasmo com as apostas prioritárias da empresa em Portugal: centros de dados e hiperconvergência.
Apesar desse revés e de as vendas de servidores de arquitectura x86 estarem ainda abaixo das expectativas, considera em declarações para o Computerworld que o ano fiscal teve desfecho positivo. Nem que seja pela posição de segundo maior fornecedor de PC em Portugal, durante o primeiro trimestre de 2016, com quota de 18,2% no mercado de consumo e 13,9% no segmento empresarial (dados da IDC). A quota total ficou 16,5%, graças a um crescimento de 39,2%.
A operação sofreu uma re-estruturação com Alberto Ruano, director-geral Ibérico, a substituir Carlos Cunha na liderança do negócio no mercado de consumo.
CW ‒ Como correu o ano de 2015 para a Lenovo em Portugal?
Miguel Coelho ‒ Foi positivo e com crescimento. O ano fiscal terminou agora a 31 de Março.
CW ‒ Mas quanto cresceram, em percentagem?
MC ‒ Não lhe consigo dizer em percentagem. Mas no primeiro trimestre de 2016 passamos a ser o segundo maior fabricante em Portugal, no segmento do consumo e no segmento empresarial.
CW ‒ Portanto atingiram o objectivo de ficar entre os três primeiros?
MC ‒ Sim, segundo dados da IDC no primeiro trimestre de 2016 (último do anos fiscal da Lenovo) já fomos o segundo na área empresarial.
CW ‒ A aposta no sector, afinal como evoluiu?
MC ‒ Continua pendente da assinatura de contratos entre a eSPap e os nossos potenciais parceiros. O processo ainda está em curso. Houve algumas impugnações no início do ano, mas pensamos que a qualquer momento haverá resoluções.
CW ‒ Quantos parceiros pensam ter habilitados?
MC ‒ Há dez empresas a participar em cada lote. Grande dos nossos parceiros de negócio estão nesse processo. Não temos contratos fechados, mas acho que pelo menos três parceiros por cada lote temos garantidos. Os acordos são ainda oficiosos.
CW ‒ Isso quer dizer que no segmento de servidores x86 a Lenovo está a ter dificuldades?
MC ‒ É uma área difícil. Mais complicada do que a dos PC. Temos o negócio há um ano e foi preciso criar condições com formação de profissionais. Neste momento temos isso. Também tivemos bons negócios com grandes contas, como da PT para o seu centro de dados.
CW ‒ Na banca tiveram algum?
MC ‒ Sim, há bancos em processos de outsourcing e a própria IBM tem usado equipamentos da Lenovo para projectos desses clientes. E no grupo Sonae também.
CW ‒ Mas deu para “animar” o negócio de servidores como a Lenovo queria?
MC ‒ Ficámos um bocado aquém das nossas expectativas.
CW ‒ Que peso teve o negócio na vossa actividade.
MC ‒ O que posso dizer é que a Lenovo teve uma quota de mercado de 5%. É baixo para as nossas expectativas.
CW ‒ Mantêm uma estrutura de oito pessoas?
MC ‒ Neste momento continuamos com as oito pessoas e fizemos uma re-estruturação. Mas estamos em vias de contratar mais pessoas, nomeadamente para a área de datacenter. E poderá haver mais áreas para onde vamos contratar.
CW ‒ Quantas pessoas tencionam contratar este ano?
MC ‒ Vai variar e nunca vamos ter muitos recursos porque temos um canal.
CW ‒ Em 2014 a operação portuguesa representava perto de 12% do negócio na Península Ibérica e havia o objectivo de em 2015, aumentar para uma percentagem mais “normal”: geralmente o negócio das multinacionais em Portugal é 20 a 25%. Como evoluiu o processo para este objectivo?
MC ‒ Felizmente, o negócio em Espanha também cresceu e ficamos com perto de 15%. Muitas empresas presentes na Península, compram em Espanha para a sua rede em Portugal.
CW ‒ Isso está a acontecer cada vez mais no sector das TIC?
MC ‒ Sim. E isso deturpa um bocado as contas.
CW ‒ Que área estão a ser mais pujantes em Portugal?
MC ‒ A da mobilidade envolvendo smartphones está bastante dinâmica, é área de aposta da empresa, mas não posso dizer se vamos explorá-la cá.
A área de centros de dados é uma área que vamos trabalhara ainda mais, não só com as nossas soluções mas também com aquelas de hiperconvergência, como as da Nutanix e SimpliVity, com quem temos parcerias e projectos fechados em Portugal.
CW ‒ Era objectivo da Lenovo apostar nos processos de renovação de parques de PC nas empresas? Como correu?
MC ‒ Sim sentimos um impulso na migração para Windows 10. Portanto houve renovação.
CW ‒ Mas não tanto como pensavam?
MC ‒ É verdade. Penso que a situação política que vivemos nos últimos trimestres resultou num impasse, associado também à definição tardia do orçamento.
CW ‒ Então a vaga ficou adiada para este ano?
MC ‒ Não ocorreu como esperávamos e este ano ainda vai acontecer mais.
CW ‒ No sector da educação a vossa aposta teve resultados interessantes?
MC ‒ Tivemos bons projectos nessa área, mas no segmento privado. No público é uma questão adiada.