A colaboração entre entre ambas exige definição clara de quem detém e gere as componentes e garantir que os dados chegam em segurança ao seu destino, defende João Rodrigues, vice-presidente de IT Business, na Schneider Electric.
A Internet das Coisas (IoT) continua a expandir-se a um ritmo vertiginoso e as empresas competem para encontrar forma de tirar partido desta realidade. Para serem bem sucedidas, terão de lidar com outra mudança em curso: a necessidade organizacional para que a unidade de negócio de tecnologias de informação (IT) e a de tecnologias de operação (OT) colaborem como nunca antes.
Não é a primeira vez que as IT sofrem uma mudança significativa. Ainda não há muito tempo, foi lançada uma pequena inovação denominada Voz sobre IP (VoIP) e, de imediato, estávamos a efetuar chamadas via ligação à Internet e a quebrar com as tradicionais linhas telefónicas.
Para tirar partido desta evolução, as organizações tiveram de proceder a diversas mudanças para aliar as suas equipas de comunicações e de redes IP, que, até então, não tinham necessidades colaborativas.
Beneficiar da IoT implica uma evolução semelhante, mas a oportunidade é massiva. A Gartner prevê que cerca de 26 mil milhões de equipamentos estejam conectados até 2020, tendência, esta que exclui PCs, dispositivos móveis e tablets.
Já a Cisco eleva a sua estimativa para 50 mil milhões de dispositivos e outra consultora, a IDATE acredita que até esta data, serão 80 mil milhões (aqui incluindo PCs, dispositivos móveis e tablets), acima de 15 mil milhões comparativamente a 2012.
Mesmo as previsões que se revelam abaixo, já representam um rápido crescimento em tão curto espaço de tempo. O efeito que a IoT terá irá variar consoante a indústria em questão.
Consideremos alguns exemplos. No setor de produção, temos os mais diversos tipos de equipamentos na linha de produção, a serem monitorizados e controlados como nunca antes. Bombas, motores, transmissões mecânicas com a capacidade de comunicar dados em tempo real, sobre o seu status e desempenho.
O mesmo noutra área distinta como saúde, onde desde equipamentos de exames de diagnóstico por imagem em hospitais até sensores “wearable” para medição da pressão arterial dos pacientes fora do contexto hospitalar, a emitir os mais diversos tipos de dados com o objetivo de garantir o bom funcionamento dos equipamentos e o bem-estar dos pacientes.
Mas tudo isto só funcionará se os responsáveis por estes dispositivos colaborarem de forma eficaz com o departamento de TI, na medida em que é neste último que culminarão todos os dados, num servidor que corre aplicações que tornam bits & bytes em bruto, numa informação válida para a empresa.
Posto isto, de forma a capitalizar eficazmente as oportunidades trazidas pela IoT, as empresas deverão endereçar algumas áreas como:
‒ colaboração entre IT e OT: com uma clara definição de quem detém e gere as componentes, e garantindo que os dados chegam em segurança ao seu destino;
‒ I&D: sensores de pesquisa e desenvolvimento para permitir a medição dos elementos necessários, consoante cada indústria/vertical e aplicação;
‒ conectividade sem limites: redes com e sem fios com largura de banda suficiente para suportar a transmissão de dados necessária para o Centro de Dados;
‒ sistemas robustos de armazenamento: a capacidade de apreender e armazenar grandes quantidades de dados, alguns por períodos alargados para análises históricas,garantindo que estes apresentam cópias de segurança;
‒ análise de dados: para aceder aos dados acionáveis e business intelligence;
‒ um plano de continuidade de negócio: proteção energética para componentes chave. O que inclui a utilização de sistemas UPS para manter os equipamentos em contínuo funcionamento.
Na minha perspectiva, não será exagerado prever que a IoT irá mudar drasticamente a natureza das operações empresariais e das tomadas de decisão. A transformação é inevitável.
As organizações que não fizerem este “shift”, correm o sério risco de serem ultrapassadas pelas que já reconhecem as mais valias desta convergência entre as IT e as OT.