Oito projectos após aceleração no inRes

As startups portuguesas mostram ter saído com planos de negócio mais esclarecidos, embora estejam a evoluir a velocidades muito díspares.

CMU_Hamerschlag_Hall-CMU_Wikimedia-CommonsO conjunto de resultados feito pelas equipas de projectos empresariais, incluídas na iniciativa inRes CMU Portugal, é em geral positivo, nem que seja para manter o moral da iniciativa. Incluindo a Scraim, premiada pela Caixa Capital, mais quatro equipas vieram de Pittsburgh com os seus planos melhor afinados para o mercado.

O potencial de contactos de negócio proporcionado foi um dos principais benefícios referido pelos empreendedores envolvidos na imersão. Um balanço possível inclui os quatro projectos trabalhados desde 2014 no contexto do programa CMU Portugal.

AdaptTech (2015)

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Frederico Monteiro, da Adaptech

Focada no desenvolvimento de tecnologias para ajudar no apoio a pessoas com limitações físicas, desenvolveu uma solução com TIC para optimizar a adaptação de próteses aos membros dos pacientes. O seu co-fundador, Frederico Carpinteiro, revela que a equipa teve de rever as projecções sobre o valor do mercado no seu plano de negócios.

O mercado total passou a valer 7,2 mil milhões de euros, em vez de 16 mil milhões, por exemplo. Com o canal de vendas previsto, o projecto está direccionado para um universo com o valor corrigido (era de 2,4 mil milhões) de 900 milhões de euros.

A proposta de valor assenta em acelerar o processo de adaptação para uma média de três passos, reduzindo custos na ordem dos 50 mil euros por ano e 60% o tempo do processo.

Inicialmente, a startup pensava que podia ter como parceiros as companhias de seguros e os sistemas de saúde, mas o seu plano dá hoje maior destaque aos médicos de ortopedia ou instituições de investigação e desenvolvimento.

Atletas para-olímpicos, produtores de componentes de pro-estética e organizações de deficientes motores são outros potenciais parceiros.

A equipa da AdaptTech procura obter um financiamento de 350 mil euros para produzir uma versão beta da solução em 2016 e estima precisar de um milhão de euros para avançar em 2018 para o mercado dos EUA. Recebeu três cartas de interesse.

Playsketch (2015)

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Pedro Santa, da Playsketch

A Playsketch conta lançar, “em breve”, uma versão beta de uma aplicação móvel para criação de videojogos a partir de desenhos no papel.  Os planos do projecto envolvem lançar um “template” inicial durante o primeiro trimestre de 2016, e uma campanha de angariação de fundos através da Kickstarter.

Segundo o programador e co-autor do projecto, Pedro Santa, o modelo de negócio está baseado na venda de elementos pré-configurados suplementares para os jogos, como modos de jogos e configurações avançadas. De acordo com o mesmo, a imersão nos EUA, em que participou o outro responsável pela aposta, Luís Lucas Pereira, serviu para desenvolver contactos mas também para validar o plano de negócio.

A dupla está a estudar o desenvolvimento de uma parceria no mercado norte-americano.

Sceelix (2015)

Francisco Andrade Sceelix

Francisco Andrade, da Sceelix

O projecto aposta em software com o qual espera automatizar o processo de desenvolvimento de cenários complexos ‒ terrenos, cidades e florestas ‒ para jogos e simulações 3D. As regras e os algoritmos necessários são definidos usando uma linguagem visual.

A proposta de Francisco Andrade e de Pedro Silva promete tempos de desenvolvimento dez vezes mais rápidos, marca apenas igualada por um concorrente, mas que não baseia a oferta de uma única linguagem visual ou “pipeline”.

Segundo Francisco Andrade, 90% das produtoras usam processos manuais. Actualmente, demoram em média mais de um mês para desenvolver os referidos cenários.

Com os custos anuais a representarem 20% do total, a Sceelix pretende com a sua tecnologia reduzi-los 15%.

A empresa está focada no mercado das produtoras ditas “indie”, cujo valor em 2018 será de 4.000 milhões de dólares, em encomendas para desenvolvimento de cenários 3D. Incluindo as outras produtoras chega aos 9.000 milhões.  Só no segmento dos jogos, o projecto ambiciona realizar nove milhões de dólares em facturação.

Espera igualmente abordar outros segmentos, como os do planeamento urbano e dos media.  Está presente na comunidade Steam Greenlight e precisa de 200 mil dólares para contratação de programadores e promotores.

AddVolt (2014)

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Bruno Azevedo, da Addvolt

A AddVolt aposta num sistema de recuperação de energia que permite reduzir o consumo de combustível, serviços de manutenção, ruído e emissões de CO2 em veículos de transporte refrigerado.

Os frigoríficos deste meio de transporte funcionam com motor dedicado, capaz de consumir, no mínimo, três litros de gasóleo por hora. Mas o sistema de alimentação pode ser substituído por unidades de acumulação de energia.

Esta é captada a partir de painéis fotovoltaicos e sistemas de recuperação de energia produzida nas travagens e desacelerações do veículo, na solução proposta pela AddVolt.

A empresa aposta em quatro tendências convergentes de suporte ao seu negócio, até 2020:

‒ os custos de energia tendem a subir 7%;
‒ a fretagem de transporte de carga deverá aumentar 20%;
‒ os graus de emissão de carbono permitidos caiem 20%;
‒ o preço das baterias deverá cair 60%.

De acordo com um dos seus fundadores, Bruno Azevedo, a startup está a validar a tecnologia com o transitário Luís Simões.

Displr (2014)

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Rui José, da Displr

A Displr procura ganhar ímpeto no mercado da tecnologia para gestão da disponibilização de conteúdos através de ecrãs, muitas vezes interactivos, nas organizações.

A empresa acredita que está a expandir a área da sinalização digital para um novo segmento, com uma solução de tecnologia aberta e menos dispendiosa. Pelo menos, quanto ao investimento inicial.

Tenta aproveitar o facto de o mercado não ter produtos acessíveis a muitas empresas e propõe um modelo de subscrição anual para uso do software de suporte.

Este, diz a startup, foi concebido para integrar conteúdos a partir de várias fontes, por exemplo de redes sociais e canais de conteúdos,  proporcionando certos graus de interactividade, com maior facilidade de gestão e funcionamento autónomo.

A muito curto prazo, a startup conta adicionar mais uma linha de receitas, com a apresentação de conteúdos patrocinados. Mais tarde, tenciona explorar ainda a exibição de campanhas dirigidas por agência de meios.

Com o modelo intermédio, prevê facturar 500 mil euros, com mil ecrãs, sendo 60% proveniente de subscrições e o resto em patrocínios. Esta última componente tende a crescer para os 75%, segundo o plano de negócios.

Tem como parceiro distribuidor a Vodafone. Com a Microsoft e a Seimais, estabeleceu parcerias de integração. Em quatro meses de actividade comercial, angariou 50 clientes, tendo escolhido o segmento das escolas como aquele de entrada, em Fevereiro do corrente ano.

Três escolas mudaram de software proprietário para a tecnologia da Displr, diz Rui José, co-fundador da spin-off da universidade do Minho. Sobre a comunidade de empreendedorismo, com a qual contactou no inRes, diz que é “mais evoluída” mas enfrenta desafios semelhantes à portuguesa.

Followprice (2014)

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Vasco Moreira, da Followprice

Desenvolveu uma ferramenta de marketing digital para lojas online, baseada num botão virtual – “Seguir Preço” -, que permite ao consumidor aceder a um processo de acompanhamento automático da evolução do preço de um artigo. Com a solução Followprice, a startup com o mesmo nome promete aumentos de taxas de conversão em eCommerce, assim como de retenção.

A visibilidade sobre o cliente também tende a ser maior. Diz ter mais de 50 mil utilizadores da ferramenta e, como clientes, mais de cem lojas em mais 12 países. Fnac, PT e Kuanto Kusta são exemplos nacionais.

Vasco Moreira, um dos fundadores juntamente com Gonçalo Mendes, destaca a importância de estar ciente dos valores pertinentes do mercado antes de falar com os clientes. Isso torna-se importante para perceber quais são os realmente adequados, para a fase de vida de uma startup.

A imersão realizada foi importante para conhecer melhor o mercado dos Estados Unidos, sobretudo.

Xhockware (2014)

João Paulo Rodrigues_Xhockware

João Paulo Rodrigues, da Xhockware

Funda a sua aposta nos processos de compra em lojas físicas, com dois dispositivos para agilizar o processo de registo e pagamentos das compras, bem como uma aplicação móvel para o consumidor e um módulo de hardware para os retalhistas associarem aos POS.

No todo, constituem a YouBeep. Esta solução serve as interoperações das apps com o POS, mas sem exigir trabalho de integração ao departamento de TI, diz a startup. Capta dados para análise e suporta pagamentos usando comunicações sem fios, e a disponibilização de cupões promocionais.

Além de corresponder a estas facilidades, a app possibilita o registo dos artigos para pagamento e a localização das lojas mais próximas do consumidor.

A solução concebida pela Xhockware está a ser experimentada pelo Lidl e pelo Pingo Doce, e convenceu 10% dos clientes num período de duas semanas, segundo dados da GFK. O cesto médio de compras nas lojas aumentou 15%, em média, diz a mesma entidade.

Para os departamentos de marketing, a solução será útil para obterem dados de analítica online, sobre as lojas físicas. O software é baseado em cloud e a YouBeep também facilita a emissão de cupões personalizados em tempo real.

A experiência nos EUA, durante o inRes, serviu particularmente para estudar, em campo, como os consumidores daquele país fazem compras, segundo João Paulo Rodrigues, CEO e fundador da startup,  juntamente com David Sobrinho e João Neiva.

Scraim (2015)

Pedro Castro Henriques_ScraimA startup assenta a sua proposta de valor num serviço online de software para gestão integrada de processos. Promete, através do serviço com o mesmo nome, acelerar a implantação de certificações internacionais, aliviando o trabalho humano e o esforço financeiro.

Projecto de “spin-off” da Strongstep, a Scraim vai receber 50 mil euros de financiamento da Caixa Capital, no âmbito da parceria estabelecida entre esta operação da Caixa Geral de Depósitos e o programa Carnegie Mellon University Portugal (CMU Portugal).

Actualizado com correcções sobre a utilização de uma só linguagem de programação pela Sceelix, as perspectivas de redução de custos (15%) e o valor previsto de encomendas para desenvolvimento de cenários 3D em produtoras “indie”.




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