Portugueses enganados na Black Friday (actualizada)

DECO analisou 1862 produtos em lojas online e detectou subida média de preços em 10%. Já apresentou queixa à ASAE e à Direção-Geral do Consumidor.

black friday - Derek Walter - IDGNS

A associação de consumidores DECO detectou que vários produtos promovidos com descontos na Black Frideay tinham tido os seus preços aumentados nos dias imediatamente anteriores, ocorrendo que o preço nas vendas da sexta-feira passada tinha desconto mas ficava acima do valor inicial.

A DECO dá vários exemplos, como o do televisor LG 55UF770V que, “na Worten, registou um aumento de 60% uns dias antes da Black Friday. O preço inicial era de 1099 euros, subiu para 1799 euros e na Black Friday foi vendido a 1439,20 euros”.

Após receber várias queixas, a associação analisou os preços de 1862 produtos em sete lojas online da Box Jumbo, El Corte Inglés, Fnac, Phone House, Rádio Popular, Staples e Worten, antes e no período de descontos. “Antes da Black Friday, estas subiram, em média, o preço de 10% dos produtos analisados”, diz.

A “manipulação de preços” não foi generalizada mas “um em cada 20 produtos com descontos anunciados na Black Friday viola a Lei das Práticas Comerciais Desleais e ainda a Lei dos Saldos e das Promoções”, ao poder “levar o consumidor a comprar um produto por acreditar que está a poupar, quando, na verdade, não está”.

O caso foi denunciado à Autoridade de Segurança Alimentar e Económica e à Direção-Geral do Consumidor, solicitando sanções, e pediu ao Ministério da Economia que “as lojas tradicionais devem indicar o preço mínimo praticado nos 30 dias anteriores ao desconto, a funcionar como ‘preço de referência'”, enquanto “as lojas online devem apresentar de forma gráfica a variação dos preços praticados nos últimos 30 dias”.

A DECO tem um conjunto de funcionalidades “para comparar a qualidade e os preços de diferentes produtos”.

(actualização a 4 de Dezembro: em declarações públicas, a DECO afirmou não ter encontrado quaisquer problemas deste tipo na Box Jumbo e na Staples.

A Worten reagiu em comunicado a este assunto, afirmando, no essencial, que se rege “por uma política de transparência, não aumentando os preços dos artigos que vende nas suas lojas, antes de iniciar uma campanha promocional”.

A empresa assegura que “não houve qualquer subida de preço dos artigos em causa nos dias antes da campanha de 27 a 29 de Novembro” mas “o término de descontos promocionais específicos para aqueles artigos”. A empresa afirma ainda que:

– de 27 a 29 de Novembro, promoveu uma campanha em que oferecia um desconto de 20% em talão em todos os artigos da loja (mais de 26 mil referências);

– os dois artigos mencionados pela DECO (o televisor LG, de que só foi vendido uma unidade, e um smartphone Samsung) estiveram em promoção em períodos anteriores a esta campanha, tendo voltado ao preço base dias antes do arranque da mesma. Estes artigos não foram, naturalmente, excluídos da campanha em causa, visto que esta era transversal a todos os produtos;

– de acordo com a dinâmica competitiva do sector, a Worten dinamiza campanhas promocionais de forma tão regular que por vezes distam entre si apenas alguns dias).


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