Recentemente, a empresa anunciou um investimento de 50 milhões de euros para um plano de crescimento no segmento empresarial europeu.
A impressão por jacto de tinta é o melhor aliado da Epson, segundo Ernest Quingles, CEO da Epson França, Espanha e Portugal, na sua estratégia para corresponder às necessidades de gestão documental dos clientes.
O responsável não é taxativo sobre o potencial volume de investimento que poderá caber à operação portuguesa, relativo a um plano de crescimento anunciado pela multinacional, a dois anos. Mas sugere que a operação portuguesa e espanhola absorverão, em conjunto, 15% de “todos os investimentos do grupo”.
A Epson prevê investir 50 milhões de euros, a dois anos, para fazer crescer o seu negócio no segmento empresarial.
A gestão unificada da operação portuguesa e espanhola ajuda o fornecedor no negócio com clientes a funcionarem com esse tipo de organização, diz o gestor, sobre a fusão realizada há cinco anos
Computerworld ‒ Qual é o balanço que faz da fusão das operações de Portugal e Espanha? Compensa as desvantagens?
Ernest Quingles ‒ A união ajuda, assim como a “multinacionalidade”. A consolidação de ambas as subsidiárias é positiva, especialmente do ponto de vista estratégico. Existem clientes importantes que actuam num plano ibérico e isto faz-nos pensar globalmente.
Na nossa equipa directiva contamos com vários membros portugueses que nos trouxeram a sua visão do mercado e ajudam no nosso crescimento, não só em Portugal como também em Espanha.
CW ‒ A Epson mantém a venda de tecnologia e consumíveis para impressão a jacto de tinta nas empresas como a grande oportunidade de crescimento. Como se enquadra esta aposta num contexto de cada vez maior desmaterialização dos documentos?
EQ ‒ O nosso enfoque está na eficácia e eficiência de impressão. Permita-me que ponha em dúvida essa “desmaterialização de documentos”. Essa foi a previsão há alguns anos e acabou por não cumprir-se nos prazos.
Continuamos a imprimir, e muito. A todos os níveis, grandes e pequenas empresas. É o que resulta do inquérito realizado este ano através da FTI Consulting.
Mas imprime-se muito e com pouco controlo. Por isso, a nossa ideia de “gestão documental” para empresas implica ferramentas que dêem controlo às empresas, tanto sobre o volume impresso como sobre o consumo energético ou custo por impressão. E, nisto, a impressão de jacto de tinta é o melhor aliado.
CW ‒ Como está estruturada a vossa estratégia para gestão documental? Que importância (em facturação) tem já no vosso negócio?
EQ ‒ A gestão documental não se limita à digitalização de documentos e à sua distribuição electrónica. Para nós, todo o processo de criação de documentos já é gestão documental. Neste sentido, a nossa linha de equipamentos multifunções, em conjunto com a gama de digitalizadores (scanners), representa uma elevada percentagem de negócio.
Tudo o que é para impressão empresarial representa mais de 60% do nosso volume de negócio. Imagine que, por exemplo, crescemos três vezes mais que o mercado em impressão empresarial, com a injecção de tinta.
Assim, aumentámos a nossa quota de mercado de forma considerável no âmbito desse tipo de impressão, ficámos em postos de liderança no mercado. Temos a melhor gama de produtos de impressão empresarial, com capacidade para integrar-se em sistemas de gestão documental. Isso inclui modelos preparados para open source e que os integradores possam facilmente incluir em processos de gestão documental.
CW ‒ E a estratégia para os “managed services”? Quantos clientes têm em Portugal e que importância tem já no vosso negócio, em facturação?
EQ ‒ Nos últimos três anos, tanto em volume de negócio como na importância no total da facturação, tem vindo a crescer de forma sustentável. De facto, duplicámos o número de resultados dos serviços de impressão geridos de um ano para o outro.
A tendência de mercado para a adopção de soluções “chave na mão” (pago por uso ou custo por cópia) é evidente.
CW ‒ Que parcela dos 50 milhões de euros de investimento que a Epson recentemente anunciou será aplicada em Portugal? E em Espanha?
EQ ‒ É uma grande notícia saber dos esforços da empresa para continuar a crescer na Europa. Sem dúvida que este investimento se vai traduzir em importantes benefícios a médio e longo prazo, com investimento como os novos escritórios de Madrid e em Oeiras, com espaços Epson Experience.
Espanha e Portugal deverão representar cerca de 15% de todos os investimentos do grupo.
A importância da Epson Ibérica na facturação europeia tem vindo a aumentar nos últimos anos e isso traduz-se num apoio substancial. Vamos continuar a crescer, a melhorar os nossos espaços Experience com o objectivo de dar saída a oportunidades de negócio e melhorar a facturação.
CW ‒ Está prevista a contratação de trabalhadores para a operação em Portugal, no contexto desse investimento?
EQ ‒ Recentemente, fizemos algumas incorporações. Vamos continuar a fazê-lo à medida que o nosso negócio em Portugal se desenvolve.
CW ‒ Qual é a importância da aposta em segmentos de impressão 3D, robótica, nanotecnologia ou realidade aumentada, para o próximo ano?
EQ ‒ O futuro mais próximo, num plano tecnológico, está marcado por tecnologias de robótica, nanotecnologia e biomedicina. A Epson está presente nas duas primeiras, com novos desenvolvimentos em robótica industrial que permitem abordar os processos de produção e controlo, dificilmente levados a cabo pela mão-de-obra humana.
Em nanotecnologia, o desenvolvimento da tecnologia de micro precisão tem a Epson como um dos grandes actores à escala mundial. Porém, a impressão 3D e a realidade aumentada vão ser importantes agentes de mudança nos próximos anos.
Já estamos no terreno da realidade aumentada com os nossos óculos Moverio, trazendo novas formas de gerir âmbitos tão importantes como a formação e modo remoto ou monitorização em ambientes críticos, como salas de cirurgia ou a manutenção de equipamentos industriais complexos.