Várias organizações já criaram formas de diferentes de descrever objectos para a mesmas áreas e o acordo sobre normas será muito difícil.
Já não há nada a fazer para atingir uma uniformidade semântica e normalizada para a interoperacionalidade de objectos na Internet das coisas (IoT), considerou Omar Elloumi, responsável da oneM2M e da Alcatel-Lucent.
Em debate realizado durante a IoT Week, na semana passada, considerou que a forma mais plausível é descobrir e traduzir entre modelos de representação as formas de representação entretanto estabelecidas.
A Comissão Europeia está a financiar um projecto que evolui nesse sentido, de certa forma, embora esteja mais focado nos dados. Nele participa a portuguesa Unparallel Innovation (ver abaixo).
Para o executivo da oneM2M, não há maneira de ter um modelo único de representar recursos capaz de proporcionar a visibilidade adequada a partir de uma plataforma de cloud computing, por exemplo. A perspectiva da Open Mobile Alliance (OMA) parece semelhante.
O representante da organização, António Jara, defendeu uma estratégia para fazer evoluir a tecnologia já instalada, com mais recursos, procurando uma convergência para uma mesma arquitectura.
Jara defende que é necessário a União Europeia suportar as propostas da oneM2M e da OMA
“Lidar com isto é que constitui o grande desafio: fazer extensões de forma a tudo funcionar como um todo”, sublinha. Com integração na camada dos dados mas também na gestão, ressalva. “Porque antes da semântica, eu preciso de ter um sensor a funcionar”, ironiza.
O consultor independente a trabalhar para a União Internacional das Telecomunicações (ITU), Marco Carugi, considerou difícil construir uma arquitectura unificada para a interoperacionalidade. O objectivo só será possível com uma infra-estrutura modular e preparada para ser composta de várias formas, defende.
Até agora, a ITU-T, focada na normalização tecnológica, tem desenvolvido pouco trabalho para a interoperacionalidade semântica. A situação tende a mudar com uma convergência, prevista para breve, de grupos de trabalho.
Carugi revelou apenas que a prioridade da organização será a área das “smart cities”, e talvez da saúde, numa lógica de promover projectos de implantação em grande escala. O consultor mantém que, para essas iniciativas avançarem, falta um mapeamento de normas estabelecidas e referências de implantações dessas normas.
Especificamente, Jara defende que é necessário a União Europeia suportar as propostas da oneM2M e da OMA. Para esta organização, há agora um momento muito oportuno para criar um ecossistema aberto e liderado pela UE e pelas comunidades “open source”.
Assim, a AIOTI deverá procurar desenvolver sinergias não só com a OMA mas também com a oneM2M e a IPSO, na perspectiva de Jara. Os projectos de implantação em larga escala devem ser suportados pelas normas propostas pela OMA e one M2M, acrescenta.
FIESTA propõe experiências como um serviço
O projecto FIESTA tem como objectivo desenvolver um esquema de infra-estrutura, ferramentas, técnicas e boas práticas para os operadores executarem plataformas de testes para IoT. Permitirá interligar as infra-estruturas de forma interoperacional.
Tem como enfoque principal a semântica para dados e tem um prazo de evolução de três anos, diz Bruno Almeida, da Unparallel Innovation.
O FIESTA envolve a existência de uma cloud com API unificada e suporte à portabilidade das experiências para várias plataformas.
Terá de lidar com a necessidade de proporcionar a interpretação adequada para a automatização de processos, assim como na intervenção em sistemas de IoT federados. Conforme explicou durante a conferência, tem como principais desafios fazer o alinhamento entre diferentes modelos e matrizes, assim como o suporte à troca de informação entre elas.
O projecto já tem integradas quatro plataformas de teste e Bruno Almeida diz que haverá concurso para mais duas, além de três experiências, quando estiver mais estabilizada.
Decorrem trabalhos em três áreas de experiência: recolha e conjugação de dados e portabilidade de serviços, descoberta dinâmica de recursos de IoT para acesso a dados independente de plataformase “crowdsensing” em grande escala.