Nokia quer anular carências na compra da Alcatel-Lucent

Além de crescimento, o negócio terá por objectivo atingir uma melhor capacidade na fusão entre comunicações fixas e móveis.

Rajeev Suri_CEO da Nokia

Rajeev Suri, CEO da Nokia

A Nokia e Alcatel-Lucent estão em negociações avançadas de fusão, com a primeira empresa à procura de melhor capacidade para fornecer uma maior integração entre equipamentos de comunicações fixas e móveis. Depois de alguma especulação e apesar da confirmação por parte das empresas, as conversações ainda podem desmoronar.

O acordo implicará a troca de acções, segundo as organizações. A fusão dará à entidade resultante um portefólio mais amplo de produtos e maior escala, mas também traz os seus próprios desafios.

Para a Nokia, especialista em banda larga móvel, faz sentido fundir-se com a Alcatel-Lucent, empresa mais forte nas redes fixas, de acordo com Mark Newman, director de pesquisa da Ovum para o sector das telecomunicações. Conforme as redes móveis e fixas se tornam cada vez mais integradas, não ter capacidade na última área está a tornar-se uma desvantagem para a Nokia, assinala.

A crescente popularidade mundial dos smartphones tem aumentado o enfoque nas redes móveis. Mas as redes de banda larga fixa ainda são necessárias para fornecer conteúdo de vídeo de alta resolução e suportar tráfego de “backhaul”, de ligação de redes Wi-Fi, ao núcleo do operador. A integração da oferta fixa da Alcatel-Lucent, com as melhores partes de mobilidade das duas empresas, pode resultar num benefício interessante para os utilizadores finais, argumenta.

O tamanho das empresas faz com que não haja grande surpresa sobre a possibilidade de fusão. Os dois fabricantes estão nos distantes terceiro e quarto lugar, para  as líderes Ericsson e Huawei Technologies, no mercado das redes de acesso, disse Newman.

É proibido desacelerar

A fusão dar-lhes-á escala e uma base maior para competir. Em qualquer caso, segundo o director de pesquisa da Gartner, Sylvain Fabre, o mercado de equipamentos de acesso de telecomunicações provavelmente não será suficientemente grande para sustentar mais de três grandes fornecedores, a longo prazo.

Para a Alcatel-Lucent, as negociações surgem num momento em que o seu plano de reorganização, “Shift”, começa a dar frutos e a empresa pode negociar a partir de uma posição melhor, considera Fabre. Mas juntar uma empresa finlandesa-alemã com uma franco-americana traz grandes desafios culturais, quando está a ser necessário acelerar a inovação.

O sector passa por uma grande mudança, na qual o software está a tornar-se mais importante do que hardware.

A chave para uma fusão bem sucedida será fazer com que todos trabalhem em conjunto o mais rápido possível. Nenhum fornecedor pode dar-se ao luxo de abrandar: o desenvolvimento das redes de 5G está a ganhar ritmo e a indústria passa por uma grande mudança, na qual o software está tornar-se mais importante do que o hardware.

Além disso, o histórico de fusões nas empresas em questão deixou-os com grandes grupos de trabalhadores nos EUA (Lucent), França (Alcatel), Finlândia (Nokia) e na Alemanha (onde a Nokia adquiriu anteriormente operações de redes da Siemens). Os governos desses países também terão de ser ouvidos para aprovarem o negócio.




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