A nova directora-geral da empresa em Portugal, Sofia Tenreiro, pretende expandir o número de parceiros portugueses da Intercloud e reforçar o país como pólo de “nearshoring” do fabricante.
A abertura de um novo centro de competências da Cisco em Portugal é uma “hipótese em cima da mesa”, reafirma Sofia Tenreiro, directora-geral da empresa, em entrevista ao Computerworld. Recentemente empossada, a executiva manifesta a disponibilidade da multinacional para participar em projectos capazes de transformar a economia portuguesa.
O investimento no tecido português de startups é uma possibilidade, nesse contexto. Mas, mais concretamente, a expansão da comunidade de parceiros da rede Intercloud é a maior prioridade.
No dia em que o fabricante realiza o evento Cisco Connect 2015, Tenreiro estabelece como objectivo principal da sua equipam levar os clientes para um “novo modelo operacional”.
Computerworld ‒ Que mudanças acha importante implantar na estratégia da Cisco, em Portugal? Quais são as prioridades?
Sofia Tenreiro ‒ A principal prioridade passa por ajudar as organizações portuguesas a implantar um novo modelo operacional para a Internet of Everything (IoE) – que na Cisco denominamos Fast IT –, mais ágil, rápido, seguro e simples. Fazer crescer o negócio, reforçar o posicionamento de referência no mercado de TI e reforçar Portugal como um centro de excelência de “nearshoring” da Cisco são outras das grandes metas.
CW ‒ Que alterações prevê implantar na relação com os parceiros de canal? Quais são os seus objectivos nesta área?
ST ‒ A Cisco apresenta um programa de canal sólido: os parceiros sempre foram essenciais e assim continuarão, pelo que o grande objectivo passa por manter esta excelente relação de confiança e trabalho que temos com todos eles, colocando-os e aos seus clientes no centro das nossas preocupações. Queremos ser considerados um “Trusted Advisor”, colocando a nossa tecnologia ao benefício do nosso ecossistema por forma a que os nossos parceiros e clientes possam melhorar o “outcome” [resultado] das suas empresas.
CW ‒ Que ambições ou objectivos alimenta quanto ao centro de competências da Cisco em Portugal? Nuno Ferraz de Carvalho (anterior director-geral da empresa em Portugal) levantou a hipótese de ser localizado no país um novo centro. Tem novidades sobre este assunto?
ST ‒ Continuamos a trabalhar nesse sentido e essa hipótese está em cima da mesa. O centro de competências é uma área-chave para a Cisco, pelo que a atracção de investimento tem sido e continuará a ser para nós uma aposta estratégica, seguindo também a visão de John Chambers, que já por diversas vezes referiu que Portugal é um dos mercados prioritários em planos de abertura de novos centros de competências.
CW ‒ Quais são as perspectivas de contratação para o centro existente, durante 2015?
ST‒ Graças a um forte investimento em recursos humanos, crescemos de 50 colaboradores em 2007 para 350 em Janeiro de 2015, além de termos sido considerados Great Place to Work pela quinta vez. Dito isto, a Cisco continuará a apostar nesta área, estando comprometida em manter o investimento dos últimos anos.
CW ‒ Como acha que a dinâmica em torno da SDN afectará o vosso negócio em Portugal, mesmo tendo em conta a oferta de tecnologia semelhante (como a plataforma ACI)?
ST ‒ Na Cisco acreditamos que ainda está muito por fazer e importa também esclarecer o mercado relativamente ao facto das Software Defined Networks não serem uma revolução mas sim uma evolução, que permite aceder com mais facilidade a certas funções inteligentes. Assim, acreditamos que esta área está a evoluir de uma plataforma baseada em controladores ou Application Programming Interfaces (APIs) para outra, capaz de facilitar a orquestração e automatização do fluxo das TI – contemplando desde o datacenter até à cloud –, de forma a que a infra-estrutura possa responder com maior rapidez e de forma dinâmica aos exigentes requisitos dos negócios.
É isso que a Cisco oferece com a sua plataforma ACI, indo além da tecnologia SDN e oferecendo às organizações a primeira solução para datacenter e cloud que proporciona uma completa visibilidade e gestão integrada tanto dos recursos de rede físicos como virtuais e que é capaz de priorizar as aplicações em função de cada necessidade.
CW ‒ Qual será a estratégia da Cisco para o negócio Intercloud em Portugal? Além da PT, poderá haver mais parceiros?
ST ‒ Em conjunto com 50 parceiros (até à data) [e à escala internacional], a Cisco anunciou a sua abordagem à cloud através da Intercloud, a maior cloud pública e uma oferta única de serviços para clientes e revendedores. A estratégia da Cisco a nível global – incluindo Portugal – passa por reforçar a colaboração com os actuais parceiros Intercloud e ampliar o ecossistema de parceiros, incluindo desde fornecedores, criadores e agregadores de cloud até parceiros tecnológicos, ISV e revendedores de cloud.
CW ‒ Recentemente, a Cisco anunciou o investimento no universo francês de startups. Há alguma iniciativa semelhante para Portugal, tendo em conta a dinâmica existente no país?
ST ‒ Em Portugal, a Cisco tem demonstrado ser um parceiro credível e sempre disponível para contribuir para projectos transformacionais e com impacto positivo na economia, como é o caso das startups que têm um papel-chave a este nível, contribuindo também para a competitividade do país.
CW ‒ Como acha que a sua experiência profissional, desenvolvida sobretudo no mercado B2C, poderá contribuir para a gestão na Cisco, fabricante centrado na área de B2B?
ST ‒ Sempre abracei novos desafios com confiança e esforço-me por estar constantemente em auto-avaliação para perceber quais as áreas que necessitam de uma intervenção mais imediata. Acredito que estes são fatores importantíssimos independentemente da área que se trabalha, além do facto de ter uma experiência profissional muito diversificada que por certo me permitirá liderar e acompanhar esta reconhecida equipa a reforçar o posicionamento da Cisco Portugal como empresa de referência no mercado das TI.
Além do mais, as TI estão cada vez mais ao serviço das linhas de negócio necessitando de acrescentar valor aos mesmos. Acredito que a minha experiência diversificada em B2C nos ajudará a focar a nossa colaboração com o nosso ecossistema no cliente final e no “outcome” das empresas.