…não se sabe quando nem se será apenas em português do Brasil. E Vodafone e IBM anunciam parceria em Portugal para cidades inteligentes.
O Watson, da IBM, vai permitir interacções em português mas falta saber se será só em português do Brasil e quando estará disponível. Raposo de Lima, presidente da IBM Portugal, escusou-se a revelar esses detalhes – “português só há um”, disse ao Computerworld – e garantiu que o “roadmap” para isso já está definido, bem como a existência de interessados no nosso país em usar o supercomputador.
O anúncio foi efectuado hoje – dia do 76º aniversário da IBM em Portugal – na conferência Cidades do Futuro, realizada pela tecnológica e pelo Expresso, em Lisboa. Apesar do título, o evento serviu mais para falar de regiões inteligentes do que de “smart cities”. “Já não é preciso falar disso, já existe”, referiu Harry van Dorenmalen, presidente da IBM Europa.
Sobre as regiões, o responsável da IBM Europa considera a necessidade de três factores “críticos para o sucesso”: saber no que se é bom, ter equipas multifacetadas e tecnologia – nomeadamente para a mobilidade.
Lisboa ou Faro foram duas das cidades mais focadas mas outros exemplos surgiram do Rio de Janeiro (Brasil) a Istambul (Turquia). Neste caso, tratou-se de uma parceria entre a IBM e a Vodafone para usar os telemóveis na ajuda à gestão do tráfego automóvel. Mário Vaz, presidente da Vodafone em Portugal, confirmou que está em fase de finalização um acordo entre as empresas para estes temas, mas escusou-se a revelar pormenores.
Este responsável salientou que, em termos de comunicações, Portugal está bem equipado e a sua operadora está no segundo ano do investimento de 500 milhões de euros, metade para a rede fixa e outro tanto para a móvel.
Já o Rio de Janeiro foi dado como exemplo de coordenação entre entidades em situações de emergência. António Costa, presidente da Câmara Municipal de Lisboa e que já visitou esse Intelligent Operations Center brasileiro, questionou a dificuldade da capital em ter algo semelhante: “queremos ter”, disse, “com todas as entidades a recolher e a partilhar informações”, mas “em Lisboa estamos muito longe disso”, referiu, “as resistências são culturais, há uma cultura de minifúndio”.
Perante os minifúndios, “estamos bem servidos de tecnologia”, sustentou Mário Vaz. Também Raposo de Lima considera que “a tecnologia não é problema”, já que “a cidade do futuro não é de tecnologia, é baseada nas pessoas”.
Cidades derrotam-se se não forem inteligentes
Guta Moura Guedes, da Experimentadesign, considera “as cidades como sistemas operativos”, pelo que é necessário saber “como fazer evoluir cidades rígidas de forma orgânica”, enquanto Pedro Santana Lopes, presidente da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, alertou para a necessidade de uma “maior protecção social – isso falta nas cidades inteligentes”, referiu. “Vamos ter pessoas mais velhas, não é só cá, e a inovação social é um conceito que está por preencher”. E “as cidades são estúpidas se não enfrentarem este problema”, afirmou.
Para Raposo de Lima, “há bloqueios de mentalidades, inércias, questões regulamentares” mas “o que falta é liderança e visão estratégica, embora Portugal possa dar um salto qualitativo”.
“As cidades derrotam-se a si próprias se não forem inteligentes na governação e assim perderem pessoas e empregos”, constatou o economista Augusto Mateus. Salientando que “smart” em português é “inteligência pragmática útil”, alertou que “precisamos de mais inovação e re-organização, precisamos de pessoas e de organizações mais eficientes”.
“As redes inteligentes e os dispositivos inteligentes só funcionam com pessoas inteligentes – e temos de ter organizações inteligentes”, declarou. “A tecnologia é o instrumento que empurra mas o que é preciso é liderança”, enfatizou.