Microsoft percebeu finalmente que PCs são diferentes de tablets?

Se as notícias publicadas recentemente têm algum crédito, a Microsoft está finalmente a perceber algo que tenho dito desde que o Windows 8 revelou a sua feia face: o interface chamado Modern (antes Metro) pode funcionar bem em smartphones e tablets, mas basicamente atira os computadores tradicionais para debaixo de um autocarro. O ecrã Iniciar do Windows 8 é simplesmente idiota nos computadores tradicionais.

A situação agrava-se quanto maior for o ecrã do dispositivo. Já olhou para o Windows 8 num monitor de 27 polegadas? Que tal num par de grandes ecrãs? Apesar das características que permitem organizar as “tiles” (arrumação em azulejo), a linha inferior mostra que quanto maior o ecrã, maior o Windows 8 se transforma numa confusão.

O rumor é que o Windows do próximo ano apresentará um tradicional interface ao estilo do Windows 7 nos desktops e laptops tradicionais, enquanto ainda mostrará aquelas “tiles” em dispositivos com menores ecrãs tácteis.

Por um lado, isto pode ser visto como uma admissão do terrível fracasso para a Microsoft. A aposta da empresa numa nova interface radical do Windows 8, escondendo o desktop tradicional e um menu Iniciar atrás de uma parede de “tiles” tácteis enigmáticas, podem ter parecido “modernas” mas nunca fizeram sentido para tarefas de computação tradicionais. Fazer os utilizadores de computadores tradicionais fingirem que estão a trabalhar num tablet despertou a ira de comentadores raivosos e assustou os consumidores tradicionais desde então.

Concorrentes como a Apple e a Google, por sua vez, oferecem sistemas operativos distintos e interfaces para computadores versus telemóveis e tablets. Eles, como quase toda a gente fora [da sede da Microsoft em] Redmond, parecia entender que enquanto os smartphones e tablets são tecnicamente computadores, as pessoas os usm de maneiras muito diferentes para tarefas muito diferentes. Se estou sentado na minha secretária de trabalho, tenho necessidades completamente diferentes de quando estou a ver o meu “feed” do Facebook no meu telemóvel ou a assistir a um vídeo no meu tablet.

Enquanto o Mac OS X e o iOS da Apple estão cada vez mais semelhantes (como o Android e o Chrome da Google), eles continuam a parecer e a serem muito diferentes uns dos outros. O que é bom.

Ainda assim, prefiro ver a possível mudança da Microsoft a uma outra luz. Ao invés de um fracasso, vamos chamá-lo de reconhecimento da realidade e uma demonstração da vontade de mudar e de se adaptar. Isso é exactamente o tipo de coisa que a Microsoft teve problemas para fazer sob a liderança anterior (sim, de Steve Ballmer).

Não há vergonha em fazer as coisas erradas. Mesmo Steve Jobs fez muitas asneiras. A chave é reconhecer os erros e corrigi-los. Se Satya Nadella tem a maturidade para admitir os erros da Microsoft e encontrar uma maneira de resolvê-los, esses erros são menos propensos a serem fatais.

Neste caso, creio, isso significa a bifurcação do Windows para criar um sistema operativo (ou vários) optimizados para as diferentes coisas que as pessoas fazem com os smartphones, tablets e computadores tradicionais.

Eu, por exemplo, não considero o uso do Windows 8 num desktop tradicional até que isso aconteça (por vezes, uso um Surface 2 e tenho sido um feliz utilizador do Windows 7). E, a julgar pelos últimos dados de utilização do sistema operativo, não estou sozinho.