A oportunidade do Big Data nos setores verticais

O melhor Big Data são os dados gerados como um subproduto dos processos operacionais de clientes e fornecedores, explica Rodolfo Vale, Territory Sales Manager da Qlik.

Rodolfo Vale - QlikO Big Data não só existe, mas tem um grande potencial por explorar nos mercados verticais bem estabelecidos. A IBM já fez comentários sobre a duplicação da informação a um ritmo como nunca antes visto, enquanto, a Cisco previu que, até 2015, haverá 15 mil milhões de dispositivos conectados em circulação. Todos falam do Big Data, mas este fenómeno tem vindo a crescer pela calada.

Como sabemos isto? Da mesma forma que o serviço de apoio ao cliente evoluiu para ser prestado durante 24 horas por dia e sete dias por semana, já todos assumimos que as empresas estão a analisar os seus dados em tempo real, para uma melhor deteção de oportunidades e anomalias.

Veja-se o exemplo da Amazon. Já não esperamos todos que a Amazon e outros retalhistas online nos recomendem a nossa próxima compra com base em hábitos de compra anteriores? 30% das suas vendas resultam do seu sistema de recomendação. O setor do retalho, em particular, está a alcançar bons resultados a partir da análise do comportamento e dos padrões dos clientes, e a ser capaz de oferecer cupões aos consumidores e ajustar preços quase em tempo real.

Essas indústrias e setores verticais que têm acesso fácil e disponível aos dados dos clientes ou das indústrias, de modo a estabelecer comparações e contrastes, devem tirar proveito disso. Numa altura em que a comparação de custos e um desempenho tão poupado e eficiente quanto possível são cruciais, todas as empresas precisam de procurar oportunidades das quais também possam beneficiar e que lhes permitam crescer. E são muitas as que estão a fazê-lo.

Há semelhanças evidentes entre o espaço de retalho e as indústrias de telecomunicações e comunicações móveis – e estas últimas apresentam vantagens. Graças (sobretudo) a um relacionamento de longa data com os clientes, o histórico de faturação pode revelar informações relevantes sobre o utilizador e os seus hábitos. No entanto, isto levanta grandes preocupações com a privacidade dos clientes e com qualquer grande empresa que admita vender os dados analisados. Por diversas vezes, muitas das empresas não estão dispostas a arriscar as suas relações com os clientes, em troca de melhores conhecimentos e parcerias com outras organizações que possam melhorar ainda mais o serviço ou a experiência oferecida ao cliente.

Aquilo que o potencial do Big Data demonstra, no entanto, é uma oportunidade para a inovação aberta. Mediante a capacitação de todos os utilizadores dentro de uma empresa, a possibilidade de mudança, de transformação inovadora, em termos teóricos, deveria tornar-se viável. As organizações em todos os setores não só têm que permanecer ágeis e serem capazes de se adaptar rapidamente para ficar à frente da concorrência no seu setor vertical específico, mas também à medida que os papéis tradicionais das empresas evoluem. Isto está, uma vez mais, relacionado com os desafios e oportunidades da diversificação – e de várias tentativas fracassadas. Por outro lado, são essas assimetrias de informação que estão a permitir que empresas de tecnologia como a Google e a Microsoft façam precisamente isso.

Também as empresas de serviços públicos estão a utilizar os dados através da análise de media sociais, de forma mais eficaz nos EUA e na Europa do que no Reino Unido. Isto mostra, mais uma vez, que ainda há mais potencial para ser aproveitado, mesmo que apenas em determinadas regiões.

O setor privado tem, indiscutivelmente, maior licença para analisar os padrões do utilizador para melhor adaptar e personalizar os serviços, porque os clientes optam por uma marca. Dito isto, os governos e os setores públicos de todo o mundo não estão a deixar a oportunidade do Big Data passar por eles. Os departamentos da polícia estão a utilizar um mapeamento informatizado e a análise de variáveis como padrões históricos de detenções, dias de pagamento, eventos desportivos, precipitação e feriados, para tentar prever zonas críticas em termos de criminalidade e destacar agentes para essas áreas com antecedência, por meio da análise de Big Data. De Estocolmo até ao Reino Unido e em todos os EUA, as forças policiais estão a ser muito eficazes na gestão dos seus recursos para uma melhor implementação.

A abertura dos dados é fundamental, assim como a transparência na forma como os dados são armazenados e analisados. Isto traz-nos de volta à definição de Big Data e à identificação das suas responsabilidades. Uma coisa que o gigante de dados EMC desaconselha em qualquer caso é tratar uma iniciativa de abordagem de Big Data como um problema de TI. Enquanto o departamento de TI e os chamados cientistas de dados têm um papel importante a desempenhar para permitir o acesso aos dados e, de seguida, obter análises a partir de várias linhas de dados, cabe aos utilizadores a tarefa de detetar anomalias e oportunidades a partir dos dados que se encontram disponíveis para eles. Quanto mais nos pudermos referir a Big Data como informação que está disponível e conhecimento de negócios aproveitados a partir da análise da oportunidade para diferentes setores verticais em todo o mundo, melhor colocados estaremos para tirar partido daquilo que o Big Data permite em última instância.

O melhor Big Data são os dados gerados como um subproduto dos processos operacionais de clientes e fornecedores. São os dados que as pessoas partilham naturalmente – e que estão na disposição de partilhar – em troca de uma melhor experiência ou produto final. E o melhor Big Data surge quando o mesmo se torna informação que é facilmente analisada por utilizadores, de modo a que obtenham conhecimentos úteis.




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