A Rede Lusófona de Cuidados Primários (CSP) abrange a investigação e intervenção em telemedicina. “As práticas de desenvolvimento e implantação dos sistema de informação são anacrónicas e pouco profissionais”, diz Luís Lapão, presidente da AGO.
A Associação para o Desenvolvimento e Cooperação Garcia de Orta (AGO) apresentou esta quarta-feira a Rede Lusófona de Cuidados Primários (CSP) envolvendo oito países lusófonos: Angola, Brasil, Cabo Verde, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. A Rede Lusófona de CSP visa a investigação e intervenção em várias áreas estratégicas: organização e recursos humanos da saúde, sistemas de informação, telemedicina e governação e qualidade
A iniciativa tem o apoio do Instituto de Higiene e Medicina Tropical e Centro Colaborador da Organização Mundial de Saúde (OMS) para as Políticas e Planeamento da Força de Trabalho em Saúde,
O projecto de cooperação tem como base os sistemas de informação e foi concebido para “funcionar através das ligações estabelecidas pelos investigadores e responsáveis dos diferentes países da rede de cooperação”, explica um comunicado. Para Luis Lapão, presidente da AGO, “o fraco conhecimento dos SI para a saúde e a ineficaz gestão de projectos são ainda das principais razões para que estes falhem, sobretudo na fase de implementação onde o envolvimento dos profissionais de saúde é muitas vezes esquecido”.
De acordo com um comunicado, AGO considera que Portugal teve no final dos anos 1980 visionários para o desenvolvimento de um sistema de informação nacional, tendo em conta as questões de governação e qualidade nos CSP. “Contudo ficou refém do isolamento e cometeu o erro de não envolver as universidades no processo de desenvolvimento”, acrescenta.
Na opinião do presidente o país precisa “que os decisores políticos levem a sério a componente de implementação e gestão da mudança”. “São áreas do conhecimento sérias e que não podem ficar na mão de amadores”, alerta o dirigente.
A gestão da informação é apontada como tendo um elevado impacto na criação de valor, por não ser possível desenvolver o trabalho de médico de família ou, de forma sustentada, a reforma dos CSP sem existir um sistema de informação de apoio aos serviços de saúde, recorda o comunicado. Contudo, Luis Lapão considera que “o uso de SI na saúde devia ser devidamente validada por critérios técnicos de qualidade de software, de flexibilidade, de segurança, mas sobretudo de interoperacionalidade e de uso fácil e efectivo pelos profissionais de saúde. Para o responsável, “as práticas de desenvolvimento e implantação dos SI são anacrónicas e pouco profissionais”.
Os desafios da cooperação em Saúde para o futuro dos povos, a capacitação de competências e redes de partilha, a governação e qualidade nos CSP e o potencial dos SI foram alguns dos temas que estiveram em debate neste primeiro dia que antecede a apresentação deste projecto de cooperação.