SAP suplanta a sua maior facturação de sempre em Portugal

Com um volume de negócios de 70 milhões de euros, a empresa ultrapassou os seus objectivos para 2013 e a facturação de 2008. Nem tudo correu de forma tão expressiva: o negócio no sector público não cresceu, nem o peso do canal.

Paulo Carvalho - SAP PortugalA SAP Portugal incrementou em 22% o seu volume de negócios durante 2013, para 70 milhões de euros. Em Maio desse ano, o director-geral da SAP Portugal, Paulo Carvalho, já antevia um forte crescimento no volume de negócios da empresa, ao colocar os objectivos de facturação da empresa acima dos 60,1 milhões de euros registados em 2008.

Assim, a empresa suplanta a sua maior facturação de sempre, e cumpre um dos objectivos a que se propôs: diminuir a sua dependência face aos sistemas de ERP, e explorar o que denomina “áreas de inovação”.

Estas englobam sobretudo a mobilidade, cloud computing, analítica e soluções de gestão avançada, e representam já 75% das receitas de novas licenças de software. As vendas de licenciamento de ERP foram 23%, segundo o fabricante. Há cerca de três anos, recordou esta terça-feira Paulo Carvalho, em conferência de imprensa, eram cerca de 50% e há cinco anos perto de 75%.

A plataforma HANA, baseada em processamento “in-memory”, particularmente focada na analítica, terá sido responsável pela concretização de contratos com 30 clientes ‒ no final de 2012 a empresa tinha dois nesta área. EDP, Grupo Visabeira, Probar, REN e Sumol +Compal são algumas das organizações desse conjunto.

O negócio com a primeira empresa terá sido um forte impulso para o crescimento da SAP Portugal. O cliente do sector energético firmou um dos maiores contratos de CRM for Utilities à escala europeia.

Não obstante prever duplicar durante 2014 o número de clientes ligados àquela plataforma, Paulo Carvalho estima que a área de maior crescimento será a de cloud computing. Sobretudo de SaaS, em modelo público, e nos próximos dois anos.

“As empresas portuguesas ainda estão a estudar o tema”, reconhece, e traça as principais linhas de enfoque:
‒ gestão de capital humano, “para o alinhamento dos colaboradores com a estratégia das empresas”;

‒ gestão de compras: “a internacionalização exige ter redes de fornecedores, e ter uma plataforma electrónica a suportá-las é muito útil”;

‒ gestão de clientes (CRM): “as empresas não conseguiram traduzir em valor os investimentos em CRM”.

Ainda na opinião de Paulo Carvalho, “as organizações necessitam de focar mais a atenção da sua gestão nos clientes e nas vendas”. Além disso, o responsável alerta que que o recurso à cloud computing não pode ser feito em regime pontual, correndo-se o risco de criar “silos” de informação, “ter processos partidos” e “falhas de integração”. Este último aspecto será um desafio difícil, considera, e defende por isso uma abordagem abrangente.

Peça central na estratégia da SAP é a parceria anunciada já este ano com a Portugal Telecom (PT), para providenciar a suíte Business One sobre HANA, em cloud computing (a partir dos centros de dados da PT). “A nossa intenção é criar a possibilidade de os clientes deslocalizarem todos os seus sistemas para a plataforma de cloud computing”, diz Paulo Carvalho, reconhecendo a impossibilidade de isso acontecer com a totalidade das aplicações das grandes empresas.

No entanto, revela que objectivos da SAP devem concretizar-se melhor com um enfoque “na proximidade”, apostando na “vantagem de os clientes poderem ter os sistemas no próprio país”.

Em 2013, o número de clientes com sistema Business One cresceu 43%, mas a “grande maioria” não optou pelo modelo de cloud computing.

Este deverá ajudar a resolver pelo menos grande parte dos problemas com os quais lidam os clientes da SAP, face à complexidade de licenciamento das soluções. “A simplicidade virá da cloud e do seu sistema de preços por utilizador e baseado em subscrições”, espera o responsável. Há trabalho a ser desenvolvido sobre esse aspecto, segundo o responsável, que não definiu uma data para surgirem melhorias.

Venda de licenças no canal não cresceu

Apesar de o negócio realizado no mercado interno ter crescido 10%, Paulo Carvalho revelou que as vendas de licenças no negócio indirecto não aumentaram. E o peso do canal também “não teve crescimento” face a 2012. No ano passado, o executivo previa que em 2013, o valor pudesse descer para 35%, devido à conjuntura económica.

Durante esse ano, o negócio com parceiros representou perto de 40%. A SAP estabeleceu há mais de três anos aumentar o peso do  canal no negócio para pelo menos 40%, até 2015. Actualmente, o fabricante tem 50 parceiros.

O sector público terá constituído uma área de estagnação durante 2013. “Não cresceu, nem decresceu”, diz Paulo Carvalho, para quem o país tem de tomar a decisão de modernizar e simplificar a administração pública. Quando isso acontecer, o responsável considera que a SAP terá soluções adequadas.

O director-geral explicou ainda como a abertura da sua plataforma (a HANA em particular), está a desencadear uma nova fase na vida do fabricante. “O modelo OEM será cada vez mais”, diz. Como exemplo, refere a iniciativa da WeDo de incorporar tecnologia de BI da SAP na sua solução.

No futuro, haverá ainda mais “peças” de software da SAP a funcionarem em mais aplicações de cada vez mais parceiros, estima o responsável. Para 2014, Paulo Carvalho quer levar a empresa a novo crescimento, mas já não arrisca um valor concreto.




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