Departamento de TI como corretor de serviços na EDP

Um debate num evento da IDC revelou como algumas das maiores empresas portuguesas estão a usar a cloud computing. A Bial decidiu assumir os desafios e pretende colocar mais volume de trabalho nesse tipo de plataformas nos próximos dois anos.

Carlos Leite (HP), Rui Rodrigues (Bial), Pedro Enes (EDP), Paulo Guedes  (ESI) Joao Dolores, Fernando Resina da Silva (VDA)_ IDC Cloud Leadership Forum_2464Conscientes dos riscos e dos desafios, as empresas portuguesas estão a aproveitar os benefícios da cloud computing da forma que acham mais adequada. Isso resulta nalguma diversidade de soluções como foi possível perceber durante um debate no IDC Cloud Leadership Forum, que decorreu esta quinta-feira em Lisboa. Na EDP, a adopção do modelo colocou o departamento de TI como corretor (ou “broker”) de serviços, enquanto no universo BES esse tipo de plataforma reduz custos mas pela via de facilitar e dar capacidades à empresa.

A emergência da cloud computing acabou por levar a EDP a mudar o seu regime de outsourcing, com a Lógica, que deixou de ser de exclusividade, para poder acomodar novos serviços externos a essa relação. A empresa do sector energético procurava conseguir maior flexibilidade e agilidade nos serviços de TI.

Segundo Pedro Enes, da direcção de sistemas de informação da empresa, houve necessidade de constituir um catálogo ou portal de serviços de TI, disponíveis para os colaboradores da empresa, sobre o qual o departamento age como corretor, que define a política de adopção e quais os serviços disponíveis.

Actualmente, a EDP está a implantar um projecto de sistema de gestão de dispositivos móveis “à escala mundial”, para funcionar a partir de uma plataforma de cloud computing (para assegurar abrangência). E, em breve, a empresa deverá migrar para uma cloud pública todos os seus serviços de email, assim como as plataformas colaborativas.

A abordagem da EDP à cloud computing em regime público também engloba “as áreas nas quais considera importante implantar aplicações em ambientes externos em vez de instalar logo nos sistemas internos”. Pedro Enes reconhece que a dificuldade de adopção do referido modelo é grande devido à “complexidade tecnológica” mas também à “gestão de equipas e fornecedores externos”.

No entanto, a empresa assume agora uma estratégia na qual dá prioridade ao modelo de cloud computing para as novas aplicações. A EDP está a usar uma infra-estrutura em cloud privada, localizada em Espanha, para o desenvolvimento e implantação de projectos de aplicações que não ficam logo disponíveis no portefólio de serviços. Na visão do responsável, essa estratégia permite aos programadores lidarem, à partida, com os problemas de latência, inerentes às redes e à integração da aplicações com os sistemas de informação existentes.

Já na Espírito Santo Informática, nem os desafios da segurança ‒ que “apenas é gerida de outra forma”, segundo o gestor executivo Paulo Guedes ‒ são impeditivos da adopção da cloud computing. Esta acaba por resultar em redução de custos mas sendo um facilitador das operações de negócio, um “business enabler”.

Não se trata apenas de ”fazer mais com o mesmo” mas de elevar a produtividade e a eficiência das TI, para proporcionar vantagem no âmbito do negócio.

Próximos seis meses serão determinantes na Bial

A Bial assumiu um plano de transformação dos seus sistemas de informação e tenciona colocar mais volumes de trabalho em cloud computing nos próximos dois anos, revelou o director de sistemas de informação da empresa, Rui Rodrigues. Os próximos “seis meses serão determinantes”, disse, procurando estimular os fornecedores de soluções.

“Vamos colocar o máximo possível” na cloud, reforçou ainda. Assim, deve avançar a contratação de serviços de CRM em cloud computing e um projecto de segundo centro de dados, para necessidades de continuidade de negócio.

A visão do responsável sobre os riscos, desafios e vantagens assenta em duas ideias específicas . Segundo o director, a sua equipa sente cada vez mais dificuldades em proteger os seus sistemas internos das crescentes ameaças à segurança de informação.

Ao mesmo tempo, considerando as especificidades do universo da empresa ‒ lida com entidades de investigação muito dispersas ‒, o responsável percebe que muita da informação crítica da empresa já circula por plataformas externas à empresa, em suportes de colaboração, por exemplo. Portanto os riscos de insegurança já existem, em parte.

A segunda ideia é de que Rui Rodrigues vê a utilização de serviços de cloud computing, nomeadamente de SaaS, como a única forma de resolver problemas que antes não conseguiria, e de lidar com os desafios mais recentes. Assumir essa via é também uma maneira de controlar o uso de “TI sombra” ou “shadow IT” – no fundo, sistemas não validados pelo departamento de TI, sugere.

No entanto, a empresa não prescinde da implantação de uma política que imponha uma utilização em conformidade com requisitos de segurança. Rui Rodrigues diz ainda que com os sistemas em cloud computing  é possível ”reduzir a necessidade de acrescentar complexidade aos sistemas para responder aos requisitos” dos utilizadores e do negócio”.

Mais de 30% das empresa usa cloud computing

Segundo a IDC, mais de 30% das empresas em Portugal já utiliza serviços de cloud computing. No entanto, dados da consultora indicam que apenas 17% do universo total têm sistemas de email em plataforma de cloud computing pública e privada.

Não obstante, a IDC prevê que esse valor evolua para os 60%, em 2015. Os factores de adopção do modelo também tendem a mudar: a redução de custos e transformação da despesa em capital em despesa operacional eram os principais impulsionadores.

Contudo, havendo “novas perspectivas” económicas, a obtenção de uma maior flexibilidade nos serviços de TI, contribuindo para uma maior capacidade de resposta às necessidades de negócio, e a redução do tempo para colocar os produtos ou serviços no mercado, ganham maior destaque.




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