Na abertura da Cebit 2014, o primeiro-ministro britânico David Cameron destoou da maioria dos líderes nas preocupações manifestadas, preferindo comentar a peça de entretenimento com a qual a cerimónia foi aberta.
A necessidade de melhoria da protecção de dados fez parte do discurso de quase todos os líderes reunidos em Hanôver, na Alemanha, para a cerimónia de abertura da Cebit 2014 ‒ cujo tema é “datability”, ou utilização de Big Data de forma responsável.
Referindo-se à acumulação acelerada de dados digitais, a chanceler alemã Angela Merkel considerou ser necessário dar ao “mundo digital um quadro jurídico, uma ordem subjacente”. Para a governante “estamos apenas no início” desse processo e “as leis nacionais por si só não serão suficientes”.
Restringir a acumulação de dados pode não ser mais a abordagem mais correcta advertiu, no entanto, Dieter Kempf , presidente da Associação Alemã para as Tecnologias da Informação, Telecomunicações e Novos Media (Bitkom). “Temos de nos questionar se a abordagem à protecção de dados, com esforço para limitar a recolha de dados pessoais poderá aplicar-se no mundo digital”, defendeu.” A negação categórica poderá ser popular, mas não faz justiça à abordagem digital”.
Aqueles que querem usar os nossos dados pessoais devem protegê-los, disse Kempf, sugerindo a utilização de mais TI para ajudar a resolver o problema de privacidade que elas criaram. “Com a ajuda de sistemas anonimização, por pseudónimos, uso da privacidade desde a concepção, de medidas organizacionais e de novas tecnologias, como a criptografia homomórfica será possível aumentar a protecção de dados para graus excepcionalmente elevados”, sustenta.
Stephan Weil, ministro-presidente do Estado alemão da Baixa Saxónia, , também evocou as “dimensões éticas e morais de privacidade e protecção de dados. “Na União Europeia vamos precisar rapidamente de ter regras normalizadas para termos em todos os sítios um alto nível de privacidade de dados. Nas conversações sobre o livre comércio com os EUA, as normas europeias têm de ser a referência”.
Mesmo Martin Winterkorn, CEO da Volkswagen, expressou preocupações sobre a possibilidade de carros computadorizados e com capacidades de comunicação se tornarem uma ameaça à privacidade dos dados dos seus condutores. “Nós protegemos os nossos clientes contra todos os tipos de riscos e perigos na estrada. Precisamos de ser igualmente responsáveis na protecção dos nossos clientes contra o uso indevido dos seus dados pessoais”, considerou. No entanto, ele rejeitou a ou ideia de se implantar um “Estado ‘baby sitter’ ou Big Brother”.
Para evitar a monitorização intrusiva de condutores ‒ e uma regulação do governo invasora ‒ apelou aos fabricantes de automóveis para concordarem sobre normas comuns em matéria de privacidade de dados: “É necessário uma forma de auto-regulação da indústria automóvel”.
Apenas o primeiro-ministro britânico, David Cameron, pareceu determinado em fugir à guerra contra a privacidade. E com suas primeiras observações, ele deu logo a impressão de alguém distante das preocupações dos europeus: procurou brincar com a peça de entretenimento apresentada para o arranque da cerimónia, na qual um actor interagia com um robô ao som de música de violino, considerando que para ela era entretenimento típico de noite de Domingo.
No entanto não deixou de sugerir à Alemanha uma nova aliança entre os países, baseada nas empresas inovadoras do Reino Unido e as competências das alemães, no fabrico industrial.